capítulo quatro

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Após comermos tudo aquela coisa grudenta chamada de brigadeiro, lavamos o recipiente que comemos. E Enid veio me mostrar um vídeo, nada muito interessante, sobre as novas falas na atualidade, e que linguagem mais...ahm...moderno e como posso dizer, fascinante... é, fascinante.

Me disse que começaria a praticar aquela fala e agir mais como a atualidade, e eu achei estranho, eu sempre acho isso estranho, as pessoas querem se encaixar em um mundo, que não são pra elas. Tudo isso pra agradar a sociedade que te julga até pelo seu andar.

— vou começar a praticar, hoje ainda! — sorriu e bateu palmas anotando em um caderno.

— Enid, para que quer falar esse tipo de vocabulário?

— tá na moda, todo mundo fala, menos nós, de nunca mais! — me olhou com olhar de julgamento.

Respirei fundo.

— é como eu sempre digo, vc não é todo mundo!

— Wandinha, a gente age como os grandalhões da caverna.

— homens da época antiga!

— os caras da caverna! — ficou séria.

— bom, não vou atrapalhar seu estudo.

— prática comigo.

— não sou professora.

— credo Wandinha, é só olhar pra ver se eu tô falando certo.

— olha vc mesma.

— isso significa que eu não tô aprendendo e sim colando! — pegou o caderno e o fechou.

Fui até minha parte do quarto e sentei em minha cama macia.

— Wandinha... — veio de mancinho.

— não, e não!

— eu faço o que vc quiser!

Pensei.

— até arrumar um encontro comigo e o Xavier?

Ela fechou as mãos.

— não, eu estudo sozinha! — saiu de perto.

— uma mão lava a outra Enid.

— e eu sei lavar sozinha! — falou com mal criagem.

— okay... — me deitei em minha cama e abri o aplicativo de vídeo.

É cada coisa escandalosa nessa plataforma, é danças, se fosse comigo me daria uma dor nas costas e uma torci colo, e culinária, eu na cozinha atacaria fogo em tudo, muita coisa, até interessantes.

Enid veio devagar até mim, e se deitou em meu lado, ficou em silêncio por uns vinte minutos.

— eu ajudo.

— ótimo, fizemos um trato, eu ajudo vc com suas aulas de linguagens nada educativas, e vc me ajuda no encontro com o Xavier!

— eu vou me arrepender!

— todos se arrependem de algo.

— poisé — ficou me olhando.

Olhei pro teto, vi as aranhas fazerem suas casas, teia...por...teia.
A noite chegou, e já era tardão da noite, Enid já estava dormindo, mãozinha dentro da gaveta, e eu estava na sacada do nosso quarto olhando para o escuro, e poucas luzes da escola.

— Wandinha? — ouço a voz melancólica vindo do nosso quarto.

— achei que estivesse dormindo.

— perdi o sono — se pôs ao meu lado.

Depois das férias - wenclair +18 CONCLUÍDO ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora