Rosa 🌸

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- Jenne, espero que não se importe, peguei o número do seu telefone na lista de chamadas no dia em que você ligou para Emmy - Ana, mãe de Emmy, explicou, enquanto conduzia Jenne para a sala de estar - você sabe como é, tenho que saber com quem minha filha anda.

- Eu entendo - Jenne disse, sentando-se no sofá indicado pela mulher. Ana sentou-se no sofá de frente para ela.

- Como eu ia falando, por muito tempo, Emmy foi sozinha no internato. Ela não tinha amigos, muito pelo contrário, tinham essas crianças... maldosas, que insistiam em mexer com Emmy, mesmo ela nunca tendo feito nada para nenhuma delas - Ana pigarreou, como se aquele fosse um assunto difícil para se falar - teve um ano em que algumas alunas fizeram uma aposta, onde uma das garotas fingiu por semanas querer ser amiga de Emmy e foi a primeira vez em que a vi realmente empolgada em estar no internato, para no fim, a garota apenas pegar o diário de Emmy e ler na frente de praticamente todas as garotas da sala, o segredo que ela mais tem insegurança em contar.

- Que babacas - Jenne constatou, desejando nem imaginar tudo pelo que Emmy passou no internato.

- Isso só aumentou as inseguranças de Emmy, não só no internato, mas em casa também. Ela tinha crises de pânico, pedia para não ir mais para lá, queria ficar o dia inteiro no quarto. Foi quando Lily entrou em Saint Eilish, ela de cara simpatizou com Emmy e começou a defendê-la das pessoas que queriam o mal de Emmy. O bullying não acabou, mas diminuiu significantemente - Ana fez uma pausa, refletindo sobre o que estava falando - sabe, eu nunca quis colocar minha filha num internato, mas ela precisava, para fazer amigos, coisa que nunca teve quando pequena e estava afetando significantemente sua vida, ela estava parando de falar, ficou muito fechada em seu próprio mundo, por isso escolhi o melhor internato, mas até no melhor, coisas ruins aconteceram.

- O que a diretora Lucy diz sobre isso? - Jenne não pôde deixar de perguntar.

- Que é um caso isolado. Que não acontece outros casos como esse na instituição. Que como Emmy não quer se pronunciar, ela não pode fazer nada a respeito.

- Emmy nunca quis se pronunciar?

- Não - Ana passou a mão pelos cabelos - ela me contava tudo, mas quando chegava na frente da diretora, ela ficava muda.

- Ela devia ter medo - Jenne imaginou.

- Foi o que eu pensei também.

- Mas continue - Jenne pediu, se dando conta que tinha interrompido a história - continue a história.

- Emmy demorou a confiar em Lily, principalmente depois de Lily começar a namorar Leah, mas com o tempo, as três viraram amigas e essa amizade vem de anos. As meninas tem um instinto fraterno para com Emmy. Lily até pediu para mudar para o quarto de Emmy em certo ponto. Elas têm uma amizade bonita e eu gosto disso. Peço para Emmy chamá-las aqui para casa sempre, contei tudo sobre Emmy para as garotas. Estava tudo bem - Ana fitou Jenne bem no fundos dos olhos - aí você chegou.

Jenne arregalou levemente os olhos, levando aquilo como alfinetada.

- Não me leve a mal, Jenne - Ana levantou, sentando-se dessa vez ao lado da garota, pegando suas mãos - mas você não sabe nada sobre minha filha.

- Perdão, dona Ana - Jenne puxou suas mãos, não gostando nem um pouco do rumo que aquela conversa estava tomando - mas eu creio que esteja equivocada. Posso não saber tudo sobre Emmy, mas as pessoas não sabem tudo umas sobre as outras da noite para o dia, é convivendo que se conhece. São assim que as relações acontecem, inclusive.

- Mas é aí que está o problema, Jenne. Você não é uma amiga como Lily ou Leah. Emmy começou, há meses, a falar sobre essa garota que a observava enquanto ela desenhava no refeitório e, desde o início, o jeito que ela falava de você era... diferente.

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