Azul II 💎

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- Vocês não cansam dessa rotina de todo dia vir aqui, a Emmy desenhar e a Jenne olhar? - Nina provocou, sentando-se à mesa, no refeitório, com Emmy, Jenne, Lily e Leah.

- Você não via como Jenne vivia olhando para Emmy antes delas se falarem pela primeira vez? - Lily prosseguiu com a brincadeira - aqui é o sonho dela se realizando.

- Emmy é o meu sonho se realizando, sim! - Jenne deu de ombros.

- Cruzes - Leah fingiu um calafrio - isso foi meloso demais, até para mim.

- Hey! - Emmy reclamou - por que vocês não vão zombar de outra pessoa? - a garota então parou para pensar um pouco no que disse e prosseguiu - oh, não, isso seria igualmente ruim, não zombem de ninguém. É! Por que vocês não param de zombar das pessoas?

- Porque aí não teria graça nenhuma - Lily riu, bagunçando os cabelos de Emmy, que cruzou os braços.

- Hoje vocês vão fazer a gente se arriscar de novo com a professora Florence, então podemos zoar vocês à vontade - Nina disse, se referindo a troca de quartos, que aconteceria novamente àquela noite.

- Pois é - Leah disse - ninguém troca de quarto comigo para que eu possa dormir com a Lily.

- Ninguém tem culpa se sua colega de quarto é a pessoa mais ranzinza de toda a escola - Jenne respondeu, fazendo todas na mesa rirem.

- Pois é - Leah continuou - ela nunca aceitou trocar de quarto com a Lily e, ainda por cima, disse que contaria à professora Florence se eu trocasse com a Emmy. Que vida injusta!

- As pessoas gostam de preservar sua moral - Emmy disse - moral, conjunto de valores, individuais ou coletivos, considerados universalmente como norteadores das relações sociais e da conduta da pessoa - explicou, fazendo Leah e Lily a fuzilarem com os olhos.

- Você não quer saber de moral quando te convém, não é, Emmy? - Leah se irritou, fazendo Emmy arregalar os olhos.

- Hey - Jenne tentou acalmar os ânimos - você sabe que ela não fala por mal, não é?

- Sei - Leah fitou Emmy, que fazia beicinho - pentelha.

- Não liga para ela, amor - Jenne sussurrou no ouvido de Emmy - esqueci de te contar, já comprei as besteiras para a gente comer essa noite, vamos comer muita porcaria. Claro, depois de nos beijarmos até dizer basta.

- Depois de nos beijarmos até dizer basta - Emmy repetiu, em alto e bom tom, atraindo a atenção das outras três garotas.

- Guardem as intimidades de vocês para a noite - Nina reclamou.

- Jenne, ela é apenas um bebê! - Lily continuou.

- Tão, tão meloso! - Leah concluiu.

- Escolher a pessoa com quem você quer dividir a sua vida é uma das decisões mais importantes que qualquer um pode fazer, sempre - a cena do filme "simplesmente acontece" passava na tela do notebook, enquanto Jenne e Emmy assistiam aninhadas uma na outra - porque, quando dá errado, deixa a sua vida cinza, e às vezes, às vezes você nem nota, até você acordar numa manhã, e perceber que anos se passaram. Nós dois sabemos o que é isso, Alex. Sua amizade trouxe um colorido novo a minha vida, e esteve comigo nos momentos mais difíceis, e eu sou a pessoas mais sortuda do mundo por essa dádiva. Espero ter sabido dar valor, mas talvez, não tenha dado...

Emmy apertou pause no filme, fitando Jenne.

- Isso nunca vai acontecer com a gente, não é?

- Isso o que? - Jenne perguntou.

- De mesmo as duas se amando, uma deixar a outra ir.

- Claro que não!

- Porque às vezes você não vê que a melhor coisa que já aconteceu a você está ali, debaixo do seu nariz - o filme continuou depois de Emmy dar play - mas tudo bem também, é... tudo bem, porque eu percebi que... não importa onde esteja, ou o que esteja fazendo, ou com quem esteja... eu vou sempre, com toda força, verdadeiramente, completamente, amar você.

Emmy deu pause novamente.

- Você vai querer casar comigo?

- Eu vou, claro - Jenne respondeu - você é o amor da minha vida, mas não do tipo trágico, como você lê nos livros ou assiste nos filmes, nosso amor é leve, suave, alegre, muito alegre, do tipo que não deixa ir.

- Como uma bolha de sabão? - Emmy perguntou, fazendo a analogia perfeita.

- Como uma bolha de sabão - Jenne confirmou - mas que não estoura nunca. Quer saber? Deixa esse filme para lá, já assistimos ele tantas vezes mesmo.

- E o que vamos fazer agora? - Emmy perguntou, fechando o notebook e colocando de lado, na cama.

- O que você quer fazer?

- Beijar você - Emmy respondeu, abrindo um sorriso travesso.

Jenne ajudou Emmy a deitar na cama, se debruçando por cima dela.

- Você... - Jenne beijou a testa de Emmy - é... - um beijo na bochecha - a coisa... - um beijo na outra bochecha - mais preciosa... - um beijo no queixo - que eu tenho - um beijo na boca.

Emmy fitava Jenne com atenção, os olhos azuis enchendo de lágrimas de alegria com a brincadeirinha da outra. Haviam momentos em que brincavam como se fossem crianças, Emmy gostava daquilo.

- Eu te amo, Emmy - Jenne deixou um selinho demorado na boca de Emmy, se afastando apenas para contemplar o rosto da outra - hey, você está chorando? - os azuis brilhavam.

- Não, é só que eu te amo tanto - Emmy foi sincera, pois era aquilo que estava sentindo.

Jenne secou os olhos de Emmy, antes de voltar a beijá-la. O toque quente dos lábios uma da outra era a sensação preferida delas agora. Jenne entreabriu a boca e puxou Emmy pela cintura, como se cada centímetro distante atrapalhasse aquela sincronia.

Naquele momento não sabiam, mas aquela noite seria a primeira de suas vidas em que fariam amor.

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