Laranja III 🍊

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- Eu não sei o que fazer! - Emmy se encontrava jogada em sua cama, dramaticamente. Ela e Jenne estavam em sua casa, pesquisando universidades para se inscrever.

- Você não é obrigada a se inscrever agora, amor - Jenne estava sentada ao seu lado, com o notebook no colo.

- É que parece que eu não me encaixo em nenhum curso.

- Tenha paciência, você não precisa saber o que fazer da sua vida hoje, isso é muita responsabilidade. Você não tem que decidir tudo agora, você só precisa ser esperta para saber que tudo tem seu tempo - Jenne pareceu pensar - e quer saber? A resposta nem sempre estará numa universidade, você pode fazer exposições com suas pinturas, imagina...

- Sério? - Emmy sentou, a mente fervilhando com a nova possibilidade - você acha que eu consigo?

- Eu tenho certeza que você consegue.

- Uau, eu consigo, eu consigo mesmo! - Emmy sacudiu as mãos em animação - eu vou pensar sobre isso.

- Pense sobre isso.

- E você? O que vai fazer?

- Bem - Jenne respondeu - eu estava pensando em me inscrever em Psicologia na Universidade de Vermont.

- Onde fica?

- Em Burlington, a 50 minutos de Jericho - respondeu, vendo a imagem do prédio laranja na tela do notebook, se imaginando lá.

- A 50 minutos de Jericho - Emmy repetiu.

- Sim, algum problema?

- Algum problema? - Emmy continuou repetindo.

- É, senhorita ecolalia - Jenne passou a mão pelo rosto de Emmy - algum problema?

- Você não vai se distanciar de mim, não é? - Emmy perguntou, em preocupação.

- Eu prometo que vou continuar vindo te ver todos os dias.

- De mindinho? - disse, estendendo o dedo.

- De mindinho - Jenne cruzou o dedo com o da outra, comprometendo-se com a outra, que era tão boa em gravar palavras, especialmente quando se tratava de promessas.

- Tá ok - Emmy sorriu, mas mais uma preocupação pareceu aferventar seus pensamentos - e se tiver uma garota que desenhe lá?

- Definitivamente não vai chamar minha atenção.

- Bom - Emmy disse, satisfeita - por que Psicologia?

- Quero trabalhar com pessoas com autismo - Jenne confessou.

- Sério? - os olhos de Emmy resplandeceram para a ideia.

- Sim.

- Então, o que está esperando, sua boba? Faça sua inscrição.

Durante o restante da tarde, Jenne fez sua inscrição na Universidade de Vermont, os muros laranjas que a aguardassem. E Emmy fez Jenne prometer mais um monte de vezes que viria visitá-la todos os dias se fosse aceita. As promessas faziam as duas confiarem ainda mais uma na outra e isso tornava o processo de mudanças um tanto quanto mais fácil.

- Emi! - Jenne bateu na porta da casa de Emmy com urgência - Emi!

Alguns dias haviam se passado desde que Jenne havia se inscrito na universidade.

Emmy correu para abrir a porta, amava o som de Jenne chegando em sua casa, mas preocupou-se com a pressa com que a outra batia na porta.

- Emi! - Jenne bateu mais uma vez.

- Namorada! - Emmy finalmente abriu a porta - o que houve?

- Primeiro, eu estava sentindo sua falta. Segundo, eu consegui!

- O que? - Emmy perguntou, sem entender do que se tratava.

- A Universidade de Vermont - Jenne explicou - eu consegui! Eles me aceitaram!

- Wow, Jen! Isso é incrível! - Emmy disse, pegando a namorada pelos ombros e sacudindo - já sei! - Emmy disse, repentina.

- O que? - Jenne riu.

- Que tal se a gente comemorar hoje à noite?

- Sua mãe não é muito fã de que eu durma aqui - Jenne respondeu, desanimada.

- Eu posso sair pela janela do quarto - Emmy sussurrou.

- Você está ficando maluquinha? - Jenne riu.

- É sério - Emmy disse com seriedade - vamos sair hoje? Eu não aguento mais ficar aqui.

- Amor, é muito arriscado - Jenne disse, no fundo considerando a proposta.

- Desde quando você se importa com riscos?

- Desde quando sua mãe tem o poder de me proibir de te ver.

- A mamãe não faria isso.

- A mamãe não faria o que? - Ana apareceu de repente, assustando ambas as garotas.

- Emmy estava contando que na primeira vez que eu vim aqui, foi ela quem preparou todo o lanche - Jenne inventou. Não sabia a qual intervenção divina deveria agradecer, mas a mentira surgiu em segundos - que a senhora não faria o lanche no lugar dela e daria os créditos a ela de novo.

- Ah sim - Ana riu - eu costumava fazer isso quando era com Lily e Leah, mas depois ela aprendeu a fazer por contar própria, não é, filha?

- Não é, filha? - Emmy repetiu, nervosa pela mentira.

- O que você ia me mostrar no seu quarto mesmo, Emi? - Jenne perguntou, numa tentativa fracassada de sair de onde estavam. Se arrependera no mesmo momento, quando lembrou que Emmy era praticamente incapaz de mentir - ah sim, eram seus desenhos novos - Jenne continuou - vamos. Foi bom te ver, dona Ana!

Jenne puxou Emmy pela mão, arrastando-a para o quarto.

- Viu? Se você não consegue nem mentir, como vai fugir de casa e fingir que isso não aconteceu? Não daria certo - Jenne exasperou.

- Hum - Emmy aceitou o fracasso, enchendo os olhos d'água.

- Hey, hey - Jenne se aproximou de Emmy, abraçando-a - desculpe, eu não quis ser rude. Mas é que pensar na possibilidade de sair escondido da sua mãe me deixa muito ansiosa.

- Por minha culpa - Emmy se lamentou - eu sou uma boba.

- Não diga isso - Jenne se afastou, deixando um beijinho no rosto de Emmy - quer saber? Nós vamos sair hoje! Vou te levar para algum lugar especial hoje à noite. Não, não, não. Quer saber? Vou te levar para vários lugares especiais e não vai ter ninguém para nos impedir.

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