- Eu não sei se estou preparada! - Emmy deu pulinhos contidos de alegria - é muita aventura!
- Já passamos o plano diversas vezes, não foi? - Jenne respondeu pela incontável vez - vai dar tudo certo.
Tinham se passado mais de três meses desde que Emmy tivera a convulsão. No dia seguinte ao acontecimento, a garota foi levada ao médico, que confirmou que a convulsão foi efeito colateral do traumatismo craniano.
Exames foram feitos e o diagnóstico logo saiu: epilepsia pós-traumática.
O tratamento era o mesmo para os quadros convencionais, ou seja, Emmy só precisaria de alguns medicamentos, as chamadas drogas antiepilépticas, eficazes em 70% dos casos. No caso da garota, por sorte, estava sendo eficaz e as crises não voltaram a se repetir.Agora Emmy estava no quarto de Jenne numa aventura, a missão era simples: trocar de quarto com Nina, para passar a noite com Jenne, sem que a professora Florence, responsável por verificar se todas as garotas estavam nos quartos às 21h, percebesse.
- E se ela quiser falar comigo? - Emmy cogitou, nervosamente.
- Ela não vai querer falar com você. Você vai estar na cama da Nina, fingindo ser ela e que foi dormir mais cedo porque não estava se sentindo bem.
- Está bem - Emmy respirou fundo - eu sou a Nina e fui dormir mais cedo porque não estava me sentindo bem.
- Mais alguma pergunta?
- E se ela pedir para Lily para falar comigo?
- Nina vai estar deitada na sua cama, Lily vai dizer que você foi deitar mais cedo porque estava se sentindo cansada.
- Ok, são 20h:57, se ela passa às 21h, faltam apenas três minutos - Emmy falou, balançando Jenne pelos ombros.
- Isso aí, Emi - Jenne abraçou Emmy, alisando suas costas - tenha calma, ela nem vai perceber.
- Você tem razão, ela nem... - mal deu tempo da garota terminar de falar, que foram ouvidas batidas na porta. Jenne fez gestos frenéticos para que Emmy fosse deitar, e assim Emmy o fez.
- Já vai - Jenne disse, desajeitadamente, enquanto arrumava Emmy na cama.
Foi em direção à porta e abriu.
- Boa noite, professora Florence.
- Boa noite, Jenne - a professora pareceu analisar dentro do quarto - onde está Nina?
- Ah, ela está ali na cama dela, não está se sentindo muito bem.
- Oh, não, Nina - Florence respondeu - o que você tem?
- Sssshh, ela acabou de pegar no sono. Dor de cabeça muito forte, sabe como é.
- Oh sim - a professora respondeu - coincidentemente, Emmy também não está se sentindo muito bem hoje.
- Sim, Lily me disse.
- E você? Precisa de alguma coisa?
- Não, não, professora. Muito obrigada.
- Tá ok. Vou indo, Jenne. Boa noite. Se precisar de remédios para Nina, é só ligar na enfermaria.
- Obrigada, professora. Tenha uma boa noite - Jenne se despediu, fechando a porta.
- Oh. Meu. Deus! - Emmy saiu do meio das cobertas - eu achei que fosse morrer!
- Eu achei que fosse morrer! - Jenne colocou a mão no peito.
- Agora eu posso passar a noite inteirinha com minha namorada.
- E eu com a minha - Jenne brincou.
- Hey, eu tenho uma coisa para você, Nina deve ter deixado no closet - Emmy se direcionou ao closet, voltando alguns segundos depois com algo escondido atrás das costas.
- O que é?
- Não é nada demais - Emmy falou, tirando o pequeno buquê de lírios rosas e entregando para Jenne - são lírios, eu gosto do significado.
- São lindos - Jenne pegou, encantada - e cheirosos. Qual o significado?
- Te desafio a me amar.
- O que?
- Te desafio a me amar, esse é o significado.
- Oh, sim - Jenne refletiu, pensando no porquê de Emmy ter dado uma flor com tal significado para ela - eu amei, amor, obrigada.
Jenne colocou a flor em cima da mesa de escrivaninha, puxando Emmy inicialmente para um abraço.
- Hey - Jenne cochichou, com Emmy aninhada em seus braços.
- Hey - Emmy cochichou de volta.
- Posso te beijar?
- Pode - Emmy sorriu, timidamente. Jenne pegou seu rosto com as mãos, fazendo um carinho na bochecha, essa era uma das raras ocasiões em que Emmy fazia contato visual por um tempo mais prolongado.
- Eu amo quando você me olha nos olhos - Jenne disse, capturando os lábios de Emmy com ternura, que retribuiu o beijo com deleite.
Jenne sentiu quase com adoração o beijo ser aprofundado, a língua pedindo permissão para explorar a boca da outra.
- Nós vamos fazer sexo? - Emmy perguntou, interrompendo o beijo.
- O que?! Não! Quer dizer, não agora! - Jenne gaguejou.
- Por que?
- Porque ainda não estamos prontas, eu acho.
- Eu pesquisei sobre namoro e o resultado foi que a intimidade do casal é algo profundamente pessoal e todos devem se sentir livres para se entregarem aos prazeres da carne, quando quiserem e sentirem necessidade - Emmy disse, simplesmente.
Jenne não podia estar mais vermelha.
- Eu sei, amor. Mas essas coisas levam tempo. Temos que estar preparadas e...
- Você não sente necessidade? - Emmy perguntou.
- Não é isso, é que...
- Então, você sente?
- Sinto, claro.
- E como é?
- Sensações no corpo quando te beijo.
- Eu também sinto.
- Eu vou pensar nisso, ok?
- Tudo bem - Emmy deitou na cama, abrindo um salgadinho, como se tivessem acabado de falar do assunto mais simples do mundo - que filme vamos assistir hoje?
- Pode escolher - Jenne disse, ainda atônita.
- Você não vem para a cama? - Emmy perguntou.
- Claro, claro.
Filme escolhido e assistido, Jenne se encontrava com uma Emmy aconchegada em seu peito, já dormindo, acabando com os planos de virarem a noite acordadas.
Pensou nos lírios que ganhara. Te desafio a me amar. Que bobeira, pensou, muita bobeira.
- Já faz tanto tempo que eu te amo - confessou para a garota adormecida.
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Colors
RomanceJenne e Emmy estudam num internato para garotas. Jenne é apaixonada pelo mundo de Emmy, enquanto Emmy vive em seu próprio mundo. Enquanto Emmy passa as manhãs desenhando no refeitório, Jenne a assiste como se fosse o último filme que fosse ver em su...