12- a morte é tão doce, não é?

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Eu sabia que estava sendo imprudente. Em todos os sentidos. Havia uma guerra acontecendo e eu era a rainha de uma dos lados, deveria estar lá, cuidando do meu povo. Mas não era isto que eu estava fazendo a quatro dias? Matando as pestes que o feitiçeiro soltou em pryntian como se fossem barquinhos de papel em um rio prontos para poluir? Havia tantos... Deuses eu matei mais de trinta deles nos últimos dias. O que eu estava fazendo não era totalmente imprudente então. Porque famílias viviam em vilarejos próximos, crianças feericas. A corte outunal era a que mais encontrei daqueles demônios. Tantos... Tão próximos do castelo que eu não entendia como eles não notavam. Como ia a aliança deles com Rhys para apoiar a guerra? Será que eles sequer notaram que não tinham escolha a não ser lutar.
Comi a cocha do coelho assado que caçei a horas atrás, a noite estava clara hoje. E nenhum som era ouvido próximo as árvores que me rodeavam. Pelos deuses o que eu estou fazendo aqui? Koschei poderia... Não. Koschei não fez nada dês de seu último ato que deixou um oco no meu peito. Os ventos me diriam se algum estrago pelo mundo fosse feito.
Agora eu me encontrava na corte Diurna. E rezava para que os feitiços do grão senhor Helion não fossem tão evoluídos a ponto de encontrar pessoas que não são de sua corte em seu território. A última coisa que gostaria agora, seria uma briga com algum grão senhor, exceto Tamlim, ele eu socaria a cara com gosto.
Como faríamos sem Breagon agora? Como eu faria sem ele agora? Ah deuses seria tudo tão mais simples se eu simplesmente explodisse todas as terras humanas e levasse koschei junto. Mais isso tiraria inúmeras vidas inocentes, mais do que se pode contar em um dia, semanas ou em um mês. E estaria fora de cogitação mexer no equilíbrio desta maneira.

- ah, oi.

Murmurei para a silhueta a minha frente, a coisa se remexeu em inquietação. Como se surpresa por eu notar sua óbvia presença para os meus sentidos naturais. Um suriel com uma capa bem gasta sorriu no escuro e caminhou para frente.

- não é muito tarde para estar perambulando por pryntian, vossa majestade.- fez uma linda reverência e se manteve distante.

Cautela brilhava em seus olhos e eu dei um sorriso preguiçoso de lado.

- devo satisfação as minhas aberrações de por onde ando perambulando agora ?

- de maneira nenhuma. Só imaginei que estivesse descansando mesmo e como estou apenas de passagem, não podia deixar de cumprimentar minha rainha.- encarei seus olhos feios e ele sorriu.- E dizer que sinto muito por...

O som de uma espada cortando o vento e não mais que um segundo depois a cabeça do suriel rolou enquanto seu corpo caiu de joelhos e em seguida para frente. A reveladora da verdade já era limpa por seu dono. Eu apenas encarei a cena com desdém.

- não me importo se essas pragas são suas, esta,- ele apontou para o corpo no chão.- matou uma família em um vilarejo próximo daqui, um que está em uma corte muito familiar e que você não dá sinal a semanas.

Sim, deuses faziam semanas que eu nem sequer me importei de ir atrás dele, eu não me importava com nada. Nada. Tudo que eu queria era a cabeça de koschei em uma bandeja para eu entregar a minha mãe e em seguida mata-la.
Tirei outro pedaço do coelho do espeto e começei a comer em silêncio, Azriel ainda me encarava como se eu fosse uma ameaça.
Tirei outro pedaço do coelho e começei a comer, encarando os gravetos do fogo começarem a sumir, o fogo que fiz com dois galhos. Sobrevivência também era uma das aulas em megrathina.

- pelos deuses fale o que diabos está acontecendo com você!- exclamou o encantador de sombras.

E eu sabia que ele não era muito de falar, não com muita gente em volta. E nem comigo, eu que era insuportávelmente insistente com ele. E agora, parecia que tínhamos trocado os papéis. Eu apenas respirei fundo e tirei o olhar do fogo para o encantador de sombras adiante.
Será que sequer Rhysand tinha sentido o meu desespero pelo laço? Será que... Ah deuses ele não me procurou. Na semana em que estive presa na tenda e nem nesses últimos quatro dia pryntian a dentro. Rhysand não veio, ele não... O grão senhor não se importava. Ou talvez estivesse ocupado demais para tentar me procurar.

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