26- parceira

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Dei outro soco, Azriel já estava com a boca cortada e a lateral de sua barriga roxa. Ele não deu sinal que revidaria e ainda estava decidindo se aquilo me irritava mais ainda. Rosnando, dei mais um soco no seu abdômen perfeitamente formado por músculos.
Ele ofegava, e eu também, estava a bons dez minutos apanhando sem dizer nada, sem revidar. Empurrei ele contra a parede e ele me olhou, me olhou de verdade e senti meu estômago se revirar, como sempre revirava. Aquilo não era meu estômago revirando, era o laço, o maldito laço que nos ligava eternamente.

- parceiro?- gritei rosnando.- parceiro?

Ele me encarou mais um minuto sem responder, então sombras agarraram meus pulsos, sufocando as chamas e suas mãos cicatrizadas envolveram meus braços quando ele me apertou.

- eu ia te contar.- ele respondeu em um tom igualmente alto.

- quando, Azriel? Quando?-minha garganta se fechou.

Vi seus olhos lacrimejarem em meio às sombras que rodopiavam a ele, a mim, ao quarto todo. Mordi minha boca por dentro com força, sentindo a dor e o gosto metálico dourado que sabia que escorria.

- eu só... precisava de mais tempo.

Eu estava prestes a explodir, estava prestes a me tornar mil pedaços inúteis e desmoronar no chão.

- não tinha esse direito, você não tinha esse direito, inferno!- esbravejei tentando me soltar para bater nele de novo.

Meus braços não se moveram quando ele intensificou o aperto e as sombras me agarraram mais forte.

- me solte!

Ele comprimiu os lábios, ergui minha cabeça para encarar de igual a igual ele, tão pequena comparada a ele em altura. Minha garganta se fechou quando encontrei os olhos avelãs, meus. Aqueles olhos eram meus, um espelho do que eu seria se não uma rainha, se não uma dragão, se não uma natural.

- você pode me dar uma surra de novo, pode me matar Diana, eu não ligo. Mas não se machuque.

Ele olhou diretamente para a minha boca, ele sentiu o cheiro, a dor? Até onde nosso laço nos unia?

- quanto tempo?- perguntei depois de um minuto perdida em seus olhos.- a quanto tempo você sabia?

- dês do dia da floresta em que te procurei incansavelmente até lhe encontrar.

Balancei a cabeça negando e tentando me soltar.

- Desgraçado!- gritei e as lágrimas caíram como uma cachoeira em meu rosto.- maldito desgraçado!

Me rebati em seus braços, em suas sombras. Meus olhos se iluminaram de poder e as sombras só se afastaram um centimetro diante da luz.

- você mal era carranam de meu irmão, como eu poderia te contar? Tudo que você tem passado como rainha, como uma rainha é parceira de um mestre espião de uma corte?

Gritei algo, não sabia oque era, mas as sombras recuaram e seus braços permaneceram. Dei um empurrão nele e me virei de costas me soltando, caminhei até a cama e ergui os joelhos o abraçando.
Azriel escancarou a boca para as sombras, como se tentasse entende-las. Ele olhou para mim em seguida, e caminhou até mim, se ajoelhando a minha frente.

- por favor, olhe para mim.- continuei encarando a ponta de meus dedos.- Diana, eu não aguento.- ele engoliu em seco.- não aguento isso, olhe para mim, você é tudo. Tudo que eu tenho, tudo que me importa. Eu não consigo suportar você... Nem sequer conseguir olhar para mim. Eu aceito socos, chutes, tudo. Mas não me exclua, não me elimine de sua vida, por favor, eu te amo princesa.

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