Capítulo 8

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Matheo corre até Jane, a segurando pelos pulsos - Retire aquele 'boop' agora mesmo! - Ele fala, fazendo Jane rir.
- Mas- Jane é interrompida por um trovão, que faz os dois olharem para cima e de volta para eles.
- Melhor fazer isso la dentro - Matheo diz, levando Jane pela mão até a casa.
- Sabe que não vou né? - Jane diz, após soltar a mão.
- É, sim, tá.
Eles entram na casa, ensopados, barrentos, molhando o chão todo.
- Ai, é mais trabalho pra mim - diz Jane, sabendo que vai ter que limpar isso depois. - Se eu tivesse uma ajuda pelo menos? - Ela vira para Matheo, que sobe os ombros com um sorrisinho.
- Eu provavelmente só atrapalharia. - Ele sorri para Jane, que o encara como " >:( "
- Tá bom, tá bom! Deixa eu só tirar essa roupa.
- Ah, tu mal ta usando alguma coisa! Só essa camisa e uma calça.
- Tem mais do que só isso mas eu não vou discutir. Você usa essas coisas porquê quer!
- Ah, tem que fazer direitinho - Jane sorri docemente, e Matheo ri.
-Bom, vou subir pro meu quarto, se eu tirasse a roupa aqui você não resistiria. - Matheo brinca.
-Aaaha tá. - Jane da um tapinha nas costas de Matheo.
Eles sobem até o andar dos quartos, com Jane entrando no seu e Matheo no dele.
Matheo retirara os sapatos apenas para sucumbir ao desconforto e a agonia de usar meias ensopadas.
Jane desabotoava seu 'corset cover' o mais rapidamente possível, pois usar o espartilho molhado não era muito legal.
...
Mais tarde, ao breu da noite densa, cujo céu constantemente se iluminava por raios,
Os dois perdidos, mais que colegas de casa, agora amigos, descem as escadas casa, em suas roupas de dormir.
- Você não vai dormir? - Matheo pergunta.
- Nah, ta muito cedo ainda... - Jane, que segurava uma vela em um pratinho, vira para Matheo. - E também não confio em ti.
- Oque? Por quê? - Matheo olha para o chão, tentando entender o porquê.
- Daqui a poucas horas será primeiro de abril. Não quero ficar vulnerável. - Jane sobe e desce os ombros, de um jeito debochado.
- Ah - Isso agora fez sentido para Matheo. Que sorri olhando para a parede, pensando.
- Se for assim eu não confio em você também, Janie.
Jane solta um longo suspiro.
- É Jane, viu? - Ela se vira, quase batendo o pratinho no rosto de Matheo, que recuou a tempo. - Se fala 'Dien', não 'Dieini'!
- Tch, mesma coisa. - Matheo diz, ultrapassando Jane e seguindo pelo escuro.
- Vem logo, não da para enxergar - Ele diz.
- Hmpf, ok então, Matt. - Ela responde.
- Ahá, jokes on you, Eu não me importo de ser chamado assim.
- Nem de Matty? - Jane tenta, e Matheo só balança a cabeça para os lados, negando.
- Marty? - Ele nega. - Mmma... Maricas? - Ele nega. - Argh - Jane se sente meio derrotada, não achando nada que possa incomodar Matheo.
- Vamos, esquece isso. - Matheo, parado no meio da sala, olhava para a pré-adolescente na escada, de camisola branca e iluminada por uma luz laranja de uma vela inquieta.
- Ok! Eu desisto. - Jane chega até Matheo, que sorri.
- Senta aí, Mateus.
  O sorriso de Matheo cai, o deixando igual uma uva passa.
  - Com toda essa chuva, ta até u... Matheo?
  - Jane aperta os olhos, tentando enxergar melhor Matheo, que cruzara os braços. - Mateus??? Sério? - Jane cai na gargalhada, deixando Matheo meio corado.
  - Aí, era um vizinho meu, sempre nos confundiam. - Ele diz. Mas acho que Jane nem ouvira, pois ria. Ria e ria que nem um surdo em pique-esconde. Ou um porco engasgado. Que seja, fez Matheo sorrir um pouquinho, ainda envergonhado por se importar ao ser chamado de Mateus.
  - Ta levanta, ja deu ja - Ele da dois tapinhas no joelho dela.
  - Ai ta... - Jane funga - ai... Pff... Haa a não da me desculpa - Ela ri.
   Matheo olha para Jane.
  - Oque que você ia dizendo? Antes de rir.
  - An? Ah, é que esse climazinho dark academia ta tri. - Jane sorri
  - ... Que?
  - Ta bem aesthetic, né? - Jane olha para cima, viajando na maionese.
  -... Que??? 'Mas da onde essa menina tira essas coisas? '- Matheo pensa.
  - Ai, mano. Não te da uma vibe bem terrorzinho clichê? Po mas tu não entende nada oque falo também né che.
  - Você que começa com essas gírias. - Matheo aponta para ela.
   Jane revira os olhos.
- Isso sign- CABRUM!!! Um raio cai, fazendo até a chama da vela tremer. Perto o suficiente para o som ser instantâneo.
  Os dois encaram a janela, depois encontram olhares.
  - Será que tem arranha céus aqui?... Com para raios... - Jane se perde nos pensamentos de uma maneira muito infantil.
  - Aenenn...
  Matheo responde com um grunhido indistinguível.
  - Pff AHAHAHHAHAHA ERA SÓ DIZER QUE NÃO SABE! - Jane ri novamente.
  - Ah mas... Ah deixa - Matheo entra na risada.
  - Ow Matheo - Jane começa.
  - Diga.
  - Me conta uma história de terror, da sua época antepasada da idade da pedra ou sei lá.
 - Você ta rindo da minha cara né? - Matheo sacode a cabeça.
  Jane puxa uma almofada, deitando no chão e balançando os pés.
- Aiai, falou a E. T. futurista. - Matheo debocha. 
- Fala logo ae, ow vovô.  
- Hmm - Matheo revira os olhos. - Uhhh era uma vez...
- Era uma vez não - Jane interrompe. - Quero uma de verdade.
- Mas oque que- Matheo aperta o nariz. - Taaaaa.
Jane sorri inocentemente.
- há muito tempo atrás, (Pra ti. Pra mim foi há alguns anos.) Existia um senhor de idade, conhecido por vagar pelas ruas vazias à noite. Diziam que ele não era de boa confiança, pois qualquer objeto deixado à mostra era levado por ele.
- Ah esse aí é o veio do saco. - Jane joga a mão no ar.
- S-saco? Mas oque q- É o Colecionador! Ahh deixa eu terminar... não quero nem saber de que saco esse veio fala. - Matheo responde Jane, que sorri, apertando os olhos.
- Diziam que ele era meio cego, e que sempre que via algum animal ou alguma criança perdida, confundia por objeto e levava.
- Moral da história, não confie em velhos. - Jane interrompe.
- Me deixa contar! - Matheo bate no chão.
- Anyways, diziam também que se algum dia, você visse ele, e conseguisse fugir, ele te seguiria, para sempre. Até conseguir te coletar.
-  Krl mlk slk o cara meteu essa mesmo dando uma de stalker.
- ?????
-... Deixa pra lá. - Jane levanta.
- Minha vez - Ela afofa o travesseiro.
- Essa é a história... do Gordo Do Obelisco - Jane faz um gesto com as mãos como se abrisse o ar. Mas antes que pudesse continuar, a vela apaga. Fuuu.
- Que isso Matheo? Para com isso cara.
- O que eu fiz? eu nem mexi nela!
- Mexeu sim! Não tem vento aqui dentro!
- Só se foi o... Veio. - Matheo sorri, mas na total escuridão não se via nada.
- Ah foi sim foi esse veio que nasceu em 1970.
- Respeito viu, jovenzinha!
- Agora la vou eu catar os fósforos. - Jane sai tocando os móveis, se guiando até a cozinha, mas logo sente algo segurar sua perna.
- ParA MATHEO! - Jane grita.
- Eu não fiz nada! - Fez sim, foi ele.
- Parou, não tem mais. Eu não gosto disso!
- Tem medo do escuro, Janie?
- Nãooo... mas para.
Matheo se lembra de seus irmãos, que sempre respondiam igual às suas brincadeiras. Nossa, como ele sentia falta deles. Até de aguentar broncas de sua mãe por ter feito eles chorar. Como ele daria tudo pra ter eles de volta...
- Ta bom, eu paro. - Matheo diz.
- hmm... - Jane tremia um pouco, nunca gostou do escuro. Era sempre nele que seu irmão a assustava.
- Ta me ajuda a achar o fósforo.

...

- Boa noite... Janie.
- Afs, boa noite, Matheo. - Jane diz, prestes a virar para seu quarto.
- Cuidado com o veio das bolas.
- Bolas?
- Ah não, saco. Eu não conheço esse ai, foi mal.
Jane sacode a cabeça, que comentário.
- Tá, tu também.
Matheo ri, e os dois fecham as portas de seus quartos.

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