Capítulo 20

10 0 0
                                        

-AI, MATHEO, PARA! POR FAVOR! - Jane fala, quase gritando, deitada no chão de grama, e Matheo a ignora. -MATHEO!!! EU NÃO AGUENTO MAIS! - Ela cobre o rosto com as mãos.
- Mas eu não terminei ainda, Janie. - Diz ele, continuando à cantar.
- AAAAHHH, DEU!!! - Jane pula do chão, apanhando o cesto com as roupas recém lavadas e correndo de volta para casa. Algumas horas já haviam se passado, agora já estando no início da tarde.
- Ah, Janie, você gostou da música, não é? - Matheo sorri, andando atrás de Jane.
- Não, eu não te aguento mais, também, guri. Faz horas que tu não para de cantar isso e tu também mal ta me ajudando.
- Ah, ta bom, bela moça, deixe-me levar esse cesto para a senhorita. - Ele se curva para Jane, pegando o cesto de suas mãos.
- Hm, tá bom. - Jane joga os ombros e continua o caminho para casa. - Matheo, eu to te ouvindo murmurando a música.
- Hehehe, foi mal... mas, IF THERE'S SOMETHING STRANGE...
- Aaaaaaaaaaah!!! - Jane fecha os olhos e cobre os ouvidos, correndo por alguns segundos.
- Matheo! Chega, por favor! Tu já conseguiu me incomodar, eu sei que era isso que tu queria, agora PARA! - Ela grita.
 Jane abre um olho de cada vez, ofegante por ter corrido, se deparando com a imensidão de árvores de onde entrara.
 - ... - Jane olha ao redor, completamente sozinha.
 - Matheo? - Ela continua, confusa. Não havia corrido por tanto tempo, pensara, e também ela já conhecera aquele trecho entre o riacho e a casa.
 - Tá, eu entendi, tu ta se escondendo e vai me assustar, não é? - Pergunta.
 Silêncio total, além do eco de sua voz e das folhas secas que balançavam e caíam.
 - Nossa, tu colocou esforço nisso, né?... Eu nem to reconhecendo essa parte do caminho, heh... - Jane leva as mãos à cintura, um pouco nervosa, mas seu orgulho não a deixaria cair numa pegadinha de Matheo. Ele já conseguira a assustar naquela manhã e isso não iria acontecer denovo.
 Jane continua olhando em volta - Aah, tanto faz... TE ENCONTRO EM CASA! - Ela grita com suas mãos ao redor da boca. 
 Ela olha mais uma vez ao seu redor, ainda esperando ver Matheo agachado atrás de alguma moita, mas, nada, então ela segue caminho para aonde - ela achava que - ficava a casa. 
 Jane caminhara, e caminhara, mas a cada passo parecia um lugar completamente novo, já haviam se passado 4 horas, e nada de voltar para a casa. 
 - DEU, MATHEO, TU GANHOU, APARECE!... ah... ain... que coisa - pequenas lágrimas se formavam nos olhos de Jane. - Ain, não, não, não, não, a gente sumiu denovo... eu to sozinha denovo... - Jane se senta no chão, abraçando seus joelhos e afundando seu rosto entre eles. - Ain, Matheo, aonde é que tu foi se meter... aonde EU fui... - Ela diz, baixinho, enquanto lágrimas molham sua saia. Jane até pensara em voltar pelo caminho de onde veio, mas temia se perder ainda mais.  
 - Hmm... - Jane enxuga suas lágrimas e se levanta, fechando os olhos, concentrada. Estava tentando ouvir o barulho das águas, e, realmente ouvira algo, leves pingos, os quais ela seguiu. 
 - Tá, por aqui... - Continuava. - Ah... Oque? - Jane se encontrara novamente naquela mesma caverna. 
- Ah, AAAH, nossa! Ah, muito obrigada lagartixa roxa daqui... e, uh... León... hm - ela olha para baixo e sacode a cabeça. 
 - Bom, daqui eu sei voltar... eu espero. 
 Ela seguira pelo caminho aonde já passara com Matheo, meses antes, até chegar em casa, e notar uma luz alaranjada emanando de sua janela. Já havia anoitecido, então só poderia ser Matheo à sua espera com uma vela. 
 Jane abre a boca como se fosse chamar por ele, mas para, ao ouvir um barulho entre as folhas atrás de si, e, ao se virar para a floresta escura, se deparou com 2 pontos amarelos brilhantes, encarando fundo através dela. 
- 'Ah... aquilo são... olhos??? ' - Pensou, paralizada encarando aquilo, ela gostaria de correr casa adentro mas suas pernas não respondiam. Também gostaria de gritar, espantar aquilo, chamar por Matheo ou qualquer coisa. 
- JANIE!? 
- Uh? - Ela olha pra trás. 
- JANIE! - Matheo corria até ela, parando em sua frente para recuperar o fôlego. - Aonde você estava??? Aonde??? 
- ... 
- J-Janie? - Ele pergunta, ainda ofegante. 
- ... AHH! - Jane pula em cima de Matheo, o abraçando fortemente. - NÃO FAZ MAIS ISSO, POR FAVOR! 
- Ah... t-tá... tá bom... - Ele a abraça de volta, seu olhar subindo pelos cachos escuros de Jane, e se distraindo com 2 pontos brilhantes no meio das árvores, que assistiam a cena. 
- Oque? - Matheo aperta os olhos, tentando enxergar além dos pontos. 
- Ah, Matheo, eu não sei oque é isso! - Sussura, enrolando suas mãos ao redor do braço de Matheo.
- ... Vai pra dentro. 
- E tu também! Não quero ficar sozinha denovo! - Jane o puxa pelo braço até dentro de casa, e coloca um dos 2 banquinhos atrás da porta. 
- Oque é aquilo, Janie? 
- Eu não sei, e por que que tu se sumiu??? Eu fiquei horas zanzando por ai, achei que nunca mais ia te ver - Jane fala, lágrimas se formam em seus olhos. 
- Eu me sumi? Você que saiu correndo pra trás! 
- Pra trás? Não, eu corri em direção à casa. - Jane leva as mãos até a cintura. 
- Não, não, você correu na direção oposta, por isso que se perdeu! 
 Jane cruza os braços emburrada, mas logo os dois são distraídos por zumbidos vindos do lado de fora. 
- Ahhh - Jane cobre os olhos. 
 Matheo a puxa para atrás de si, encarando a escuridão pela janela. 
- Eu vou la fora ver oque é - Disse ele. 
- Oque? NÃO! Tá louco? 
- Fica aí, eu só vou ver. 
- Não, não mesmo! - Cisma Jane.  
 Matheo a leva até o armário dos esfregões ao lado da escada, e a esconde dentro. 
 - Fica aí, Janie, eu vou só ver oque é. 
 - Mas... 
  Antes que Jane pudesse dizer qualquer coisa, Matheo corre até a porta, parando em frente da casa, encarando a escuridão. Ele saira com um semblante corajoso, mas rapidamente voltara completamente aterrorizado. 
 - Oque houve, Matheo? - Pergunta Jane, que o espiava da sala. 
 - Volta, volta pra lá agora - Ele responde. 
 - Por quê? 
 - Janie, eu não consigo, desculpa, mas eu não consigo ir lá fora, vamos, temos que nos esconder! - Matheo parecia desesperado. 
 - Oque? Oque tu viu? 
 - Ah... tem muitos.
 - Muitos!?
 - Sim!!! - Ele puxa o braço de Jane e a abraça fortemente. 
 - Ahh, Matheo! Me solta, guri!
 Jane se solta dos braços de Matheo e corre até a porta.
 - JANIE, NÃO! - Grita.
  Jane leva a mão até a maçaneta e a gira, abrindo a porta e correndo para fora, parando ao se deparar com pares e pares de pontos brilhantes na escuridão.
- Uuhh... - Jane fica um preve momento paralisada, mas então fecha os olhos e corre até lá.
- JANIE!!! - Matheo a assistia pela janela.
- Ahn? - Jane abre os olhos, imersa em dezenas de luzes que dançavam em volta de si, iluminando brevemente algumas flores que descansavam e folhas secas.
- JANIEEE!!! - Matheo vinha correndo de casa até Jane, com os olhos fechados, seus braços balançando loucamente pelo ar. - SE VOCÊ MORREU, DESCULPA!!! NÃO DEVIA TER DEIXADO VOCÊ SAIR!!! EU NUNCA PUDE DIZER QUE EU... Janie?
- Matheo, seu idiota! São vaga-lumes!!! - Diz Jane, que rodopiava ali, iluminada pelos vaga-lumes que oscilavam ao seu redor.
- Ah... - Matheo cai em realização, e começa, lentamente, a rir, levando a mão até sua testa.
- É, tem razão, sou idiota mesmo.
- Oque é que tu ia dizer? - Pergunta Jane, se aproximando de Matheo.
- Nada.
 Jane ergue uma sobrancelha.
- Hm. Tanto faz. Agora vem logo, to cansada já.

Nossa VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora