Capítulo 9 - Parte 2

20 2 0
                                    

...

Os dois, sentados nas banquetas da cozinha, conversam. Com Matheo tomando seu chazinho.
- A - Matheo responde. - Isso faz sentido.
- É, eu fui meio dramática... Desculpa. - Diz Jane.
- "Meio"... Ok, não tem problema.
Os dois se encontram em um silêncio constrangedor.
- Ta, e o barro na sala? - Jane pergunta.
- Deixa comigo! - Matheo leva o dedão até o peito, esbanjando mais um de seus grandes sorrisos. - E você fique ai, descanse.
- Ué - Jane interrompe - Eu não to doente.
- Não, não não. - Matheo desce da banqueta, e toma a mão de Jane. - Moça como você, não pode fazer esforços - Ele diz, dando um beijo leve na mão dela.
- Aah mas que - Jane puxa a mão - que frescura é essa guri.
   Matheo ri e Jane cruza os braços, desviando o olhar.
  - Oque? Não posso mostrar cavalheirismo? - Ele sobe as sobrancelhas, mordendo o lábio.
  Jane leva o dedo até o nariz de Matheo, o empurrando para trás.
  - Fresco. - Ela diz, saindo da cozinha.
  - Chata! - Ele grita.
   Jane nem prestara atenção, e ele nem deu bola à isso. Apenas se debruçou na mesinha, vendo Jane pegar o balde.
  Até que aquilo não era tão ruim. Ficar preso num mundo alternativo, com um estranho, sem saber onde estão ou se vão algum dia voltar pra casa, parece uma ideia terrível. Mas, havia algo. Algo ali, que fazia essa experiência suportável. Talvez a energia infantil de Jane, ou as piadas de tiozão de Matheo. De qualquer forma, ele não estava tão assustado quanto no começo, nos primeiros meses, quando chorava por seus pais até dormir. Ele gostava, até.
  Matheo estava feliz.
  - Hmm - Matheo suspira, divagando em seus pensamentos. Logo levantando, ao se pegar sorrindo para Jane, que o encarava com uma expressão de "?".
  - Tem algo de errado? - Jane pergunta.
  - Ah não - Matheo chega até ela, que entrava na casa. - Só estava pensando.
  - Hmm okay - Ela estica o dedo - Ali naquela porta, tem um pano ali. Pega lá e me ajuda a tirar esse barro. Ta duro já.
  - Sim, senhora.
Matheo se vira, correndo de modo infantil, quase como um personagem de cartoon.
- Senhora a tu-Ah deixa...
Matheo fazia gestos engraçados... nada engraçados. Bobisse dele, como sempre.
Jane largara umas risadinhas, balançando a cabeça. - Tsk, tsk, tsk. Alá esse cara.
Matheo abrira a porta com força, derrubando 2 esfregões em cima de si. Jane não pode não rir dele, Matheo sorri todo torto, envergonhado, tentando manter a postura de palhaçada. Aquilo não havia sido planejado. Mas bem, fez Jane rir.

- Bem feito - Diz ela, quando ele se agacha ao seu lado. - Isso que da dar uma de piadista.
- Ah, foi de propósito né, pra te alegrar. - Matheo se exibe.
- Claaaaaaaro. Ta, esfrega esse pano ai.
- Hehehe...
  Os dois começam limpar o barro do chão, oque demorava um pouco, pois o barro ja tinha penetrado a madeira.
  - Ah foi tão legal ontem na chuva, tinha que ser tão chato assim pra limpar, é? - Jane solta.
  - É assim que se limpa... Você não fazia isso? - Matheo pergunta.
  -... É... Não... tanto? - Matheo franze as sobrancelhas olhando para Jane, que sorri pra ele.
  - Vocês geração X... - Ele volta a esfregar.
  - X é a tua, Matheo. A minha é Z.
  - Eu la vou saber.
  - Tu não é o sabe tudo? - Jane diz, passando o pano na mão de Matheo, que olha para a mão, e sobe para Jane.
  -...
  -...
  -... Sou :)
  Jane ri, com seu rosto se iluminando. Matheo a fez rir novamente. Nossa, era fácil. Mas por que ele ligava tanto?
  - Ta bom, Janie. Vamos terminar aqui primeiro.

Mas tarde naquela noite, Matheo, deitado em seu colchãozinho, acariciava o chão, sorrindo, corando. Só pensava, só pensava. No dia que tivera, os momentos, desde a manhã até o cair da noite. Quando foi acordado do jeito mais brusco possível, até quando ficou 6 minutos sem parar falando com Jane sobre sua antiga cadelinha. "Foi um dia bom" Pensa, olhando para os dedos cheios de calos de tanto esfregar o chão. "Esfregar que não foi". Pensando bem, foi um dia bem chato, conversar com Jane que foi bom.
Matheo para de sorrir, ao perceber isso. Virando para o outro lado, tentando não pensar nela...
...Difícil.

Nossa VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora