...
Silêncio absoluto, enquanto os dois se encaram. Durou uns 7 segundos, mas foi tempo o suficiente para milhões de coisas eles pensarem.
-ah- eu... Oi? - gaguejou Matheo, não muito claramente.
-... aAH oioqueéisso? - "falou" Jane, tremendo.
-E-eu... não sei. Você sabe onde estamos?
-... Não.
Outro breve silêncio.
-... Eu sou Matheo - disse, estendendo a mão direita na direção de Jane e dando um passo a frente. Movimento esse, o qual Jane levou 4 segundos para responder.
-É... - suspirou ela, antes de apertar a mão de Matheo - Eu sou Jane.
-Hmm...
Po mano esses silêncios tão muito chatos, vamos gente! Interajam!
-Há quanto tempo está aqui, Jane?
-Uns... 8, 8? Sim, 8 meses. - disse ela -Ah e eu vim anotando nesse caderno - disse, enquanto o puxava de um tipo de laço que fizera com vinhas. - Hoje deve ser dia 3...
-De março - Interrompeu Matheo, terminando a frase dela.
-Ah, então acho que acertei.
- Eu também vim contando - Disse ele tirando de trás do suspensório o caderno. - Não tive muito mais oque fazer.
-Tá mas, como que tu veio parar aqui? - Perguntou Jane, lembrando que estava no meio do nada.
-Eu não sei! A última coisa que me lembro é de estar em casa, indo dormir. E assim - ele fez um gesto com as mãos, como uma explosão - acordei aqui!
-Então foi igual a mim! - Jane olhou para baixo, como se pensasse em algo. Mas claro que não, não se tinha ideia de como foram parar ali.
-Morremos? - Questionou Matheo.
-O QUE?... nem... sei. Talvez. Mas, se sim, porque levamos tanto tempo para nos achar?
-8 meses não é tanto tempo comparado à eternidade, hehe... - sorriu Matheo.
-??? - A cara de Jane dizia, enquanto olhava para ele.
-Uh... olha eu to nervoso, acordei num mundo diferente e fiquei meses sem comer e sem ver ninguém e agora encontrei alguém e... - Matheo se aproximou de Jane - Você é real?
- Ué, eu é que te pergunto.
Mais silêncio. Meu deus, velho. O leitor não vai querer ler se vocês não fazem nada de interessante! Afs, as vezes eu gostaria que vocês fossem personagens de uma história, que eu possa comandar.
-Bom, eu apertei sua mão. - falou Jane. - então creio que seja.
-É, tem isso.
...-Você não viu mais ninguém? - perguntou Jane.
-Não, você é a primeira pessoa que eu encontro desde que cheguei aqui. Também notei que não há quase nenhum animal ou inseto, só umas borboletas. - Adicionou Matheo.
-Então... começou Jane, antes de se perder em pensamentos enquanto encarava o chão.
-Sim? - Disse ele, tentanto trazê-la de volta de seu mundo de pensamentos, de um jeitinho preocupado.
-E agora? Oque a gente faz?
Dessa vez era Matheo que viajava em seus pensamentos, ele não queria ficar sozinho e com certeza não iria. Mas como dizer sem soar estranho? Mesmo que, tudo - literalmente TUDO que estava acontecendo ja era completamente estranho.
-Bom, acho que não temos muita escolha. - Sorriu Matheo, de leve.
Jane deu uma risadinha confusa.
...
E então, os dois começam a caminhar, sem rumo. Mas tinham que ir à algum lugar. E assim foram 4 dias.
-Me conte mais sobre você, Jane - perguntou Matheo, quebrando o breve silêncio.
-Ah, bom... - Jane lembrara da vida que tinha. - Eu não, uh, tenho muito de interessante pra compartilhar.
-Ah não? - Perguntou Matheo, alto e claro, constrangendo Jane com seu olhar que, mano do céu ô homem bonito.
-Eu... - Jane o encarou por um instante, logo se recompondo e voltando o olhar para a frente. - Hmm, não. Não saio muito fico... Bom, ficava, na maior parte do tempo, no meu quarto.
-Você não tem cara de quem fica em casa sempre. - Falou ele de um jeito, duvidando.
-Bom, eu tenho mais coisas pra fazer dentro do que fora de... caaSA?!
Os dois, parados, contemplando a bela casa roxo claro que estava à frente.
-Oque? Isso esteve aqui esse tempo todo?! - Exclamou Matheo, completamente indignado.
-E-eu, nunca vi isso antes. - Disse Jane, que também pouco compreendera da
espontânea descoberta.
Era uma casa roxo claro, num estilo americanizado antigo, pequena, até. Possuia uma larga janela com três lados que dava-se para ver dentro, uma estante com livros. A casa aparentava ter dois andares, rodeada for árvores mas que tinha um amplo espaço de grama aberta ao redor. As paredes de madeira, não pareciam ser tão novas, com pequenas rachaduras e desbotadas pela exposição ao sol. Parecia uma casinha de boneca, com qual não se brincava há muito, muito tempo.
Ainda extasiados, logo Jane e Matheo voltaram a si.
- Vamos ver se tem alguém la dentro! - Entusiasmou-se Matheo.
- Ta maluco? - Jane, com um pé atrás sobre essa ideia, puxou o braço de Matheo, que ja ia correr até a porta - Eu é que não quero ficar presa la com um estranho!
- Mas... - Matheo parou, por um instante, e logo deu uma sorridinha de lado - E como se ~eu~ fosse deixar algo acontecer conosco. - Falou Matheo, exibindo-se para a bela moça que o acompanhava.
Jane, que estava atrás dele, revirara os olhos.
- Vamos então - Matheo a toma pela mão e a puxa casa adentro.
- Pelo menos bata na porta - disse ela.
Matheo batera na porta, uma porta com 4 lados destacados, parecendo uma porta de chocolate, roxa e com adornos brancos.
- Creio que não teja ninguém.
- Ah, assim é melhor - suspirou Jane.
Matheo então abriu a porta, revelando uma casa cheia de móveis, limpos e confortaveis. À direita ficava uma esquina pequena, com a janela de três lados que avistaram de fora, com um assento almofadado logo abaixo e uma estante com livros. À esquerda, ficava oque parecia ser uma sala de estar, com um sofá meio antigo, mas novo, quando se trata de condições. Haviam pinturas de plantas, frutas e paisagens pelas paredes, e o chão de madeira era coberto por um carpete bege escuro, na parte da sala e da janela de três lados. Mais à frente da sala de estar ficava uma porta que levava ao lado esquerdo de fora da casa, e um tipo de lavabo do lado oposto à essa porta. À direta, ficava uma cozinha, por paredes amarelas e uma bancada que dividia a cozinha da estante de livros. E, mais à frente, uma escada que levava ao segundo andar e, bem no centro, um armário cuja porta estava fechada, não dando pra ver oque havia dentro.
- Parece seguro o suficiente - Falou Matheo, após entrarem e olharem em volta um pouco.
- Suficiente para oque? - perguntou Jane, seguindo com os olhos após virar lentamente a cabeça na direção de Matheo.
- Ah, bom é - Começou Matheo com um pouco de receio e vergonha. - Já que a gente se encontrou depois de tanto tempo sozinhos, pensei que... ah sei la a gente poderia... ficar aqui?
Matheo olhou para baixo e juntou as mãos de um jeito tímido e fofo, e Jane pensava no que responder.
- Ah, parece uma... Boa ideia.
O rosto de Matheo se iluminou com a resposta, e logo os dois começaram a explorar mais da casa.
- Sabe oque ta faltando nessa sala? - perguntou Matheo.
- Hmm? - Respondeu Jane, que analisava cada livro da estante.
- Uma Televisão. - Ele responde, olhando para o chão além da mesinha de vidro à frente do sofá.
- Nossa, sim. Mas tá né, isso já é muito mais do que qualquer coisa que tivemos ultimamente.
Matheo guiou o olhar para o lado, pensando.
- É - Ele responde, voltando à olhar em volta.
...
-Mas ficaria muito top um vídeo game aqui também. - Diz ele voltando a energia habitual, que fez Jane rir um pouco.
-Pois é. Mas pior que eu nem sou muito de jogar. - Ela diz.
Matheo vira pra ela em silêncio, ofendido sarcasticamente e em choque, que ser humano que não é de jogar video game?
...

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Nossa Vida
FantasyE se você acordasse completamente sozinho num lugar desconhecido?