Bruta, forte, agressiva, a luz solar. Que não tinha pelo que ser bloqueada, por vir diretamente do amplo céu aberto, com uma ou outra nuvem branca, parecendo um algodão afofado, com sombras arroxeadas formando bordas redondinhas e fofas. Nuvens essas que, não impediam os raios de sol de chegarem (e por pouco não queimarem) no rosto de Matheo, que levemente abria os olhos... Até fechá-lo bruscamente após olhar para o sol.
- Agh! - gritou Matheo, virando o rosto para tirá-lo do sol- Mas quem... merda...?
Matheo olhava para os lados, ainda desnorteado por ter olhado diretamente para o sol.
- Oque... ÍÍÍ! - Assustou-se Matheo, ao perceber que estava agora, sentado numa grama verde-amarelo, completamente nu - Ah mas oq- oque que que- uhh... - Matheo se levantou e cobrindo-se com as mãos, procurava quaisquer sinal de alguma outra presença humana. - Quem foi o doente que fez isso? - Gritou Matheo - Loirinho? Foi tu né seu filha da mãe, vou te quebrar a pau!
Pelo tom que disse isso (odioso e vingativo), com certeza são melhores amigos! Mas foi inútil. Matheo estava completamente sozinho, numa planície verde, ampla, com uma gentil brisa que trazia do horizonte um leve aroma de marcela.
Oque estava acontecendo? Era uma pegadinha dos guri? Era um sonho? Quantas será que ele tomou?
Após uma boa olhada ao seu redor, avistou uma parte mais fechada, com árvores altas e baixas, de todos os tipos. Essa parte ficava mais em baixo, então ele logo percebeu que estava no topo de uma não tão alta colina. Após descer e ir mata adentro, foi indo e indo, talvez chegasse à alguma estrada ou casa ou qualquer coisa.
Alguns minutos depois, Matheo encontrara um tipo de bermuda, branca com 2 botões na lateral, jogada no chão. Sem nem pensar duas vezes a colocara. Era ridícula, parecia uma calçola de velho, mas era alguma coisa. E junto com essa bermuda, um pequeno caderninho com um lápis, em que ele escrevera os dias que se passavam.
E conforme o tempo foi passando, ele achara outras peças de vestimentas; uma camisa branca de mangas longas; meias pretas; sapatos marrons de bico fino e uma calça marrom escuro com finas listras pretas formando uma textura xadrez, que por mais que Matheo puxasse, não ficavam... Ah, que ótimo. Ele teria de usar os suspensórios que ali estavam, esses que, Matheo odiara. Coisa de velho, ele diria. Mas cá entre nós, eu que escrevo e você, leitor, ele ficou mó chavoso.
Ao todo, montara um look simplificado semelhante à Era Edwardiana. E por mais que realmente não gostasse, ele preferia usar aquilo a ficar como estava antes.
Com o passar dos meses, Matheo começou a achar que havia morrido, pois não precisava comer e não havia visto um animal sequer ( com exceção de algumas borboletas e um coelho que viu uma vez). Matheo, no começo, pedia desculpas em voz alta, desculpas por ter falado alto com seus pais, e não ter ido à igreja para ficar no seu tão amado Atari, ou algo assim. E mesmo que nunca tenha ou irá admitir à alguém, algumas lágrimas ja escorreram durante suas noites nesse mundo-floresta-sonho-pós-vida.
E o tempo foi passando, e passando, e passando... e assim foram 8 meses.
- Aff - bufou Matheo, pensando em casa enquanto caminhava para nenhum lugar, até ouvir um baixo barulho num arbusto logo à frente, e sem ter dado tempo nem de pensar em algo deu-se de cara com uma garota.

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Nossa Vida
FantasíaE se você acordasse completamente sozinho num lugar desconhecido?