Capítulo 16

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- Janie - Matheo bate na porta - Ja tá acordada?
- Uhum - Responde uma voz sonolenta.
- Está decente? - Pergunta Matheo, com uma mão cobrindo o rosto e a outra abrindo lentamente a porta.
- Uhum... - Jane se senta na cama, esfregando os olhos - Aconteceu alguma coisa?
- Bom, é que... Hoje faz um ano que estamos aqui, não é?
- Ah - Ela pausa, olhando para as árvores. É algo que geralmente faz quando pensativa. - Fazer oque, né?
  Jane levanta, puxando de uma gaveta suas combinações, nelas havia um laço lilás na frente.
- Por que não passamos a tarde naquele riacho? - Matheo se apoia na parede.
- Riacho? Ah, bom... É, talvez seja legal. - Diz Jane, apanhando um de seus vestidos, o mais leve possível.
- Vai vestir esse? - Ele sorri - Não vai querer dar um mergulho?
- Nah, não to muito afim...
- Ah, vamos Janie! - Matheo junta as mãos.
- Não, prefiro ficar no solo mesmo.
- Janieee - Matheo sacode a mão dela para cima e para baixo - Vamos por favor! Vai ser divertido!
- M-Matheo! Não me peça para explicar o motivo - Jane olha para o chão, envergonhada.
- A - Matheo a solta
- ... Entendeu?
- ... Acho que sim, foi mal.
- Enfim, vai pra fora, vai! Deixa eu me vestir.

...

Era um dia bem quente, não se sabia exatamente a estação. Alguns dias eram frios, alguns não, alguns chuvosos e outros bem secos. Era um lugar diferente, talvez nem fosse o planeta Terra. Coisas assim que eles discutiam, em busca de algum sentido.
  - Será que não estamos muito antes dos primeiros humanos existirem? - Pergunta Matheo, que atirava pedras no riacho
  - Mas no diário do León ele disse que viu esqueletos humanos... - Responde Jane, que rabiscava em seu livrinho, sentada embaixo de uma árvore.
  - Hm... - Matheo atira outra pedra, essa quicando 3 vezes antes de afundar. - Nice! - Ele puxa o punho. - Viu isso, Janie?
  -...
  - Janie. - Ele franze as sobrancelhas. - Oque que você tanto faz aí? - Matheo vai até ela, se inclinando para ver o livrinho.
  - Sai! - Jane o abraça contra si, escondendo as páginas.
  - Hum... acho que sei oque você tá escondendo ai hehehe - Ele sorri.
  - Não! Não é o que tu ta pensando... eu acho.
  - Huh... Deixa eu ver! - Matheo agarra o livrinho.
  - NÃO!!! - Jane levanta, tentando arrancar o livro das mãos de Matheo. - SOLTA!
  - Então me diz oque é!
  - ... Não é da tua conta.
  - Então não solto! - Ele tira das mãos de Jane.
  - NÃO!!! MATHEO, POR FAVOR!
  - ENTÃO FALA!
  - ... é so um guri que eu gostava, só isso. 
  - ... A - Matheo praticamente atira o livrinho de volta nas mãos de Jane.
  - Quer dizer, não sei exatamente se gosto... Er, gostava. Eu nunca havia tido tanta amizade com algum menino, até conhecer ele.
   Matheo ouve em silêncio.
- Enfim, não gosto que mexam nas minhas coisas. - Diz, envergonhada.
Matheo sorri - Heh, okay. - Diz, pegando outra pedra do chão, enquanto Jane o assiste sem expressão.
- Não quis incomodar - Ela sorri, brincando.
- Não incomodou.
- Ah, não? - O sorriso de Jane cai lentamente.
- Claro que não, por que incomodaria? - Diz Matheo, ainda sorrindo.
- ... 
  O silêncio de Jane o confundiu um pouco, deixando ambos em um momento esquisito.  Matheo gesticula as mãos a questionando.
  - Ah, deixa. - Jane olha para o livro fechado, então se virando e andando de volta para casa, deixando Matheo sozinho na beira do riacho.
  Ela parara atrás de uma árvore, o vendo atirar mais uma pedra, dessa vez sem comemoração. Algo a incomodava.
  - Nada demais - Ela susurra para si mesma, e prossegue o caminho.
Algumas horas se passaram e Jane puxara uma almofada do sofá e se deitara na grama, em frente à casa. Matheo ainda não havia voltado, isso normalmente a preocuparia, mas lá estava ela, atirada no chão, desejando mais que tudo fones de ouvido e música alta. Ela levanta, se inclinando para pegar a almofada, notando Matheo, saindo de entre as árvores, um alto astral iluminava seu rosto, que parecia cansado, um pouco vermelho do sol. Jane se vira, entrando em casa, aonde Matheo também chegava. Jane não dizera nada, se apoiando na banqueta da cozinha, apenas o olhava em silêncio, enquanto secava seu cabelo com a camisa.
- Tá tudo bem, Janie? - Pergunta, notando sua calma anormal.
- Mhm - Responde, ainda sem expressão, subindo até seu quarto, aonde chorou. Por quê? Oque estava acontecendo? Se questionava, não havia literalmente nada de ruim acontecendo, oque a incomodava tanto? Por que essa sensação ruim de aperto? Era só mais algum dia ruim, ou havia algo a mais, algo que ela não havia notado ainda? Por que ela estava chorando? Por que estava sentada no chão? E por que havia desenhos do Matheo por todo seu livro? Credo, ele é o Matheo! Ela não estava... Não, não, não mesmo, Eca! Como ela disse para si mesma, naquele momento, se levantando e secando o rosto. Forçando um sorriso até se sentir mais normal, saindo do quarto. Lá estava Matheo, sendo nada mais que ele mesmo, tomando chá. Ugh, que vergonha. Não é possível. Jane se sentou ao seu lado, pedindo para provar um pouco de seu chá.
- Sério? Achei que não gostasse.
- Preciso experimentar para ter certeza.
Ele ri, vendo a careta que ela fez ao tomar um gole.
- Achei que seria mais doce. - Jane sorri torto.
- Não é tão ruim, vamos! - Ele sorri, tomando mais um pouco.
- Hm...
- ... Janie? Você parece tão nervosa hoje, oque aconteceu? - Pergunta.
Jane move os olhos até os dele, seu rosto solto, então lentamente olha para frente, caramba, ele parecia diferente. Malditos hormônios.
- Janie! - Ele a cutuca, a fazendo dar um pequeno pulo assustada.
- Ah, nada. - Jane abre um grande sorriso, até surpreendo Matheo. - Não tem nada, nada mesmo. Foi mal se te preocupei. Só não tenho muito oque falar hoje.
- Você não tem oque falar? VOCÊ não tem oque falar? Está bem mesmo? - Ele leva a mão até sua testa, rindo.
- Ah, eu não sou de falar tanto assim!
- Não é??? Você ficou 3 horas falando sobre um filme aquela vez!
- Tu também fala sobre peixe, carro, sei lá! - Riem os dois.
  Conversa vai, conversa vem, riram por um bom tempo, até subirem para seus quartos. Jane estava bem mais relaxada, havia certeza que aquele dia fora um dia bem esquisito, até engraçado, Há! Pensar que ela poderia sentir algo por ele, que sem sentido seria da parte dela, até porque ele mesmo já disse não ter tais intenções. Com isso em mente, Jane dormira rapidamente aquela noite...
...Ao contrário de Matheo.

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