Era madrugada. As ruas de Medellín estavam desertas, mas Altagraça Rivera não parava. Seu apetite sexual tinha crescido consideravelmente depois da chegada de seus hóspedes. Se encontrava nesse momento cavalgando em um homem, Juárez. Ele era braço direito da mulher, literalmente um faz-tudo.Mulheres foram feitas para estarem livres, e Rivera amava a liberdade sexual que conquistou. A cada dia que se passava, a mulher tinha mais convicções de que o tal amor era um mito inventado pela sociedade, ou melhor, o conceito do mesmo. Acreditava que as pessoas apenas fingiam estarem apegadas as outras, que a monogamia era um paradigma, e o amor, um paradoxo de muito mal gosto. Como se ama o amor? A ideia de amar alguém estava distante e quase que inexistente. Quase.
- Senhora... não acho que consigo aguentar por mais tempo - era possível ver a jugular interna em seu pescoço pulsando rápidamente tamanha a sua força. A forma que a mulher se apertava ao redor de seu sexo era indizível.
- Me faça gozar, Brutus! Ou cortarei seu pau fora! - a mulher sádica morde a orelha de seu capataz, arrancando sangue da mesma. Isso foi demais para o homem de meia-idade, que soltou jatos de seu prazer dentro da camisinha.
- Me desculpe, senhora! Não consegui! Me desculpe... - o homem estava visivelmente desesperado. Ele sabia do que Altagraça era capaz.
- Shhh, calma querido! Eu sei... é difícil pra você se segurar - a voz da narcotraficante estava serena, suas mãos apertavam a barba negra com uma raiva camuflada, o homem conhecia bem - Mas estou morrendo de vontade de arrancar seu pau inútil fora! Ve te! Tu no me sirve más de nada! - Juárez sabia. Não era uma ameaça. O homem saiu apressadamente, a respiração estava pesada, e a boca seca. Por um momento, o homem se sentia imortal, sentia que havia conquistado o maior desafio de todos.
Ser o homem de Altagraça tinha seus muito privilégios. Juárez era respeitado, tinha um cargo alto e uma mulher gostosa ao seu lado. O que mais poderia querer? Seu erro foi pensar que a Altagraça Rivera não cansaria, não que ela ficasse só com ele, óbvio. Porém tinha esperanças... pobrezinho.
Juárez sai nu, com pressa e medo, esquecendo a porta do quarto aberta. A mulher mais velha vê a cena e revira os olhos em puro desgosto. Que patético! Vai até a porta para fechá-la.
Uma respiração alheia lhe chama atenção, levanta os olhos e se depara com olhos negros profundos, eles estavam bem abertos e a expressão seu rosto era de um genuíno
escândalo. Até onde será que ela ouviu? Dando passos largos e preguiçosos, chegou até a menina. Podia lhe sentir o cheiro da jovem Clara. Um aroma de sabonete e limpeza invade suas narinas, instintivamente as cartilagens do nariz de Rivera se abrem em função de abrigar o cheiro puro que sentira. Os ombros da menina estão amostra, e curiosamente, vermelhos.- Isso são horas de uma jovem estar acordada? - os olhos de Altagraça ainda miravam os ombros vermelhos de Clara.
- Não conseguia dormir. - o corpo da Koslov mais nova, estava prensado na parede, como se estivesse sendo coagida.
- Hm, então foi tomar banho? Foi relaxante, Clara? - a voz de Rivera estava duas oitavas a baixo, isso estava fazendo o coração da mais jovem bater incontrolávelmente em seu peito, chegando a doer.
- S-sim, fui! Banhos quentes me relaxam... - a sobrancelha da latina se elevam na resposta da pequena russa, como se ela soubesse sobre sua curiosidade pelos ombros vermelhos.
- Compreendo! - levianamente, Altagraça se aproxima, e agora, fica cara a cara com Clara, sentindo a respiração em seu rosto - O que você estava espiando, niña? Não tente me enganar - a mão da latina serpentea pelos cabelos de Clara, enrolando em seus dedos.
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La Madrina
RomanceAltagraça Rivera. Ela foi a mais bem-sucedida traficante dos anos 70, uma rara matriarca no crime na América Latina. Em uma época em que as fronteiras eram muito menos fiscalizadas do que hoje, Altagraça foi a primeira a enviar cocaína em uma escala...