Capítulo 5 - Celosa, si?

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Cansada. Essa palavra era no mínimo um eufemismo para como Altagracia se sentia. Depois do que aconteceu no quarto de Clara, a mulher se fechou totalmente. Focando apenas no trabalho e nos filhos, nem mesmo ousou pensar no seu tão amado sexo, pois pensando nele, sua mente voltava para tão odiosa menina russa.

- Daniel, já falei para não ir para chuva! - a mafiosa advertia o filho e fez sinal para a babá ir buscá-lo. Sentou em seu sofá, olhou para o teto e suspirou. Já fazia um mês que não via a menina, mesmo ela estando em sua casa, do quarto a passos de distância do seu... NÃO! Isso não era hora. Agora era o momento dela pensar nos seus negócios, o carregamento de armas russas haviam sido liberadas e estava tudo saindo como o planejado. Em breve, Altagraça seria a narcotraficante mais bem sucedida que já havia pisado nesse mundo. Sua ganância transborda em sua mente e a deixa enjoada. Um sibilado felino chama a atenção de seus pensamentos, olhando pra baixo, a mulher enxerga um gato laranja completamente sujo de lama.

- Pero que és eso? - diz Rivera confusa e se lembrando vagamente do pequeno ser vivo.

"El gato com botas"

O maldito sotaque russo invadindo sua cabeça pela milésima vez esse dia! Lembrou a quem o gato pertencia e franziu o nariz em desgosto.

"Maldita niña!"
"Maldito gato!"

Levantou de seu sofá bufando e as pressas, mas parou assim que notou uma cabeleira negra, estava trançada em uma grande trança. Estavam perfeitas para serem puxadas... NÃO, ALTAGRAÇA! VOCÊ PROMETEU! Se repreendendo de seu pensamento, a mulher respira fundo, fechando os olhos.

- Não, botitas! Vem, vamos tomar banho! Você está sujo! - e ao ouvir a voz de Clara dizendo aquele apelido ridículo para o gato, seu ventre se contorceu e sua intimidade pulsou. A voz da menina estava rouca e árida, possivelmente que ela tenha acordado agora. Quando a narcotraficante abre os olhos, tem vontade de rir da cena que encontra. Clara segurando o gato laranja, enquanto ele morde sua bochecha e mia por socorro. É um cena engraçada, até os olhos da russa se encontrarem com os seus. Estranhamente a menina a encara de volta. Sem vergonha. Sem medo. Uma ruga em sua testa, sombrancelha franzidas, queixo levantado e maxilar travado. Raiva?? Era isso? Clara Koslov estava com raiva dela? Ora, como ousa!?

Quando se dá conta, a menina não estava mais na sua frente e Altagraça se encontrava sozinha em pé na sala. Completamente perdida no que acabara de acontecer.

- Mi señora! Que pasó? - uma de suas empregadas a pergunta diretamente estranhando o comportamento da Madrina.

- No pasas nada, Dolores! Volte a trabalhar! - assim Rivera desperta e sai em disparada ao seu escritório.

Altagraça Rivera
Madrina

O cigarro. Ele me acompanha desde... Ah, não consigo me lembrar. É ótimo para desestressar, a nicotina realmente é ótima! Eu solto o fumo enquanto olho o porta-retrato em minha frente. Era uma foto do meu casamento com Alberto, parecíamos tão felizes e unidos. Não é como se eu o tivesse amado, na verdade, essas coisas fantasiosas de contos e filmes, não são pra mim.

Não posso esquecer dos olhos dela nessa manhã. Estavam legíveis para mim, com sentimentos que eu conheço de cor. Raiva. Ódio. Nojo. Mas normalmente, nunca consigo entender o que seus olhos querem dizer e isso me frustra tanto! Odeio ser ignorante em um aspecto que aparentemente, jamais vou descobrir seu significado.

Três toques na porta me despertam do meu transe - Vaya! Que entren! - vejo Koslov entrar, trajado por um terno caro e seu perfume deveria custar como um dos meus carros. Tinha olhos verdes e brilhantes, era um homem atraente, forte, robusto, porém tinha uma beleza juvenil... Ficaria ótimo na minha coleção.

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