~*~Um homem faz o que pode até que seu destino se revele.
- O Último Samurai
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As gotas grossas de chuva batiam contra as janelas grandes da casa. Odiava os dias de chuva. Sentia que algo ruim iria acontecer toda vez que relampejava tão fortemente. Um presságio sem data, hora ou lugar. Uma mensagem sem remetente.
O jantar estava sendo servido. Os colombianos estavam todos na mesa de jantar, esperando o dono da casa para comerem. Que tipo de anfitrião faz os convidados esperarem? Os pensamentos da latina são interrompidos por uma figura esguia caminhando até a sala de jantar.
- Perdoem-me pelo atraso. Percebi que enquanto estava em Colômbia, eu estava é de férias! Tenho muitas coisas para resolver aqui - ofereceu um sorriso singelo.
- Senhor Koslov, quando crescer quero ser como você - disse Daniel, o filho mais novo de Rivera.
- Rico e poderoso? - disse fingindo altivez.
- Não. Alto - concluiu fazendo o Capo rir.
A Madrinha observava a cena com um certo pesar em seu coração. Dani parecia muito com Alberto. Os cabelos, o narizinho, até mesmo os olhos castanhos como madeira em brasa.
Alberto poderia ter sido menos ganancioso. Lúcifer não conseguiu ser maior que Deus, por que ele conseguiria ser maior que ela?
Não sentia falta de seu ex-marido, porém ter alguém para apoiá-la era algo a ser apreciado.
Mas naquela noite no bar, decidiu que ela seria seu próprio apoio e que supriria qualquer vazio existente dentro de si.
Notando que estava perdida em seus próprios pensamentos, reassociou com a realidade. Seus filhos conversavam afoitamente com Ivan.
- Meninos! Não estressem o Senhor Koslov! Como ouviram, ele está muito ocupado - disse rígida. Gostaria de demonstrar mais, porém com sua personalidade áspera e severa não conseguia. Seu passado a ensinou a ser assim. Só os fortes sobrevivem.
- Olá, meu amor! Sente-se conosco! Tem Stroganoff para o jantar, você adora! - Koslov é um papai urso quando se trata de Clara.
A jovem oferece um sorriso singelo para todos na mesa, porém com olhos focados somente em Altagraça, fazendo-a desviar despretensiosamente.
- Boa noite a todos! Perdão pelo atraso - sentou na mesa e começou a se servir.
Hoje a menina vestia um vestido mais fechado. Seus cabelos longos estavam dividos por uma faixa vermelha, assim como seu vestido. Ela parecia muito, muito bem.
- Então, o que tem para fazer aqui? - Perguntou Germán, filho do meio de Rivera.
- Posso te ensinar a montar, se quiser - disse a garota, solicita.
A resposta de Clara ao filho, não agradou em nada a Madrinha, ocasionando bolhas em seu estômago.
Germán apenas assentiu e corou em silêncio. Era o filho que mais parecia com Rivera. Mascarava o que sentia. Tal mãe, tal filho. Por sorte, o menino tem chances de ser alguém diferente, melhor no futuro. Já a mãe...
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La Madrina
RomanceAltagraça Rivera. Ela foi a mais bem-sucedida traficante dos anos 70, uma rara matriarca no crime na América Latina. Em uma época em que as fronteiras eram muito menos fiscalizadas do que hoje, Altagraça foi a primeira a enviar cocaína em uma escala...