Capítulo 6 - Tudo Lo Que Se Aprende, Nunca Se Olvida

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Já havia se passado 3 meses que os Koslov chegaram na mansão Rivera, já era primavera e Clara se encontrava pensativa. Via todos os dias os meninos irem para a escola, e ela mesma nunca havia nem sequer pisado em uma. Sempre teve aulas particulares, balé, inglês, literatura, artes, jardinagem e agora, espanhol.

Alessandra era uma mulher linda, não era? Sua voz com sotaque tão imponente, toda as vezes que sua mão tocara na sua nas vezes que acertava as questões de conhecimento gerais, quando a mulher chegava, quando levantava para explicar algum texto relacionado a história da Colômbia, tudo isso fazia o coração da pequena menina russa acelerar.

Clara Koslov

Estou há anos presa. Um canário rouco que nunca anuncia seu canto, uma gaiola, cujo a porta está trancada e sufoca o canário, um céu escuro e cinza que nunca mostra o seu azul.

Creio que estou um pouco perdida, não sei para onde ir. Até mês passado não conseguia parar de pensar no que a Altagraça fez comigo, mas... agora? Não consigo parar de pensar em como a Alessandra se move. Ela tem me ensinado tanta coisa, sobre as Américas e sobre a vida. Eu...eu não sei. Mas também não sei nomear o que sinto quando estou com Altagraça. Ela me intimida. Mas foi tudo tão gostoso aquele dia... Preciso resolver essa bagunça!

[•••]

* Toc Toc * - Bato na porta.

VOCÊ CONSEGUE, VOCÊ CONSEGUE, VOCÊ CONSEGUE!

Eram vozes internas e conscientes dizendo que eu era capaz, era sempre assim quando eu ia falar com ela. A adrenalina ia à mil.

- Entre - a voz firme soa do outro lado da porta.

Entro, me fazendo presente, surpreendendo a mulher. Noto suas sobrancelhas arqueadas, surpresas.

- O que faz aqui, Koslov? - disse a mulher se mantendo distante, olhando alguns papéis em sua mesa.

- Vim conversar, apenas esclarecer algumas dúvidas - disse me sentando em sua frente de cabeça baixa.

- Sendo assim, seja rápida! Sabe muito bem que não tenho tempo - disse ríspida, ainda sem me olhar.

- O que a senhora fez comigo aquele dia? - digo direta, sem rodeios.

- Desculpe? - disse ela com as sobrancelhas franzidas em pura confusão.

- Aquele dia... no meu quarto - minha voz estúpida vacila quando menciono o acontecido.

A boca da mulher se abre ligeiramente. A surpresa, o choque em seu rosto chega a ser engraçado. Normalmente sou eu a ficar nessa posição embaraçosa. Saber que eu, minimamente, tive o poder de desconcertar a mulher a minha frente, fez algo em meu ventre pulsar.

- Aquilo foi um erro! Um erro tolo que nunca mais vai se repetir! - Altagraça se levanta parecendo alvoroçada.

- Por que diz isso, senhora!? Preciso saber, estou uma bagunça por causa disso! - me levanto e me aproximo dela. Noto que me aproximei rápido demais e agora nossos olhos estão conectados em um transe único.

Algo acontece, e a mulher retoma a sua postura dominante. Com olhos afiados, ela me olha, desvio, pois a tensão é palpável demais para mim. Com passos para trás me afasto, e ela se aproxima, como uma dança lenta, sensual e envolvente.

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