O Guardião

19 Chapter

Uma semana intensa se passou, o vilarejo estava um caos, o melhor amigo do doutor Lee faleceu ao ser envenenado na prisão, todos sabiam o quão suspeito era aquilo, os olhos da Coreia do Sul estavam voltados para o pequeno vilarejo.

__ Vamos nos casar logo.__ JK avisou.__ Não dá mais para esperar.

__ Tudo bem.

__ Vamos a Seul, visitamos o Juhum e logo depois assinamos os papeis do casamento.__ Os dois sabiam que Zoéh estava correndo risco.

As investigações sobre a garota estrangeira foi ofuscada pela recente tragédia. O que lhes davam um tempo para pensar no que havia acontecido, e planejar um futuro.

Seguiram até Seul, e Zoéh conhecer uma amiga do JK que lhes ajudaram com as coisas do casamento.

Zoéh Narrando.

Comprei um vestido simples branco, e JK um terno simples também, tiramos algumas fotos para o nosso álbum e então seguimos para o hospital.

__ Porque estão vestidos assim?__ Juhum perguntou.

__ Vamos nos casar hoje a tarde.__ Falei animada.__ Queríamos esperar para quando você saísse do hospital, mas preferimos adiar por causa das circunstâncias.

__ Estão esperando um filho?__ JK tossiu.

__ Não!__ Falei rápido.__ Corro risco de ser deportada.__ Ele se assustou.

__ Que merda. Você está no país ilegalmente?

__ Sim! Há uns sete a oito meses.__ Zoéh explicou sua  situação em partes pra ele.__ Nem sempre foi assim. Quando me mudei logo, eu tinha visto e tals. Só que o meu trabalho no hospital em Seul não era com um contrato longo, eu ficaria aqui por três anos e retornaria ao Brasil. Mas algumas coisas saíram do plano.

__ Que plano?__ JK perguntou. Ele não sabe nem a terça metade da minha vida.

__ Eu deixei o Brasil porque alem da chance de trabalhar no exterior, eu iria fugir do meu passado no Brasil. Minha mãe faleceu quando eu ainda tinha três anos, eu vivia com meus avós que constantemente diziam que eu era filha do pecado. Eles me mantinham em cárcere privado quase o tempo todo, me deixando ir apenas a escola e a missa. Quando me formei, e comecei a trabalhar, meus avós descobriram que eu estava gostando de um garoto, e esse foi um dos motivos dos meus avós me prenderem no quarto do pânico e me espancarem por quase uma semana. No ultimo dia, meu avô me estuprou.__ JK começou a chorar.__ Sabe o quanto isso foi humilhante? Eu tive que fugir por anos do meu passado, e ainda não consigo esquecer nada disso. Meus avós estão presos no Brasil, então consegui a vaga de trabalho no exterior. Chegando aqui, conheci um médico chamado Park Min-Ho, ele parecia o cara dos sonhos, principalmente para alguém como eu que já havia sido enganada. Ele me ajudou no primeiro ano em que estive aqui, se aproximou sorrateiramente e quando percebi, já namorávamos e eu já estava apanhando dele. Quase sempre era uma luta diferente, até que eu descobri que ele era casado e pai de duas crianças. Pra mim aquilo foi pior do que todas as surras. Então, deixei a vida que levava e passei a morar num lugar distante, para que Min-Ho ficasse longe, eu o ameaçava. Ameaçava contar para a esposa dele o quanto ele era cruel. Foi então que ele tentou me matar a sete meses atrás, ele invadiu meu apartamento e tocou fogo em tudo. Perdi tudo, e como meu tempo de trabalho internacional havia acabado, eu tinha que voltar ao Brasil, mas eu não tinha como voltar, eu sei que ele deve está me procurando em tudo o que é canto.

__ Porquê não me contou isso?__ JK perguntou.

__ Não é facil falar Jea, não é fácil soltar tudo o que te machuca todos os dias.__ Olhei o movimento dos carros na avenida.__ Aprendi a fingir e foi melhor assim.

Senti os braços do coreano me envolver num abraço bom e aconchegante. Ele era meu lar, depois de tanta dor e sufoco, encontrei o meu lar. Jeakgong é a minha casa.

__ Eu vou te proteger meu bem. Eu te amo, não vou te largar, não te deixarei ir, e acabarei com qualquer um que tentar te machucar novamente.

E depois de muito tempo, chorei novamente. Jeakgong é o homem que me fez voltar a lutar novamente. E Juhum, ele se tornou o irmão que eu nunca tive.