XXIII

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Hayakawa não podia acreditar no que havia acabado de ouvir. Sua irmã havia feito um contrato e entregado 10 anos de vida ao demônio. Ele estava irritado e muito preocupado, não sabia nem como falar.

- Desculpa por ter demorado um pouco pra te contar, é que no início eu pedi sua ajuda e... Bom, você não falou nada, provavelmente por estar preocupado. Não te culpo por isso. - Após ouvir as palavras de sua irmã, Aki a abraçou. Um acontecimento raro.

- Não faça coisas tão imprudentes de novo, por favor. Eu sabia que você ia acabar dando um jeito sozinha, só quis adiar. - A respiração dele ficou mais pesada, como se tentasse controlar seus sentimentos. - No fundo, eu queria que isso nunca acontecesse, mas também não posso simplesmente te impedir.

- Eu vou ser cuidadosa, prometo.

- É o mínimo que você pode fazer depois disso, idiota. - Bagunçou o cabelo dela e saiu para fumar, tentando lidar com suas preocupações crescentes.

Aika jurava ter visto um resquício de lágrima no rosto dele, mas não comentou sobre. Gostaria de vê-lo chorar, não de uma forma ruim, apenas sentia que seu irmão reprimia demais os sentimentos e achava isso uma forma ruim de lidar com eles.

Um de seus maiores sonhos era vê-lo expressar-se melhor, por isso às vezes até pensava sobre "bancar o cupido", mas sabia que não podia decidir a vida amorosa de Aki, isso diz respeito somente a ele.

Foi até seu quarto, sentindo seu coração pesar. O contrato estava feito, agora ela poderia combater demônios como sempre quis, mas o fato de dar mais uma preocupação para Aki deixou-a entristecida.

Não sabia o que fazer e simplesmente não queria acabar como Aki, então decidiu deixar que suas lágrimas levassem as frustrações embora. Ela sabia a importância do choro, quando não era algo vicioso, fazia bem e até ajudava a clarear os pensamentos.

- Vai precisar comprar outro pulmão pro seu irmão, Aika. Aquele maluco já foi fumar de novo. - Denji chegou de supetão, como sempre, e sentou-se ao lado dela. Só depois de não ser respondido, ele notou a situação.

Obviamente, ele não sabia lidar com os sentimentos dos outros. Olhou para ela, vendo aquelas lágrimas caindo numa espécie de ciclo, logo achou que ela se sentiria desconfortável com seu olhar, então desviou rapidamente, pensando no que poderia fazer.

Só conseguiu pensar numa coisa que poderia usar para ajudá-la. Um abraço. Definitivamente, Denji sabia o valor dos abraços, achou que um poderia ajudar nesse caso. A princípio, ela apenas continuou imóvel, como se tentasse assimilar aquela demonstração de afeto. Logo, abraçou-o de volta, deixando-se ser consolada.

Continuaram abraçados num silêncio confortável que nenhum deles ousou quebrar. Aika percebeu como era bom ter alguém para abraçar nesses momentos difíceis. Ela o abraçava forte, como se não quisesse que ele saísse dali. Rapidamente, uma nova remessa de lágrimas se formaram, ela lembrou sobre toda a situação que envolviam seus recém nascidos sentimentos.

- Desse jeito você vai desidratar. - Denji segurou o rosto dela, usando uma das mãos para limpar as lágrimas. - Olha, eu não sei porquê tá chorando, mas se eu puder te ajudar, me diz.

- Não pode. - Deu o seu melhor para falar.

- Por que?

- Denji, algumas coisas simplesmente fogem do nosso controle, sentimentos fazem parte dessas coisas.

- Não deixa um sentimento te dominar, você é forte pra caramba. - Tentou motivá-la.

- Você por acaso já se apaixonou? É melhor não falar sobre algo que não entende, isso é impossível de controlar, acredite. - O loiro permaneceu em silêncio. - E no começo eu chorei só pra aliviar as frustrações.

- Que frustrações? Achei que estava feliz pelo contrato.

- Para de ouvir a conversa dos outros!

- Não é minha culpa se essa casa é pequena, caramba!

- Bom, claro que foi bom ter feito o contrato, mas viu como o Aki ficou?

- O que é que tem?

- Quando gostamos de alguém, dói saber que provocamos sentimentos ruins neles. Foi doloroso ver como ele ficou abalado e preocupado...

- Ele vai ficar bem.

- Esse é o maior problema. Ele sempre "fica bem", mas na verdade não temos como saber o que ele realmente sente.

- Tem razão, ele não demonstra nada, a não ser quando está irritado. Mas, já tentou falar com ele? Perguntar, ou sei lá.

- Até que não é uma má ideia. - O rosto dela pareceu iluminar. - Talvez ele simplesmente reprima o que sente porque ninguém dá atenção, como não pensei nisso antes? Sou uma péssima irmã, que porcaria! - Lágrimas ameaçavam cair novamente, Denji percebeu e a abraçou como da outra vez.

Graças aquela espécie de apoio emocional, ela conseguiu acalmar-se rapidamente. Apenas continuou naquele abraço, sentindo a boa sensação de ter quem ama tão próximo. Era horrível lembrar de como tudo entre eles era confuso, mas poder abraçá-lo fazia isso ser irrelevante momentaneamente.

- Aika. - Falou baixinho, ainda abraçando-a. - Acho que entendi o que você quis dizer naquela hora. Odiei quando você ficou triste por minha culpa... Não sei exatamente o que sinto, se é que eu realmente sinto. Mas odeio saber que isso te machuca. - Abraçou-a ainda mais forte.

- Vai me esmagar, idiota.

- Foi mal.

Olhou nos olhos dela, vendo aquela expressão de quem havia acabado de chorar. Sentiu seu coração acelerar, pela primeira vez, percebeu que sentia-se magoado de verdade. Magoado por vê-la sofrer. Queria mudar essa situação, mas ainda era cedo demais para ter certeza do que sentia.

- Desculpa... Por te machucar.

- Não devia pedir desculpas, já te falei que não controlamos os sentimentos. É normal ficar confuso.

- Ainda odeio te ver assim...

- Então me promete que assim que tiver certeza, vai me falar diretamente, com todas as palavras.

- Tá. Eu prometo. Só para de me olhar assim, - Desviou o olhar, envergonhado. - é estranho.

- Tô tão feia assim?

- Claro que não! É que esse olhar... É melhor não perder tempo explicando. - Segurou a cintura dela com as duas mãos, fazendo-a olhá-lo, então a beijou.

Sentiu seu corpo esquentar com aquele ato. Aproximou-se instantâneamente dela, apertando sua cintura mais forte. O desejo estava explícito, Aika também não podia negar que seu corpo aproximava-se quase que instintivamente.

- Isso é bom pra caralho. - Ele falou após recuperar o fôlego.

- Esqueceu do trauma?

- Ah, não! Não me lembra disso! - Usou as mãos para cobrir o rosto.

- Ei, calma. - Segurou as mãos dele, revelando o rosto sério e perturbado com a lembrança. - Isso foi bom, não foi? Então agora você tem certeza que não vai lembrar daquilo sempre.

- A não ser que você lembre.

- Foi mal. - Riu. - Só tava averiguando. Mas já não tem provas o suficiente? Você conseguiu aproveitar um beijo sem pensar naquele momento horrível.

- Sei não, acho que preciso de outro pra confirmar... - Falou, manhoso.

- Acho que sua cota de beijos se esgotou por hoje.

- Ei! Isso é injusto!

- Claro que não. Meus sentimentos estão em jogo.

- Tudo bem. - Suspirou.

- Mas eu não consigo dizer não. Sei que não devia, mas, acabo fazendo mesmo assim. - Aproximou-se do rosto dele. - Acho que simplesmente viciei em sentir o seu toque.

- Porra... - Reclamou, baixinho. Sentindo que agiria por impulso se continuasse assim. - Desse jeito eu não tenho escolha, não quero te machucar, caramba... Não faz isso. - Olhou para os lábios dela, sentindo que iria transbordar de desejo a qualquer momento.

𝐴𝑀𝐼𝑍𝐴𝐷𝐸 𝐶𝑂𝐿𝑂𝑅𝐼𝐷𝐴 - Denji ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora