"Sorria para a câmera. Ao menos finja que você está feliz. Afinal, nós temos que parecer uma família feliz para a mídia. Você não quer que nossa família tenha uma visão ruim, certo?"
Era isso que escutava todos os dias. Era como se fosse um robô: não sentia nada, não poderia fazer nada que esteja fora de cogitação. Estava tão acostumado, mas tão acostumado que mal ousava reclamar; aceitava, apenas dizendo um "Certo senhor". Não tinha forças para reclamar de algo que não conseguiria mudar.
Por mais que estivesse cansado de viver essa "realidade programada", viver essa realidade programada lhe fazia feliz e agradecido de qualquer forma, lhe trazia grandes benefícios. Sua mãe era uma atriz, e seu pai era um advogado famoso altamente conhecido na Coreia do Sul. Ambos tinham dinheiro, dinheiro até demais, e por isso poderia conseguir o que quisesse apenas fazendo um simples pedido a eles. Um casaco novo? Seus pais lhe davam. Um carro de controle remoto novo? Seus pais lhe davam.
Gostava de viver aquela realidade programada, gostava de receber suas recompensas depois. De qualquer forma, Min Jun se acostumou com todo esse show de atuação. Sempre quis tudo perfeito, sempre manteve em primeiro lugar a sua perfeição tanto física quanto mental também. De qualquer forma aquela padronização refletiu em si, como um espelho refletindo a imagem em sua frente.
Seus pais sempre estranharam seu comportamento, por mais que fizesse tudo que eles pediam quando as câmeras e a mídia ficavam por cima de si. Ele não via problema em ser uma pessoa diferente fora das câmeras: preferia ser mais reservado, sorrir menos e ser menos gentil. Enxergava isso como um descanso, para logo depois voltar a atuar mais uma vez.
— Já é o segundo relógio que eu perco! — Reclamava seu pai. — Já é o quinto relógio que eu compro! Como é que pode?
— Querido, você tem dinheiro para comprar outro, não tem? Então pare de reclamar!
Ouvia a conversa através do seu quarto, enquanto pintava e desenhava coisas aleatórias que vinham na sua cabeça. Sua mãe tentou diversas vezes roubar seus desenhos para levar para o que chamavam de "psicólogo", mas nunca deixou e sempre conseguia esconder debaixo da sua cama; os saltos finíssimos dos sapatos da sua mãe impediam com que ela conseguisse pegar as coisas debaixo da sua cama, e a coluna do seu pai era torta demais para ele conseguir se abaixar e conseguir levantar novamente.
Puxou uma caixa de sapato debaixo da sua cama, decorado com papel de presente que ele mesmo decorou, onde escondia todos os relógios que havia roubado das pessoas. Incluindo seu pai, alguns homens que vinham visitar seus pais, até mesmo o relógio que seu pai acabara de perder. De alguma forma gostava de ter os relógios das pessoas consigo, gostava de colecionar relógios de luxo ainda mais de outras pessoas; os relógios que ganhava da sua mãe eram sem graça demais.
"Se eu não posso ter um, posso ter de outras pessoas" pensou ele, colocando com cuidado a caixa de volta para debaixo da sua cama.
Tinha horário para dormir para evitar as olheiras, que segundo sua mãe dava uma terrível aparência de cansaço e esgotamento. Sempre ignorava esse fato, acordado até tarde fazendo qualquer coisa que ocupasse sua cabeça, e nunca ficava com olheiras ou com uma aparência cansada. Por algum motivo, não sentia sono com facilidade, mas não queria chamar aquilo de insônia para não parecer doente.
A porta do seu quarto foi aberta. Sorte que estava sentado na sua cama olhando a noite iluminada por postes da cidade pela sua janela do quarto: era sua mãe, vestindo um roupão branco com seu nome estampado no peito com uma letra chique e dourada, com alguns detalhes rústicos. Sorriu fraco para sua mãe, que retribuiu o sorriso para si.
— Vamos dormir, querido? — Se aproximou devagar, delicadamente depositando um beijo na sua testa. Logo em seguida apalpou seu cabelo a fim de saber se os apetrechos estavam devidamente colocados. — Está na hora de dormir.
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Gato de 7 Vidas
Fanfic(Kaisoo | Policial | Fantasia | Terminada) Um caso criminal de uma gravadora qualquer parecia ser fácil demais de ser resolvido, em comparação aos outros casos que o departamento secreto ficou responsável. Mas quando envolve alguém que está entre el...