Vinte: (Re)começo

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Uma das coisas ruins de estar casado com um mortal, ainda mais empresário, é que ele sempre estará ocupado toda hora, o dia inteiro.

Feiticeiros trabalham a hora que quer e terminam a hora que quer, enquanto os mortais acabam trabalhando sem parar, às vezes sem saber a hora que irão voltar para casa e ter seu tempo de descanso. O dia inteiro escutei barulho de telefones tocando dentro do seu escritório – sim, Yixing tem mais de um telefone no escritório – junto com o apertar das teclas do computador. Mal parou pra almoçar e apenas comeu um lamen instantâneo, coisa que não alimenta um mortal o bastante.

Entrei no seu escritório de fininho por estar no telefone. Sua voz era doce e paciente, mesmo passando estresse com fornecedores o dia inteiro; sentei em uma cadeira vaga, puxando sua cadeira giratória até mim, encarando seu rosto que possuía olheiras fundas de noites mal dormidas. Acariciei sua coxa, recebendo um sorriso singelo dele.

— Irei te mandar os arquivos amanhã, senhor Jung. Não se preocupe, eu explico cada detalhe deles amanhã, sem pressa. — Yixing sorriu. — Boa noite.

E desligou o telefone. Finalmente desligou o telefone. Yixing bufou, cansado, deitando sua cabeça em meu ombro; automaticamente acariciei seu cabelo, depositando um beijo na sua cabeça.

— Estou exausto. — Ele se separou, agora me encarando nos olhos. — O ruim de trabalhar o dia inteiro é que eu não consigo aproveitar nada com você. E quando tenho o tão desejado tempo, eu o uso para descansar.

— Você sabe que eu não ligo para isso. — Selei seus lábios. — Porém, ainda acho que você precisa de férias. Suas olheiras estão fundas, não que isso te deixa menos atraente. Você fica sexy.

Yixing riu.

— Sexy?

— Sim. Uma coisa... Homem trabalhador com a vida decidida. Que na cama faz absurdos para compensar o tempo estressante.

Yixing riu alto. Eu adorava sua risada, tanto quanto sua maneira de fazer amor comigo.

— Você não tem limites, Suho. — Ele sentou no meu colo. — Mas, isso por um lado faz um pouco de sentido. Acho que para nós dois.

— Também acho. Trabalhar com humanos é nada bom, eu preciso do meu esposo sentando em mim.

Yixing riu.

— Fico feliz e aliviado por te ajudar fazendo isso.

Sorrimos um para o outro, dando início a um beijo cheio de desejo e desesperado. Tanto eu quanto ele precisávamos disso: isso me faz pensar, todos os dias, que eu tive muita sorte de ter conhecido Yixing. O destino me trouxe um mortal para se relacionar comigo, um mortal que eu desejo a cada minuto que se passa do dia, e quando não consigo tê-lo, anseio para tê-lo. Muitos feiticeiros usam mortais como objetos que podem ser facilmente trocados e descartados, mas Yixing me vicia a cada beijo e a cada detalhe que faz e diz.

Sua personalidade, seu jeito, Yixing é o motivo do meu desejo.

E eu o amo pela pessoa que ele é.

Não me vejo vivendo sem ele. Sem seus beijos, sem seus surtos diários envolvendo sua empresa.

Paramos o beijo. Acariciei seu rosto e selei seus lábios, recebendo um sorriso do mesmo: eu amo esse seu sorriso pós beijo. Nos encaramos por um momento; Yixing, de repente, teve uma mudança de expressão que me assustou de alguma forma. Semicerrei meus olhos, acariciando sua cintura preocupado.

— Está pensando em alguma coisa?

— Sim...

— Quero que me conte. Seus problemas são os meus também. — Yixing respirou fundo. Sentou na sua mesa, coisa que me fez ficar entre suas pernas e encará-lo. — Pode começar. Quer conversar ao mesmo tempo que fudemos?

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