Primeiro dia

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Já se passaram uma semana, é dia de aula, meu primeiro dia na escola nova. Nova pra mim pelo menos.
Levantei e fui me olhar no espelho, olhei para meus próprios olhos verdes no espelho, eu estava com olheiras, o cabelo desgrenhado, e um mau hálito horrível.
Peguei minha escova de dentes e fui direto para o chuveiro.
A água morna era reconfortante, e era bom sentir minha boca limpa.
Mandei quatro emails para Rute, mas ela não respondeu nenhum.
As horas passaram rápido e logo estava na hora de ir para escola.
-Jeremias vai levar você - Disse minha mãe.
-Porque ele?-Perguntei mal humorado.
-Por que é caminho da empresa - explicou ela
-Legal- resmunguei irônico.

No carro Jeremias tentava puxar assunto.
-Esta animado com o primeiro dia na nova escola?

perguntou ele.

-Muito - respondi
-tem falado com sua namorada?
-humrum
-desculpe ser a causa da mudança - Disse Jeremias parecendo sincero
-Ta- falei, e então ficamos em silêncio o caminho todo. Assim que chegamos em frente a escola, eu abri a porta para sair.
-Tchau Carlos Eduardo - falou Jeremias, mas eu bati a porta e fingi que não ouvi.
Entrei e procurei por minha sala.
Assim que a encontrei entrei e fui direto para os fundos da sala de aula esperando ficar invisível.
Fiquei debruçado sobre a carteira até que ouvi o sinal tocar, e logo um professor entrou na sala.
-Boa tarde pessoal, vejo que já eram todos meus alunos no ano passado. -Disse ele, com a careca brilhando
-Menos um - observou um garoto sentado ao lado da minha carteira que me olhava.
Idiota, pensei comigo
-Queira se apresentar, para a classe. -Disse o professor que eu ainda não sabia o nome.
-sou Carlos Eduardo - falei
-Você pode fazer melhor - encorajou o professor
- Não estou aqui para me apresentar, professor...?-falei esperando que ele dissesse o nome dele
-Olavo- respondeu
-Olavo,estou aqui para estudar, não estou nem um pouco a fim de falar sobre mim, isso aqui não é mais o jardim de infância, onde as crianças pateticamente fala o que quer ser quando crescer ou o que gosta de comer e blablabla,-parei olhando para todos os rosto voltados para mim, e como o professor Olavo não falava nada só me encarava de boca aberta, eu continuei- Você devia deixar o cabelo crescer, sua careca está brilhando, e essa sua blusa marrom de lã, de que velhinho o senhor pegou?-falei sem pensar.
O professor Olavo somente saiu da sala e depois de alguns minutos voltou com um homem alto e magro, que me lembrava o seu madruga.
-Senhor Carlos Eduardo, acompanhe seu João Disse o professor.
Peguei minha mochila e segui seu João.
Ele me levou até a secretaria, onde recebi uma suspensão de dois dias por desrespeitar o professor.
Só queria ver a cara da minha mãe quando souber.
Sai da escola e resolvi ir caminhando para a casa, seria uma longa caminhada.
Talvez eu até me perdesse por não saber direito como chegar em casa.
Passei por uma viela e avistei um casal, o cara parecia nervoso e a garota assustada, parei para observar.
O cara apontava o dedo na cara da moça, e ela falava alguma coisa, derrepente ele a segurou pelo pulso, pensei em seguir meu caminho, pois aquilo não era problema meu, dei um passo para continuar meu caminho quando o cara segurou a garota pelos cabelos, escutei o grito dela de dor.
-Ei - gritei , na mesma hora. Fiquei assustado, o que eu achava que ia fazer?
-Fique fora disso - berrou o cara. Então ele jogou a garota no chão que se debatia para escapar dele.
Resolvi interferir.
-Pare - gritei correndo em direção a eles.
-Já falei para ficar fora disso- falou o cara entre os dentes.
-Deixa a garota em paz- avisei já bem perto deles.
O cara soltou a garota e veio em minha direção.
Senti o sangue esquentar.
- Você não tem nada haver com isso moleque, ela é minha namorada, eu faço o que quiser com ela - gritou ele me fuzilando com os olhos.
-Eu não sou sua namorada, não mais!-Disse a garota chorando.
-Cala essa boca- Disse ele para ela.
-Me deixe em paz - implorou a garota
-Você escutou ela, deixe ela em paz - falei fechando os punhos.
-Ta bom valentão, mas isso não termina aqui - falou em um tom ameaçador. O cara passou por mim, depois pegou em meu ombro e me girou e nesse momento me acertou um soco bem no nariz. Cai sentindo o nariz arder e tudo girou ao meu redor.
-Depois vejo você - Disse ele a garota, e foi embora.

Me sentei e encostei na parede me sentindo nauseado.
- Você está sangrando - Disse a garota me entregando um pano cor de rosa, que percebi ser uma toalha.
-Obrigado - falei
-Eu que te agradeço, se não fosse você aparecer... - Disse ela, e começou a chorar.
Eu sem saber o que fazer envolvi ela com um dos braços. E ela enroscou os dela em meu pescoço.
Deixei ela chorar, e depois quando ela já havia se recomposto eu me levantei.
-Tenho que ir pra casa - falei
- obrigada
-Não precisa agradecer, você mora aonde?
E por incrível que pareça, ela morava uma rua antes que eu.
-Como veio parar aqui?-Perguntei, dessa vez olhando com atenção para ela, ela era linda, os cabelos negros, um rostinho arredondado, as lágrimas fizeram com que a maquiagem borrace e estava escorrido de preto em baixo dos olhos marrons.
-Eu estava vindo para a escola, aí encontrei o Marcos no caminho, e ele me impediu de continuar o trajeto - respondeu ela olhando para o chão.
-Ele é seu namorado? -perguntei mesmo sabendo que não
-Naoo, ele era, mas não é mais.
-Você vai voltar para casa?-perguntei.
-Sim, eu vou contar para meus pais o que aconteceu.
-a gente vai para o mesmo lugar, quer vim comigo? -Perguntei
-Sim, obrigada
Andamos o caminho todo quietos, me ofereci para carregar a mochila dela, ela relutou, mas eu insiste e venci.
Fui com ela até a porta de sua casa.
-Muito obrigada - falou ela abrindo o portão.
-Não a de que, como se chama?
-Bianca - respondeu ela, me dando um sorrisinho acanhado e acenou me dando Tchau.
Eu acenei e segui meu caminho.

Uma garota chamada BiancaOnde histórias criam vida. Descubra agora