Filho ?

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No dia seguinte fui para a escola,sem passar na casa da Bianca, pois eu sabia que a última coisa que ela gostaria de ver era eu.
Entrei na sala e desabei na carteira. Percebi que a garota esquisita que havia me chamado de imbeciu,  vez ou outra me olhava.
- Perdeu alguma coisa aqui?-Perguntei ríspido para a garota esquisita.
- Quem sabe- respondeu mordendo o lábio.
Só me faltava essa.
Depois do intervalo esperei em frente a porta da sala da Bianca, mas ela não apareceu.
Eu não estava com paciência para assistir a próxima aula. Assim que o sinal tocou fui para o banheiro e me fechei lá. Depois de um tempo sai e fui para tras da escola.
Depois de uns dez minutos lá, a esquisita apareceu.
- oi- falou ela se sentando de frente para mim.
- O Que você está fazendo aqui ?- Perguntei ríspido
- Vim te fazer companhia
- dispenso- retruquei.
- Olha Carlos Eduardo, eu não estou afim de ficar na aula, e não queria fazer isso sozinha.
- Isso o que garota?
- cabular, e aliás, eu me chamo Angélica. - disse estendendo a mão para mim.
Continuei com os braços cruzados, mais uma garota no meio da minha história era o que eu não queria.
- tá legal, eu adoro um desafio. - falou acendendo um cigarro.
- Quer um?
- eu não fumo.
- No fundo você é um Exemplo de rapaz não é? Não fuma, provavelmente não bebé, não tem nenhuma tatuagem.
- acertou, menos a parte de que eu sou um exemplo.
- Quer ver minha tatuagem?- perguntou levantando a beira da saia minúscula que usava. Quase vi o que não devia.
- Legal- falei desviando o olhar da tatuagem de uma rosa cheia de espinhos.
- Tem muita coisa legal sobre mim que você ainda não conhece- Disse ela se aproximando de mim.
- Os dois- gritou alguém.
Olhamos para o lado e vimos o seu João
- Venham comigo.
Ele nos levou para a secretaria e a diretora convocou nossos pais para o dia seguinte.
Isso está ficando cada vez melhor.

- Não posso ir, mas Jeremias estará lá com você.
- HAA mãe, por que não a senhora?
- por que tenho consulta, Jeremias vai e pronto.

No dia seguinte chegaríamos atrasados na reunião. Tudo por que eu passei mal bem na hora de sair.
Tive que correr para o banheiro despejar meu café da manhã.

- Pontualidade excelente- falou um senhor irritado.
- perdoe nosso atraso- disse Jeremias.

- Quero saber sobre minha filha, acredito que não tenho motivo nenhum para ser chamado aqui.
- Sua filha senhor Henrique, estava cabulando aula com Carlos Eduardo.- disse a diretora
- Minha filha cabulando aula? só pode ser influência desse muleque- resmungou seu Henrique.
- E estavao fumando- completou ela.
Jeremias me olhou em dúvida.
- Fumando? Esculta aqui seu muleque eu quero você longe da minha filha- berrou seu Henrique.
- Não era eu que estava fumando- falei.
- Você não coloca a culpa em Angélica seu marginal moleque...
- Meu filho não é nenhum marginal seu Henrique- disse Jeremias. filho?
ele disse filho?
- Um garoto que leva uma menina pra cabular e fumar é o que? - perguntou com fúria.
- Carlos não levou sua filha pra cabular e fumar, meu filho não obriga ninguém a fazer nada. Se ela foi, foi por que ela quis.- falou Jeremias.
- Minha filha não fuma, seu filho a esta levando para o mal caminho.
- Pai...- disse angelica.
- Quieta menina- gritou ele.
- O Que eu sei é que Carlos não fuma. - retrucou Jeremias.
- Acalmem se, não estamos aqui para debater sobre quem fuma. o que eu quero é que conversem com seus filhos sobre isso. Se não querem assistir as aulas então não venham para a escola.

E acabou assim.
Jeremias e seu Henrique se olharam feio antes de sair da sala da diretora.

- Quer ir para casa ou quer ficar? -perguntou Jeremias para mim.

- acho que vou ficar.
- te vejo em casa então- disse me dando um tapinha nas costas.

- Ei, me desculpe - pediu Angélica quando o pai dela também havia ido embora.
- Não tem problema, só não fica atrás de mim, não é bom pra você andar com um marginal.
- Você não é um marginal.
- Não é o que seu pai acha.
- Meu pai não sabe de nada.
- Mas eu sei, é melhor não ficar muito próxima a mim.
- E se eu não quiser?- disse ela segurando minha mão.
- Angélica eu não quero me envolver com você, você pode se machucar com isso, eu sou apaixonado por uma garota e vou até o fim do mundo por ela.
- Entendi, mas eu não me importo em ser machucada por você- falou seria.
- Mas eu me importo em machucar você, desculpa.- Falei fazendo ela soltar minha mão.
Fui para a sala a passos largos sentindo o olhar dela em minhas costas.

Quando cheguei em casa me sentei no sofá ao lado de Jeremias.
- Jeremias- falei.
- oi- disse me olhando.
- Eu só quero te agradecer por falar por mim e me defender hoje.
- Esse é meu papel, é o que os pais fazem!
senti um nó na garganta, Jeremias realmente me tinha como um filho.
- E obrigado por acreditar em mim - falei agradecido.
- Eu conheço bem você, e sei que você assume o que faz, e se você disse que não estava fumando, então não estava.
O jeito que Jeremias estava me tratando era tocante para mim, nem minha mãe acreditava tanto em mim como Jeremias vinha acreditando.
Sem falar nada meu padrasto me abraçou e me fez recordar como é abraçar um pai.
- Minha mãe já sabe da conversa na escola?- perguntei
- sabe, menos da parte do cigarro- disse piscando para  mim.

Uma garota chamada BiancaOnde histórias criam vida. Descubra agora