GPS de visões

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No meio da noite, horas depois que todos chegaram para descansar do dia corrido, mas muito agradável, Dália acordou passando muito mal, então ela foi ao banheiro jogar uma água no rosto e tentar se acalmar. Sentia o ambiente normal, e não parecia estar assim por causa de uma comida diferente que comeu, era uma outra coisa que estava a perturbando. A humana se apoiou na parede, fechando os olhos e respirando fundo, mas tudo isso apenas piorou.

Em uma fração de segundos sua mente captou a cena em que a garota estava presa; tudo pegava fogo e o pavor era tanto que ela não conseguia falar. Não quis abrir os olhos novamente, temendo que sua imaginação lhe pregasse uma peça e ela sentisse tudo mais real do que já tinha visto. Escorregou até o chão, abraçando as pernas e se encolhendo. Não tinha forças para ficar em pé, até seus braços estavam tremendo por fazer esforço em enlaçar os joelhos. Como aquilo tinha acontecido? Desde quando ela tinha visões?

Eros, que estava no quarto, acordou sentindo um aperto no peito e estranhou quando olhou para a cama ao lado e viu apenas Jasmin dormindo. Passou os olhos por todo o cômodo e quando não viu a namorada se levantou, seguindo para o corredor com cautela em não acordar a cunhada. Atravessou a extensão que ligava o quarto ao banheiro ao perceber que a luz deste estava acesa, mas a porta não estava fechada. Ao parar no batente, preocupou-se quando viu Dália deitada no chão, encolhida e chorando muito. Se aproximou agilmente, tocando em sua mão, que cobria as írises, a fazendo recuar.

- Lia, sou eu – A voz de Eros entrou em sua audição e desesperadamente ela o abraçou – Por que está no chão? Vai ficar resfriada, princesa. Ei, precisa se acalmar – cortava o coração do semideus ver a mais nova chorar daquele jeito. Alguma coisa muito séria tinha acontecido.

- T-Tinha fogo... E-E... S-Sem saída...

- Shhh, se acalme primeiro, tá bem? – o maior ergueu a humana nos braços e se assustou no momento em que o rosto de Dália encostou em seu pescoço – Pelos deuses, você está ardendo de febre! Vamos voltar para o quarto, ok? – o ser de asas levou a namorada de volta e a deitou em sua cama, pois não queria que Jasmin acordasse, sabia que Dália não gostaria de deixar a irmã preocupada, pelo menos não tarde da noite.

- Vou pegar um remédio pra você.

- N-Não quero dormir... – a garota de cabelos castanho-claro murmurou, balançando a cabeça em negação, então Eros sentou ao lado dela, passando os polegares suavemente nas suas bochechas para secar as lágrimas, que infelizmente voltavam a cair.

- Amor, é só para você ficar um pouquinho mais calma.

- E-E se eu v-voltar a ver a-aquela cena de novo? É-É assustador...! Não posso... f-fechar os olhos...

- Não vai ver, linda, vou estar com você.

- I-Igual ontem?

- Uhum, igual ontem. Fique aqui, eu volto logo – o semideus beijou a testa da mais nova e saiu, indo rapidamente na cozinha e pegando um calmante e um copo de água, voltando no mesmo minuto.

- Toma só esse, sim? - Dália encarou o remédio e o namorado, depois fez uma expressão como se fosse chorar outra vez.

- M-Mas eu tenho medo... Vai acontecer de verdade?

- Eu não sei, princesa. Em todas as hipóteses estarei aqui. Agora tome o remédio para você descansar - a humana fez o que lhe foi pedido e se deitou, puxando o namorado para deitar consigo.

- Está quentinha?

- Estou. Tenho muita febre?

- Sim, mas amanhã já estará melhor, é só dormir um pouco.

A força das almas gêmeas: Mundos LibertosOnde histórias criam vida. Descubra agora