A força das almas gêmeas: Mundos Libertos

A verdade atraindo problemas

 - Boa tarde, senhores, o que desejam? – um dos guardas da entrada do templo perguntou assim que os três pousaram no local. Dália estava apreensiva, mas queria que tudo desse certo entre ela e o pai.

- Queremos falar com Armonic, é urgente e muito importante – Aron se antecipou, e o guarda viu que ele era um anjo, então preferiu avisar o deus, eles não pareciam más pessoas. Fez sinal para o colega ao seu lado e este sumiu pela pequena porta ao lado, voltando um pouco antes do grande portão de raios se abrir.

- Podem entrar, o senhor Armonic os espera na sala do trono – Eros agradeceu e os três passaram pela entrada. O semideus segurava a mão da garota, que observava todo o interior do que parecia mais um palácio ao invés de um templo. Ao longe, no fundo da sala, um homem de porte poderoso estava parado em pé ao lado do trono, com uma expressão imponente, mas que aos poucos foi se tranquilizando ao ver a silhueta perfeita de sua filha, a quem reconheceu no mesmo instante, tão parecida com a mãe.

- Oh, minha filha, minha menina – Dália correu e abraçou o pai quando viu que ele a reconheceu sem que ela dissesse algo. Sentia uma alegria tão imensa, maior do que quando encontrou Matthew. Era seu pai biológico, sangue do seu sangue, e estava muito feliz por isso – Me perdoe por todo o mal que te fiz passar.

- Não se desculpe, foi para me proteger de algo muito maior, eu sinto isso, pai.

- Lamentei, em todos os momentos, o dia que te deixei naquele mundo, o dia em que não podia mais interferir na sua vida ou avisar quando estivesse correndo riscos. Eu sinto tanto, minha princesa – Dália chorava. Já tinha um amor incondicional pelo pai. Sabia que ele lhe contaria tudo desde o começo; sabia que tudo iria se revelar; saberia sua identidade; sua origem; e o início da sua vida; era tudo o que mais queria naquela tarde.

- O que... o que aconteceu... para me levar ao outro mundo? – a garota perguntou, sem se conter, tinha que descobrir a verdade. Suas pernas falharam e ela sentiu-se fraca.

- Filha, sente-se aqui – o pai apoiou a adolescente no trono confortável e Dália respirou fundo, sentindo a outra presença que queria por perto.

- Estou aqui com você também, fique calma, meu amor – Eros segurou sua mão e a beijou, tranquilizando a mais nova – Melhor?

- Sim. Acho que foi emoção demais para eu resistir – ela riu fraco e olhou para Armonic – Me diz o que houve, pai, por favor.

- Não se estresse, meu bem, está sensível sem o objeto místico – ela afirmou, e terminou de se acalmar, esperando o progenitor falar – A sua mãe era tudo para mim, mesmo sendo humana, eu a amava, então você nasceu. Mais tarde descobri que ela era uma deusa também e havia se transformado em humana por motivos que ela não quis me contar, também não cheguei a saber qual deusa ela é, já que poderia ser perigoso demais. Porém, antes de voltar à sua forma normal, a última coisa que ela me falou foi: "Nós duas estamos correndo perigo, cuide dela como se fosse a sua vida". Então uma guerra começou, inúmeras pessoas morreram. O único problema era que, na verdade, todo esse massacre era porque eles estavam atrás de você. Percebi que sendo um deus, mesmo que supremo, você correria perigo se continuasse aqui. Eu não tive alternativa a não ser te enviar para o mundo dos humanos. Mas algo que eu não sabia, era que você poderia cair em mãos erradas, eu não tinha ideia disso. Te acompanhei todos esses anos, sem poder interferir na sua vida; e seu pai adotivo era um vilão. Eu não via problema, desde que ele te tratasse bem. E foi o que aconteceu, ele te amava muito, e te protegia como se você fosse um anjo. Mas sendo um vilão, você corria perigo de novo. A ex-esposa dele descobriu sobre você, exatamente tudo, que você era daqui e era um anjo muito poderoso. Ela desvendou a forma de adormecer seus poderes e te sequestrou quando tinha um aninho. Depois se casou com outro homem, mau como ela e os dois tiveram três filhos. Sua nova família era ruim, você bem sabe, mas me alegrava saber que estava feliz por ter irmãos mais novos e que mesmo passando por qualquer violência seguiria em frente, uma pena que era por eles, e não por você. Mas ver que a sua vontade de ajudar e proteger fez de você uma heroína me alegrava imensamente. Então você cresceu, e conheceu o amor; sua alma gêmea, um semideus imponente e frio, mas que acima de tudo, te ama, te protege e te conforta, que mudou a sua forma de se ver, te fazendo reconhecer o valor que você tem, e ao contrário também, você fez dele um homem amoroso e sensível, isso também me deixou feliz. Porém, não parava por aí, você se meteu em problemas maiores, seus irmãos viraram meio-irmãos, e a sua vida virou do avesso novamente, mas sabia que juntos conseguiriam vencer esse desafio. Esse ano, finalmente consegui solicitar que viesse para cá e assim poderia falar com você, te alertar sobre as tragédias e te ver pessoalmente. Eu te amo muito, filha, você é a minha princesa, e a princesa desse mundo.