Capítulo Sete 🔥

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"Aprender com a vida é bom, mas aprender com a Srta. Pereira é melhor ainda."

Maraisa fez a mesma maldade que fiz com ela no domingo passado. Serviu-se de um prato gigantesco de feijoada, uma mulher gostosa daquela precisava se manter, arroz, couve e farofa e foi comendo sem esboçar reação alguma. Eu estava achando uma delícia, mas vai saber, né? A cozinheira era ela.

Fiquei apreensiva durante todo o almoço, que realizamos na minha sala nova, com mesa nova, pratos novos, talheres novos... certo, isso me fez ficar contente, tirando a angústia que sentia ao esperar suas críticas.

Precisei fazer mais caipirinha, pois nem ela e nem eu paramos em um copo só. Tudo bem, fiz mais fraca, colocando mais gelo do que cachaça.

– Ai, meu Deus! – Gritei quando ela deu a última garfada. – Esqueci de fazer uma sobremesa! Que droga! Como sou lerda! – Dei um tapa na minha testa.

Ela gargalhou.

– Não se preocupe, Marília, tem pudim de morango lá em casa... você vai amar o meu pudim. – Acrescente um sorriso malicioso aqui.

Encarei-a e os três copos de caipirinha me fizeram dizer:

– Aposto que sim. Deve ser bem firme o seu pudim. – Pereira sorriu ainda mais amplamente.

– Vai sentir a consistência mais breve do que imagina. – Falou baixinho. – Vou lá buscar. – Agarrei o seu braço.

Ok, eu estava ficando bêbada.

– Não! Primeiro me diga o que achou da feijoada!

Ela segurou a mão que a tocava, depois a alisou devagarzinho, sem desviar os olhos de mim. Não ousei me mexer. Seus dedos percorreram o meu antebraço e foram subindo até os meus ombros, circularam o meu pescoço e continuei sem me mexer. Só percebi que um rastro quente de desejo foi deixado na minha pele quando a maldita parou de me tocar.

– Trabalho em um restaurante que serve pratos típicos de diversas regiões do país. Os caras são muito bons... – Senti o meu corpo congelar. Sabia que ela ia me criticar pesado. – Eu me espelho neles, na verdade. Não me olha desse jeito, Marília...

Resfoleguei.

– Desculpa, é que estou nervosa! – Sorriu. Senti o meu rosto corar.

– Não fique nervosa... só mordo se me pedir. – Sussurrou.

Minha boceta deu uma vibrada e a cor do meu rosto não deve ter melhorado muito.

– Você está me enrolando, diga logo!

Ela gargalhou. Maraisa se levantou da cadeira e puxou a minha mão, obrigando-me a levantar também, fiquei a observando feito uma retardada.

– O que eu quero dizer é que esses filhos da mãe que passaram anos estudando sobre comidas típicas ainda não conseguiram fazer uma feijoada tão saborosa quanto a sua, Marília. – O vermelho do meu rosto deve ter dado lugar ao branco. – Estou impressionada!

– Ah, Maraisa! – Não resisti.

Simplesmente me atirei no pescoço dela. Dei-lhe um abraço forte, com direito a um quase sufocamento. Ela revidou o abraço, envolvendo seus braços firmes na minha cintura. Achei que pudesse derreter feito açúcar misturada em água a minha vizinha gostosa começou a rir sem pausas.

– Acho melhor você me largar, não posso usar o meu sangue para outra coisa além da digestão. Desse jeito vou ter um AVC.

Envergonhada, larguei-a bem depressa. Quando menos percebi, estávamos rindo da situação.

A VIZINHA DO 119 | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora