"Aprender com a vida é bom, mas aprender com a Srta. Pereira é melhor ainda."
Maraisa fez a mesma maldade que fiz com ela no domingo passado. Serviu-se de um prato gigantesco de feijoada, uma mulher gostosa daquela precisava se manter, arroz, couve e farofa e foi comendo sem esboçar reação alguma. Eu estava achando uma delícia, mas vai saber, né? A cozinheira era ela.
Fiquei apreensiva durante todo o almoço, que realizamos na minha sala nova, com mesa nova, pratos novos, talheres novos... certo, isso me fez ficar contente, tirando a angústia que sentia ao esperar suas críticas.
Precisei fazer mais caipirinha, pois nem ela e nem eu paramos em um copo só. Tudo bem, fiz mais fraca, colocando mais gelo do que cachaça.
– Ai, meu Deus! – Gritei quando ela deu a última garfada. – Esqueci de fazer uma sobremesa! Que droga! Como sou lerda! – Dei um tapa na minha testa.
Ela gargalhou.
– Não se preocupe, Marília, tem pudim de morango lá em casa... você vai amar o meu pudim. – Acrescente um sorriso malicioso aqui.
Encarei-a e os três copos de caipirinha me fizeram dizer:
– Aposto que sim. Deve ser bem firme o seu pudim. – Pereira sorriu ainda mais amplamente.
– Vai sentir a consistência mais breve do que imagina. – Falou baixinho. – Vou lá buscar. – Agarrei o seu braço.
Ok, eu estava ficando bêbada.
– Não! Primeiro me diga o que achou da feijoada!
Ela segurou a mão que a tocava, depois a alisou devagarzinho, sem desviar os olhos de mim. Não ousei me mexer. Seus dedos percorreram o meu antebraço e foram subindo até os meus ombros, circularam o meu pescoço e continuei sem me mexer. Só percebi que um rastro quente de desejo foi deixado na minha pele quando a maldita parou de me tocar.
– Trabalho em um restaurante que serve pratos típicos de diversas regiões do país. Os caras são muito bons... – Senti o meu corpo congelar. Sabia que ela ia me criticar pesado. – Eu me espelho neles, na verdade. Não me olha desse jeito, Marília...
Resfoleguei.
– Desculpa, é que estou nervosa! – Sorriu. Senti o meu rosto corar.
– Não fique nervosa... só mordo se me pedir. – Sussurrou.
Minha boceta deu uma vibrada e a cor do meu rosto não deve ter melhorado muito.
– Você está me enrolando, diga logo!
Ela gargalhou. Maraisa se levantou da cadeira e puxou a minha mão, obrigando-me a levantar também, fiquei a observando feito uma retardada.
– O que eu quero dizer é que esses filhos da mãe que passaram anos estudando sobre comidas típicas ainda não conseguiram fazer uma feijoada tão saborosa quanto a sua, Marília. – O vermelho do meu rosto deve ter dado lugar ao branco. – Estou impressionada!
– Ah, Maraisa! – Não resisti.
Simplesmente me atirei no pescoço dela. Dei-lhe um abraço forte, com direito a um quase sufocamento. Ela revidou o abraço, envolvendo seus braços firmes na minha cintura. Achei que pudesse derreter feito açúcar misturada em água a minha vizinha gostosa começou a rir sem pausas.
– Acho melhor você me largar, não posso usar o meu sangue para outra coisa além da digestão. Desse jeito vou ter um AVC.
Envergonhada, larguei-a bem depressa. Quando menos percebi, estávamos rindo da situação.
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A VIZINHA DO 119 | MALILA
FanficA analista de sistemas Marília Mendonça aos 28 anos finalmente compra um imóvel e realiza o sonho de morar sozinha. Assim que ela se muda para a casa de número 120 descobre que sua nova vizinha, Maraisa, é uma chef de cozinha bonita, jovem e safada...