"Medindo os limites da minha paciência, da minha esperança e da minha capacidade de articular planos cruéis para conquistar a safada."
Acho que a Maraisa não acreditou muito quando adentrei o quintal do Sr. Pereira pai, desfilando o meu biquíni branco e a minha canga da bandeira do Brasil, estava prontíssima: tinha a pele protegida pelo protetor solar que coloquei em casa mesmo, uma garrafa térmica com caipirinha pronta bem geladinha e o ânimo renovado. Acordei realmente disposta naquela manhã.
A safada sorriu com ar de surpresa durante todo o meu trajeto até a mesa, que já exibia carnes temperadas, prontas para irem à churrasqueira, e verduras recém-cortadas. Peguei dois copos, sem nada falar, e nos servi da caipirinha do mesmo modo como ela havia feito na noite anterior.
Fizemos um pequeno brinde, e só então reparei que Maraisa estava trajando um avental branco de cozinheira por cima do biquíni branco e da velha sunga vermelha. Sinceramente, vê-la daquele jeito me fez entregá-la mentalmente o prêmio de mulher mais sexy do ano.
- Pensei que não viria... - Falou depois de alguns goles enormes e de passar as mãos no cabelo o deixando de um jeito mais sexy.
- Por que eu não viria? - Fui desamarrando o nó da minha canga sob seu olhar curioso, fingi que estava pouco me lixando.
- Sei lá, você está triste, sei que se esforça para estar aqui...
Coloquei a canga em cima dos bancos, sentindo-me ótima por ter conseguido sua total atenção para o meu corpo, e parei para lhe oferecer um sorriso amigável.
- "Um amigo me chamou para cuidar da dor dele, guardei a minha no bolso, e fui..." - citei com ar divertido.
- Você é impressionante, vizinha.
- Obrigada, você também é. - Pisquei um olho só para provocar, Pereira prendeu os lábios, novamente analisando a minha pele exposta. - Por falar nisso, qual é o cardápio de hoje?
Nem consegui conter o tamanho da minha fome. Cabiam dois planetas terra dentro dela. As minhas tripas estavam fazendo um barulho esquisito desde que acordei. Ouvi seu riso animado, era o que sempre soltava quando falávamos sobre comida, cozinha e afins.
- Fiz aquela farofa que você gostou!
- Oba! - Ergui os braços, procurei a bendita farofa pela mesa e a encontrei dentro de uma vasilha. - E os tomates?
- Aqui! - Maraisa riu e me ofereceu uma pequena travessa de vidro, peguei um tomate com a mão mesmo e o levei até a minha boca.
Como previsto, estava bem temperado; o troço derretia na boca e explodia de um jeito viciante. Sério! Até os tomates da vizinha eram suculentos, estavam sempre bem madurinhos, vermelhinhos e saborosos. Eu nunca conseguia comprar frutas e verduras de qualidade, é um saco fazer feira sem entender muito do assunto.
- Delícia! - Exclamei, percebendo que a cretina acompanhava os movimentos da minha boca.
- Isso é porque ficou faltando um tempero especial neles. - Ergueu uma sobrancelha.
- Mesmo? Qual? - Perguntei na maior inocência.
- A minha saliva.
Eita, caralho! Fiz cara de besta enquanto ouvia seu sorrisinho safado perturbar o meu juízo, peguei um pano de prato, que estava em cima da mesa e o joguei na cara dela. Maraisa gargalhou alto, sacudindo o pano de volta. Dei língua, ela num instante parou de rir.
- Ainda bem que você não cuspiu nos tomates. Eca!
- Oh, não, não... a minha saliva precisa se unir ao tomate enquanto ele estiver na sua boca. - Gesticulou como uma profissional dando aula de gastronomia. - É assim, e somente assim, que funciona.
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A VIZINHA DO 119 | MALILA
FanficA analista de sistemas Marília Mendonça aos 28 anos finalmente compra um imóvel e realiza o sonho de morar sozinha. Assim que ela se muda para a casa de número 120 descobre que sua nova vizinha, Maraisa, é uma chef de cozinha bonita, jovem e safada...