Capítulo Quinze

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"É engraçado seguir caminhos opostos e chegar ao exato lugar que você estava evitando o tempo todo."

Maraisa tinha colocado alguma coisa no forno quando cheguei a sua casa e fiquei muito surpresa por ela ter se lembrado de desligar tudo antes de sair. O meu desespero era tanto que só conseguia chorar sem pausas, pensando no quanto podia ser grave o que estava acontecendo com a minha avó, Maria não havia me dado detalhe algum; pudera, no estado em que nos encontrávamos, nem se ela quisesse me explicar eu iria entender.

Seguimos rapidamente no carro dela, que de fato era o Siena que vivia atrás do meu Sandero. Maraisa ficava murmurando o tempo todo para que eu tivesse calma, não sei direito se funcionava, acho que não. A minha avó era uma parte muito importante de mim mesma, difícil imaginá-la doente mesmo sendo tão idosa, a gente nunca acha que alguma coisa mais séria pode acontecer com quem amamos. É como se elas tivessem a obrigação de serem imortais, eu realmente queria que fossem.

Desci do carro antes mesmo de Maraisa arranjar uma vaga para estacionar. Atravessei o salão da recepção e encontrei Maria chorando em um canto, provavelmente me esperando chegar, abracei-a assim que nos encontramos e ela chorou ainda mais alto.

– O que aconteceu, pelo amor de Deus? – Choraminguei a pergunta, tentando ser forte diante da minha irmã mais nova.

Sempre via como sendo minha obrigação ser mais firme do que ela, não importando o que ocorresse.

– Ela quase morreu, Lila. Foi por muito pouco!

– Não, não diga isso...

– Teria ido embora se não tivéssemos a socorrido tão depressa! Ela está na UTI agora.

Ainda não tínhamos nos largado quando senti outros braços se aproximando de nós, era Luiza, abracei-a com bastante força.

– Como ela está? O que aconteceu, gente? – Sentia-me cada vez mais desesperada, sabia que a minha prima trabalhava aos sábados até o meio-dia e se estava ali só significava uma coisa: o estado de saúde da nossa avó era grave.

– Nós pensávamos que era uma gripe forte... – Maria tentou explicar, mas a voz chorosa quase não me permitiu entender. – Estava tudo sob controle, mas... hoje pela manhã, vovó começou a ficar roxa, resolvemos trazê-la ao hospital, mas a situação foi piorando no caminho... ela começou a suar frio, até que desmaiou.

Levei uma mão à boca.

– O médico disse que ela está com pneumonia causada por uma bactéria. – Completou Luiza, olhou feio para Maria em seguida. – Ela devia estar sendo tratada há um tempo, assim evitaria o estágio em que chegou.

Oh, minha nossa, minha mãe certamente tinha inventado de medicá-la com xarope e sopa quente, claro que não podia funcionar.

– Que estágio? – Solucei.

– A infecção piorou consideravelmente. – Continuou – Vovó teve uma parada respiratória que quase gerou uma parada cardíaca, a sorte foi que seu coração continuou batendo...

Solucei mais umas três vezes seguidas, Luiza começou a chorar e Maria, idem. Senti mãos envolvendo a minha cintura; era Maraisa. Abracei-a e entrei no maior choreiro, nem acompanhei as reações das meninas diante dela, mas ouvi sua voz falar baixinho:

– Sou a vizinha dela, posso ajudar em alguma coisa?

– Não se pode fazer nada além de esperar a vovó reagir. – Disse Maria aos prantos, só depois que olhou melhor para Maraisa, esbugalhou os olhos. É, ela tem esse efeito. – Ela está em coma induzido, para que a infecção seja tratada.

A VIZINHA DO 119 | MALILAOnde histórias criam vida. Descubra agora