"É engraçado seguir caminhos opostos e chegar ao exato lugar que você estava evitando o tempo todo."
Maraisa tinha colocado alguma coisa no forno quando cheguei a sua casa e fiquei muito surpresa por ela ter se lembrado de desligar tudo antes de sair. O meu desespero era tanto que só conseguia chorar sem pausas, pensando no quanto podia ser grave o que estava acontecendo com a minha avó, Maria não havia me dado detalhe algum; pudera, no estado em que nos encontrávamos, nem se ela quisesse me explicar eu iria entender.
Seguimos rapidamente no carro dela, que de fato era o Siena que vivia atrás do meu Sandero. Maraisa ficava murmurando o tempo todo para que eu tivesse calma, não sei direito se funcionava, acho que não. A minha avó era uma parte muito importante de mim mesma, difícil imaginá-la doente mesmo sendo tão idosa, a gente nunca acha que alguma coisa mais séria pode acontecer com quem amamos. É como se elas tivessem a obrigação de serem imortais, eu realmente queria que fossem.
Desci do carro antes mesmo de Maraisa arranjar uma vaga para estacionar. Atravessei o salão da recepção e encontrei Maria chorando em um canto, provavelmente me esperando chegar, abracei-a assim que nos encontramos e ela chorou ainda mais alto.
– O que aconteceu, pelo amor de Deus? – Choraminguei a pergunta, tentando ser forte diante da minha irmã mais nova.
Sempre via como sendo minha obrigação ser mais firme do que ela, não importando o que ocorresse.
– Ela quase morreu, Lila. Foi por muito pouco!
– Não, não diga isso...
– Teria ido embora se não tivéssemos a socorrido tão depressa! Ela está na UTI agora.
Ainda não tínhamos nos largado quando senti outros braços se aproximando de nós, era Luiza, abracei-a com bastante força.
– Como ela está? O que aconteceu, gente? – Sentia-me cada vez mais desesperada, sabia que a minha prima trabalhava aos sábados até o meio-dia e se estava ali só significava uma coisa: o estado de saúde da nossa avó era grave.
– Nós pensávamos que era uma gripe forte... – Maria tentou explicar, mas a voz chorosa quase não me permitiu entender. – Estava tudo sob controle, mas... hoje pela manhã, vovó começou a ficar roxa, resolvemos trazê-la ao hospital, mas a situação foi piorando no caminho... ela começou a suar frio, até que desmaiou.
Levei uma mão à boca.
– O médico disse que ela está com pneumonia causada por uma bactéria. – Completou Luiza, olhou feio para Maria em seguida. – Ela devia estar sendo tratada há um tempo, assim evitaria o estágio em que chegou.
Oh, minha nossa, minha mãe certamente tinha inventado de medicá-la com xarope e sopa quente, claro que não podia funcionar.
– Que estágio? – Solucei.
– A infecção piorou consideravelmente. – Continuou – Vovó teve uma parada respiratória que quase gerou uma parada cardíaca, a sorte foi que seu coração continuou batendo...
Solucei mais umas três vezes seguidas, Luiza começou a chorar e Maria, idem. Senti mãos envolvendo a minha cintura; era Maraisa. Abracei-a e entrei no maior choreiro, nem acompanhei as reações das meninas diante dela, mas ouvi sua voz falar baixinho:
– Sou a vizinha dela, posso ajudar em alguma coisa?
– Não se pode fazer nada além de esperar a vovó reagir. – Disse Maria aos prantos, só depois que olhou melhor para Maraisa, esbugalhou os olhos. É, ela tem esse efeito. – Ela está em coma induzido, para que a infecção seja tratada.
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A VIZINHA DO 119 | MALILA
أدب الهواةA analista de sistemas Marília Mendonça aos 28 anos finalmente compra um imóvel e realiza o sonho de morar sozinha. Assim que ela se muda para a casa de número 120 descobre que sua nova vizinha, Maraisa, é uma chef de cozinha bonita, jovem e safada...