CAPÍTULO 11

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26/06/2022 - Los Angeles                      22:53pm

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26/06/2022 - Los Angeles                      22:53pm


Estou andando pela sala de Alex em círculos tentando processar os acontecimentos das últimas horas. O dia estava extremamente calmo, até que de repente, tudo virou uma zona e o caos se instalou por todos os andares do San Albert.

Sinto como se tivesse entrado no modo automático no segundo seguinte em que ouvi as sirenes e fui informado do ocorrido, não sei o que deu em mim mas ao ouvir que a garota a qual estava acompanhando a pouco tempo estava envolvida no acidente senti algo estranho.

Algo que não estou acostumado a sentir e muito menos sei o que é.

Quando me dei conta, já estava descendo pelas escadas até a entrada de emergência para acompanhar de perto enquanto retiravam a garotinha desacordada da ambulância e a levavam com o máximo de cuidado em direção ao UTI.

Agora, após ficar quatro horas em uma cirurgia de emergência para retirar um pedaço de ferro que se instalou em seu estômago não consigo parar de me sentir mal por seu estado, mesmo estabilizada ela corre grandes chances de não sobreviver caso não consiga a autorização para transfusão de órgãos em no máximo duas horas.

— Josh por favor, se acalme – Alex diz pela milésima vez e quando estava prestes a responder me viro assustado ao ouvir a porta ser aberta com um empurrão, revelando uma cacheada com a expressão cansada, assustada e preocupada ao mesmo tempo.

— O que você está fazendo aqui? Não devia estar em cirurgia agora? – Gabrielly pergunta com o cenho franzido e os olhos levemente arregalados.

— Não tempos muito tempo, entre Any – Alex diz e a garota assente entrando e fechando a porta atrás de si – Josh... Por favor – o homem de meia idade faz um gesto em minha direção para que eu explique o que está acontecendo e engulo em seco sob o olhar observador da garota.

— Ela está estável no momento mas seu abdômen foi perfurado, atingiu o fígado. Se eu não fizer um transplante ela vai morrer – Digo nervoso e vejo quando o rosto da mulher perde a cor e ela se apoia na porta respirando fundo.

— Mas não pode ser qualquer fígado... – ela diz em sussurro e assinto mantendo meu olhar em cada reação sua.

Sei que está sendo mais difícil para ela do que para qualquer outra pessoa e uma parte de mim teme o que pode acontecer caso a garota não resista. 

Ela vai resistir.

Ela tem que resistir.

— Uma garotinha que estava no ônibus faleceu, os pais dela decidiram pela doação dos órgãos... Estamos esperando o resultado do teste sair – digo com cautela e ela levanta o olhar até mim com um semblante mais esperançoso.

— Ok. E qual é o problema? – ela pergunta esbaforida e parecendo um pouco irritada.

— Esse tipo de procedimento precisa de autorização, os pais dela não estão mais presentes e eu não posso me responsabilizar 100% pelo que irá acontecer – Digo com ainda mais cautela e ela me olha de uma forma que não consigo decifrar, um misto de confusão e incredulidade talvez!?

— Mas você já... – antes que ela possa completar sua fala a porta é aberta novamente revelando um Noah suado e ofegante, como se tivesse acabado de correr uma maratona.

— Noah? – Any e eu falamos em uníssono e meu amigo assente respirando fundo para recuperar o fôlego enquanto tira alguns papéis de sua pasta.

— Os papéis são autênticos Alex, basta eles assinarem – o moreno diz entregando uma pasta para Alex e olho confuso na direção de Any que já me olhava da mesma forma.

— O que está acontecendo aqui? – pergunto curioso, em silêncio, Noah me entrega uma provável cópia dos documentos nas mãos de Alex e outra para Any que olha confusa para o papel em suas mãos.

Enquanto leio o que está escrito sinto como se meu coração fosse sair pela boca a cada palavra escrita naquela única folha, que foi capaz de trazer lembranças que eu jurava ter esquecido e que agora parecem mais frescas do que eu gostaria.

- Eu... Eu não posso. Não posso me responsabilizar por uma criança que não é minha – minha voz sai antes mesmo de eu conseguir formular um pensamento coerente e ao erguer meus olhos do papel para Any vejo uma pintada de tristeza e decepção em seu semblante.

E apesar de sentir uma sensação incômoda na boca do estômago não consigo voltar atrás no que disse, sequer consigo me mexer ou sustentar o olhar da garota, que parece ter esperado algo diferente do que acabou de ouvir.

— Any? Estamos sem tempo – Alex diz de forma calma mas firme fazendo a garota balançar a cabeça parecendo sair dos seus devaneios e vejo quando ela engole em seco antes de caminhar até a mesa do mais velho e pegar uma careta que estava próxima.

Enquanto ela assina aquilo e se responsabilidade pela vida de uma criança só consigo observar e de certa forma admirar sua coragem. Ao terminar de assinar a copia e a documentação original ela deixa a caneta de lado e sai em passos apresados da sala sem esperar comentários ou falar com ninguém.

Fico alguns segundos olhando para a porta a qual ela acabara de passar até que Noah pigarreia chamando minha atenção para si.

— Você podia ter sido mais gentil com suas palavras... – o garoto pontua e respiro fundo passando a mão na testa enxugando o suor que se acumulava no local devido o nervosismo.

— Isso não importa agora, eu sabia eu ela assinaria então agora só precisamos do... – antes que Alex possa terminar de falar o telefone em sua mesa toca e ele atende rapidamente, o silencio recai sobre a sala enquanto ele escuta atentamente a pessoa do outro lado da linha – Certo... Ok... Obrigada  – ele encera a ligação e suspira aliviado me deixando ainda mais nervoso – O teste deu positivo, e compatível, vai, agora! – Ele diz com um gesto para que eu saia da sala e assim o faço.

Enquanto descia de elevador até o andar onde Mia estava mandei mensagem para Kaycee e dois residentes informando que precisaria deles, apesar de minha primeira opção ter sido Any eu não posso envolve-la já que a mesma tem um laço emocional com a garota e isso poderia acabar prejudicando o procedimento.

Assim que chego no quarto da garotinha encontro Gabrielly ao lado de sua cama observando um pouco atónita o leve sobe e desce do peito da menor. Com cuidado para não assusta-la toco seu ombro fazendo ela dar um pulo no lugar e se virar em minha direção, só então percebo que seus olhos estão marejados, novamente sinto aquela sensação estranha no estômago.

— O teste deu positivo então vim leva-la para a sala de cirurgia – digo e ela assente parecendo perdida em seus pensamentos – tudo bem? – pergunto e antes que ela possa responder dois enfermeiros entram na sala para me ajudar com a maca e quando me dou conta Any já não está mais no quarto.

Accidentally Love - 𝑩𝒆𝒂𝒖𝒂𝒏𝒚Onde histórias criam vida. Descubra agora