Capítulo Sete

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Terminei de limpar os utensílios da cozinha do café e só então me permiti parar e virar para o Noah, que não para de tagarelar no meu ouvido desde cedo.

— Estou dividida entre achar graça e achar idiota. - Tirei o avental do meu corpo, faz poucos minutos que nosso expediente acabou e finalmente vamos pra casa.

— Eu acho que isso é um indicativo bom pra você, pensa comigo, se ela tomou essa decisão, é porque se sentiu afetada, ou seja, talvez tenha algum interesse aí, mesmo que ela não demonstre.

— Ou pode ser apenas ego. - Passei por ele e bati a mão na aba do seu boné, fazendo o mesmo cair pra trás e Noah me xingar. — Vamos embora.

O que aconteceu? Bem, algo um tanto inesperado por mim, nesse final de semana tínhamos decidido retornar a Paradise, gastar nossas últimas míseras economias naquele lugar de valores absurdos, mas então Normani nos surpreendeu com uma informação que ela ficou sabendo e estava receosa de me contar, mas com a decisão de irmos até lá, ela achou por bem me contar antes que eu passe vergonha (outra vez), Camila simplesmente tornou restrito o meu acesso a Paradise, o que fiquei sabendo é que os seguranças têm ordens para não me deixar entrar, e pasmem, até foto minha foi passada pra eles, para que nenhum equívoco aconteça. Noah insiste que tal atitude é uma resposta pelo acontecimento no dia do almoço: eu recusar a carona dela e de aceitar a de uma suposta rival sua. Me arrependo? Nenhum pouco, apenas agi conforme pedia a situação, ela estava praticamente me negando uma simples carona, então quando aparece alguém disposto a isso ela muda de ideia e quer que eu ache isso aceitável? Jamais, não posso deixar ela achar que tem tanto poder sobre mim, embora, talvez, tenha.

— Então oficialmente está desistindo da Camila? - Noah perguntou enquanto entrávamos em seu carro.

— Exatamente. - Coloquei o cinto e dei play no som.

No mesmo instante meu amigo desligou novamente o aparelho e me olhou.

— Não sei se eu quero que você desista.

— Vai você tentar ficar com ela então.

Ele fez uma careta.

— Ânsia só de pensar. - Fingiu que ia vomitar. — Mas assim, eu acho um pouco humilhante você sair de campo sem ao menos marcar o gol.

— Humilhante é continuar insistindo em uma pessoa que não quer nada. - Apontei a chave do carro, indicando que ele deveria nos tirar dali logo. — Quero chegar em casa.

Ele deu a partida no carro, mas para minha infelicidade, voltou a falar.

— E aquela história que ela se renderia pra você ou você não se chamaria Lauren Jauregui?

Rolei os olhos.

— Coisa do passado, até porque eu… - Me calei repentinamente e olhei para Noah. — Ei! Eu não falei isso pra você, falei pra Mani. - Estreitei os olhos.

Ele comprimiu os lábios. 

— Talvez ela tenha me contado, ou sonhei, não lembro ao certo, mas isso pouco importa, somos amigos sem segredos, certo?

— Errado! Algumas coisas evito falar pra você exatamente por isso que está acontecendo nesse momento.

Ele me olhou por alguns segundos.

— Poderia ser mais clara?

— Você querendo que eu insista em uma pessoa só porque pra você é inaceitável tomar um fora, eu não tenho tanto ego assim.

— A questão não é só essa. - Aproveitou o sinal pra me olhar. — Nossas vidas nunca estiveram tão movimentadas até você decidir perder a virgindade com uma puta aposentada, nos gera conteúdo, nos gera noitadas de graça, almoço em restaurante de luxo, e isso é só o começo, eu…

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