Cabaret

Capítulo Vinte e Dois

Parte I

Já faz uma semana que assinei o contrato, e faz uma semana que o valor caiu na minha conta, até o momento eu não movimentei o valor, não por falta de necessidade, mas pela falsa ilusão que com aquilo eu poderia voltar atrás, mesmo sabendo ser impossível desde a assinatura dos papéis.

A lembrança que os juros do empréstimo aumenta a cada dia, me fez pegar o celular e efetuar o pagamento do valor, o fato de já ter pagado algumas parcelas e ter feito um pagamento com os valores que recebi ao sair do café, deu pra quitar toda a dívida e ainda restou saldo em conta, aquilo me fez sorrir genuinamente.

Talvez eu esteja ansiosa para o próximo pagamento; talvez.

Larguei o celular de lado e fechei todos os livros da faculdade, estou usando boa parte do meu tempo livre para estudar, no momento são 18h, ao levantar me estiquei a ponto de sentir as costas estalarem.

Saindo do quarto ouvi o som da TV, na sala pude ver Noah jogado no sofá, o cheiro de perfume no corredor me trouxe a certeza que Normani acabou de sair para a Paradise.

— Se você fizer um pedido naquele nosso restaurante favorito no tempo de… 5 minutos… - Fiz uma pausa, só pra observar melhor o rosto de Noah que já está atento em mim. — Eu pago a conta.

Se eu já não esperasse, eu teria me assustado com o pulo que Noah deu no sofá, em segundos ele estava perto da tomada onde seu celular carregava.

— O tailandês? - Perguntou apressado, alterando o seu olhar entre eu e a tela.

— Uhum. - Assenti. — Tempo tá passando. - Bati no relógio em meu pulso, 5 minutos e 1 segundo a conta será meio a meio.

Finalmente me assustei quando ele largou o celular e saiu correndo, passou por mim feito um furacão em direção a cozinha, em poucos segundos ele retornou com o número do restaurante que ficava fixo em nossa geladeira, porque por algum motivo achávamos aquilo mais prático do que simplesmente anotar na agenda do celular.

Me sentei no sofá e apoiei as pernas cruzadas em cima da mesa de centro, sem deixar de rir internamente do modo engraçado que Noah se movimenta tentando inútilmente fazerem atender mais rápido do outro lado.

— Totalmente fora de questão. - Falei ao ver ele olhando para a porta. — Nem fodendo você chega lá a tempo.

Ele resmungou.

— Porra! Preciso começar a correr todas as manhãs com a Mani, mas…

A frase ficou pela metade, e logo percebi que tinham atendido, ele fez o pedido rapidamente, o que me fez rir mais, obviamente a pessoa do outro lado não entendeu nada e ele teve que repetir, mas graças ao nosso endereço já salvo por eles, em segundos Noah encerrou o contato.

— Eu estava mesmo querendo uma boa janta. - Se gabou. — E de graça. - Se jogou ao meu lado no sofá e bateu o cotovelo em minha barriga.

— Uma boa janta sim. - Me movimentei até conseguir deixar o meu relógio em frente aos seus olhos. — Mas não de graça, 5 minutos e 3 segundos.

— Não. - Soltou em negação.

— Sim.

— Laurennnn. - Choramingou. — Estou zerado.

— Tudo bem. - Dei de ombros e ele sorriu. — Eu como sozinha. - O sorriso se desfez na mesma velocidade que surgiu.

Noah estreitou os olhos.

— Ah, então agora que tem dinheiro você quer humilhar os pobres? É isso Jauregui?

Me segurei pra não rir.