Capítulo Quatro

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Fechei meu caderno repentinamente, o que causou um pequeno susto no Noah, que me olhou sem entender. 

— O que? - Gesticulou com as mãos, tentando entender o porquê fechei o caderno se a aula acabou de começar. 

— Não consigo me concentrar. - Respondi tentando usar o tom mais baixo possível pra não atrapalhar o professor. 

— Algo específico? - Balancei a cabeça em negação. — Vamos embora? - Propôs com um pequeno sorriso.

— De verdade?

— Sim. - Também fechou o caderno. — Ainda podemos faltar 5 vezes nesse componente. - Piscou um olho me fazendo rir.

Obviamente aceitei, juntei meu material que é composto por um caderno e uma caneta, apenas a caneta é nova, porque o caderno é o mesmo desde que entrei na faculdade, e  ninguém pode me julgar.

— O que acha de passarmos no mercado pra comprar algo pra almoçar? - Perguntei quando chegamos ao lado de fora.

— Perfeito, não aguento mais a comida do café. 

Sair da faculdade direto para o trabalho, nos rende tardes comendo apenas as refeições servidas por lá, no começo era uma maravilha, mas agora só de sentir o cheiro me sinto enjoada. Deixamos as coisas no carro e seguimos para o mercado a pé mesmo, já que é bem próximo daqui. 

— Isso é tão triste. - Noah disse olhando para a tela do seu celular.

— O que?

Ele virou a tela pra mim, está aberto no aplicativo do banco, o que me fez rir.

— Sua conta quase zerada? - Perguntei e ele assentiu.

— Será que se eu virar garoto de programa eu também ganho 5 mil dólares por cliente? - Perguntou devolvendo o celular para o bolso.

Claro que eu contei pra ele toda conversa no camarim de Camila, todos os detalhes, mas a única coisa que ele guardou na memória foi o valor que ela cobrava para ter encontros.

— Tenta a sorte. - Segurei a porta de vidro pra ele passar. — Volta lá e pede umas dicas pra ela.

— Queria mesmo. - Falou sério e eu sei que ele seria mesmo capaz. — Mas depois da nossa noite de estreia bancados pela Mani, se quisermos ir lá novamente, teremos que pagar, e pelo menos esse mês está fora do meu orçamento. 

Me deixei rir.

— Esse mês e os próximos, não é?

Ele gemeu em frustração. 

— Odeio a vida.

— Não seja extremo. - Segurei em seu braço e o puxei para a seção de congelados. — Quando eu ficar com a Camila, vou conseguir várias entradas cortesias pra gente. - Falei convicta.

— Nem você acredita nisso. - Aproveitei minha mão em seu braço e o belisquei. — Ai, Lauren!

— Não fala dessa forma!

— Não era você que estava surtada por ela ser casada?

— E não foi você que disse que uma vezinha não mataria?

Ele me olhou de lado, e se afastou para abrir umas das freezer que está recheada com essas porcarias que já vem pronta e basta colocar no micro-ondas, mas como eu disse antes, qualquer coisa é melhor do que a comida do café. 

— Sim, eu disse, mas estava achando que você iria roubar a ricona pra você e não vir com essa ideia torta de que só quer uma noite. - Pegou duas caixas de lasanha. — Então não sei se vale toda nossa energia. - Virou pra mim. — Frango ou carne? - Levantou as caixas. 

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