Capítulo Quinze

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Infelizmente não consegui esconder meu medo de altura, tentei ao máximo, mas quando dei por mim já estava apertando a mão de Camila, de início ela não entendeu o que estava acontecendo, e ao entender não perdeu a oportunidade de rir da minha cara, mas ao notar meu verdadeiro estado de aflição ela deixou a gracinha de lado e passou um braço sobre meus ombros, me puxando para mais perto do seu corpo, e então a aflição pela altura dividiu espaço com a aflição de está tão próxima a ela, sendo obrigada a sentir o aroma daquele maldito perfume bom, sua mão ficou subindo e descendo em meu braço, em um pedido mudo para que eu ficasse calma, antes de embarcar tomei um remédio pra dormir, e junto aquele contato não demorou para que eu caísse no sono.

*****

Chamadas sucessivas pelo meu nome me fizeram retornar ao estado de consciência, mal abri os olhos e logo os fechei novamente devido ao excesso de claridade quase me cegando, aquela reação fez Camila rir, mesmo baixinho foi impossível não ouvir.

— Deixe que eu te ajude com isso. - Ela disse ao mesmo tempo que colocou as mãos em meu rosto.

Abri novamente os olhos ao sentir que ela tinha posicionado o óculos escuro em meus olhos, notei que a claridade estava vindo da porta aberta do avião, olhei ao redor e estávamos só eu, ela e uma aeromoça ali dentro, essa última nos olha com um pequeno sorriso no rosto, romântico demais para meus olhos recém abertos. Afastei as mãos de Camila e levantei.

— Viu? Eu disse que ela não estava morta. - Ouvi a voz de Camila e logo em seguida a risada da outra mulher, o que me fez alternar o olhar entre as duas. — Ela só é muito preguiçosa mesmo.

Fechei a cara, e isso se tornou ainda mais irritante quando ouvi a mulher rindo novamente.

— Vocês formam um casal engraçado.

De imediato a olhei.

— Não somos um casal!

Ela olhou pra Camila, pra mim, e então pra Camila, essa por sua vez apenas assentiu com a cabeça, validando minhas palavras.

— Ôô, desculpem. - Puxou a pequena mala do suporte e entregou pra Camila. — Achei que era impossível pra uma mulher se tornar sua amiga sem se apaixonar.

Eu que já estava virando pra sair da aeronave, estagnei no mesmo lugar e virei ao mesmo tempo que erguia o óculos para o topo da minha cabeça, como se aquelas lentes estivessem de alguma forma prejudicando minha audição. Eu virei bem a tempo de ver Camila sorrindo, aquele maldito sorrisinho sedutor mesclado com seu olhar sério.

— A companhia aérea é de acordo com você ficar se jogando para cima das passageiras? - Quando dei por mim as palavras já tinham saído, e demonstrando mais irritação do que eu gostaria. — Me parece pouco ético para um ambiente de trabalho.

O rosto da mulher ganhou uma coloração avermelhada enquanto de sua boca saía algumas explicações com pedido de desculpas, os quais ignorei pois a feição divertida no rosto de Camila me deixou mais irritada do que a situação em si. Bufei e me direcionei para a saída, ignorando as duas mulheres.

Só parei de andar quando estava próxima a esteira de malas, infelizmente Camila chegou antes das bagagens, impedindo que eu continuasse seguindo sem ela ao meu lado. Depois de alguns minutos, aproveitei o óculos em meu rosto pra olhá-la ao meu lado, ela não se deu ao trabalho nem de pedir desculpas pelo ocorrido com a piranha do avião, não que eu esteja surpresa, afinal não pediu nem por algo mais importante, isso só me faz questionar se ela sabe proferir essa palavra, estou realmente começando a considerar essa hipótese.

— Pode parar de mexer nesse celular e pegar as malas? - Perguntei, fazendo finalmente seus olhos virem até mim.

— Achei que estávamos em trégua. - Respondeu olhando para os lados, como se procurasse algo.

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