Cabaret

Capítulo Onze

Camila POV

Sai da casa de Regina o dia ainda não tinha amanhecido, na verdade depois de sair do quarto de Lauren, passei no meu apenas para trocar de roupa e avisar pra Pablo que estava indo, ele contestou um pouco sobre minha ida precoce, mas como na maioria das vezes faz o que eu quero, logo aceitou minha decisão, me ajudou colocar minha mala no carro e eu saí. De longe pode parecer uma fuga, e de perto também porque é exatamente isso, não acho que seria uma boa ideia passar mais um dia inteiro na presença de Lauren, na presença de Lauren acompanhada por Regina, não me considero uma pessoa ciumenta, mas competitiva sim, e Regina sabe bem até onde ir pra me provocar, ela pode não ter certeza sobre mim e Lauren, porque não deixo transparecer e espero que Lauren também não, mas ela deve desconfiar, isso eu tenho certeza, então para manter as coisas como estão, resolvi retornar pra Miami mais cedo, e não posso ser hipócrita em ocultar que o outro motivo é o tesão incontrolável que eu estava ficando, odeio perder o controle de uma situação, e isso quase aconteceu ontem; um sorriso involuntário surgiu em meu rosto, balancei a cabeça e voltei a ficar séria, abrindo a janela para o vento entrar no carro, eu não posso negar que ela é uma garota sexy, um pouco insegura de si às vezes, mas ainda assim sexy em um nível que eu não via a muito tempo, ela consegue ter minha atenção, ela consegue fazer com eu traia meu marido, não que essa parte seja um problema pra mim, na verdade o problema seria ele descobrir isso, e aqui está mais um motivo para que eu pare de agir por impulso, nessa madrugada mesmo qualquer um poderia ter me visto saindo do quarto de Lauren, com a pele vermelha, suada, molhada, e com um puta tesão.

Eu sei que Lauren não tem condições financeiras para me pagar 5 mil dólares, saber disso também foi o motivo para tornar esse acordo possível, e por isso preciso me controlar mais, não adianta cobrar um valor absurdo para que ela desista mas ficar transando em doses homeopáticas, logo não irei mais me permitir tais deslizes, gostaria muito de uma noite com ela, mas gostaria ainda mais que ela sumisse, assim, de repente da mesma forma que ela surgiu.

Pablo é um homem amável, exceto quando se trata da hipótese de me perder, costumo pensar que ele é… obcecado por mim, isso nunca foi um problema, na verdade é ótimo ter alguém para fazer tudo que desejo, mas isso seria um problema se eu quisesse romper com nosso casamento, o que é um pouco impossível, não sinto vontade de sair dessa zona de conforto, ele é um bom pai, um bom marido, e isso vem sendo o suficiente ao longo desses anos. Ironicamente ou não, ele só se mostra ciumento com homens, se sente extremamente seguro quando o assunto são mulheres, e isso tem um motivo, ao iniciar minha vida nas ruas, eu transava com qualquer um disposto a me pagar, homens, mulheres… mas então aconteceu minha primeira desgraça, me apaixonei por uma cliente, sim, isso aconteceu, hoje em dia acho graça na situação, do quanto fui carente e enxerguei sentimento onde era só sexo, obviamente ela não quis nada comigo, era uma mulher com sua vida estável, e eu apenas uma garota de programa, sofri alguns meses até outra cliente tomar meus pensamentos, e mais uma vez era uma paixão unilateral, e foi então que decidi não fazer mais programa com mulheres, e se resolveu o problema, transando apenas com homens nunca mais me apaixonei por clientes; acontece que Pablo acha que eu não fazia programa com mulheres por não gostar, e isso o faz se sentir seguro e nem cogitar a hipótese que eu o traia com uma mulher.

Senti um leve incômodo ao me lembrar de uma frase específica de Lauren, "...só quero uma transa, e não me casar com você." foram as mesmas palavras que ouvi de uma das clientes que me apaixonei, mas apesar do gatilho gerado, foi algo bom para se ouvir, seria ótimo para o meu ego ter uma garota tão linda apaixonada por mim, mas não seria nada responsável se levarmos em consideração que por mim nunca teremos algo além de prazer carnal.

Depois de contornar o jardim da minha casa, parei com o carro bem próximo a porta de entrada, abri o vidro do lado do passageiro, e como esperado demorou alguns segundos pra porta ser aberta e Lia passou por ela correndo, sempre que estamos fora ela fica observando a entrada do carro para quando chegar aqui ela venha nos receber na porta de casa.