Capítulo Trinta e Seis - Mas tio

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Fiorela e sua tia estão abraçadas e eu resolvo me afastar um pouco para respeitar o momento delas

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Fiorela e sua tia estão abraçadas e eu resolvo me afastar um pouco para respeitar o momento delas. Eu sei que Fiorela está a flor da pele com todas essas escolhas e mudanças em sua vida, e eu quero garantir que ela saiba que eu estou com ela para o que ela precisar. Inclusive respeitando seu espaço.

Observo o momento das duas a distância, sussurros inaudíveis são trocados entre elas que se mantém abraçadas, até que percebo que elas se afastam. Ambas estão visivelmente abaladas, as lágrimas de ambas ainda brilham em seus olhos, porém fico mais tranquilo quando vejo as duas mulheres com sorrisos em seus rostos.

Fiorela vira seu rosto, buscando o meu, e percebendo que elas estavam preparadas para seguir em frente, volto para próximo delas.

— Bom, se me permitem, tenho que levar as belas mulheres ao almoço. — digo sorrindo para ambas.

Eu me aproximo ainda mais oferecendo meus braços a ambas. Minha bela morena, Fiorela, segura firme em meu braço pelo lado direito, e tia Cecília, como ela me pediu pra chama-la, segurou pelo lado esquerdo.

Todos andamos em direção ao local onde as portas da casa se abrem para nós. Sem ter muito tempo para analisar o ambiente, sou surpreendido pela figura imponente de Marcus De Lucca a nossa frente. Ele me encara, me analisando e estou preparado para qualquer teste que ele ache necessário para provar que sou digno da sobrinha dele, mas antes que eu pudesse falar ou fazer algo, vejo o homem abrir um sorriso e logo seu rosto se torna amigável.

— Quem diria que os Ferraro conquistariam minhas duas meninas. — ouço a voz de tenor reverberar.

— Acho que além de falar por mim, posso falar por Maxwell também, quando digo que se soubéssemos que os De Lucca guardavam jóias tão preciosas, nós teríamos vindo encontrá-las antes.

Marcus De Lucca me puxa para um aperto de mão, que logo se transforma em um meio abraço tão típico dos capos mais antigos.

— Acho que não preciso apresentá-los, no final das contas. — diz Fiorela após encarar nosso diálogo, com um sorriso aliviado no rosto.

— Nos apresentar? — questiona De Lucca a sua sobrinha — Mesmo sendo limitado a relações de trabalho, eu conheço Ferraro desde sua juventude, quando seu pai ainda estava entre nós, e Magnum era a sombra dele.

Isso é verdade! A aliança dos De Lucca com os Ferraro perdura anos, e Marcus de Lucca era um grande amigo de meu pai, por mais que se vissem apenas em ocasiões de negócios.

Uma funcionária se aproxima e fala algo para tia Cecília, que logo se vira para nós e fala:

— Podemos continuar a conversa a mesa, rapazes? — ela pergunta gentilmente — O almoço está servido.

Eu desvio meu olhar buscando por Fiorela, e após encontrar tranquilidade em seus olhos verdes, uno nossas mãos e logo estou sendo guiado em direção a sala de jantar.

O almoço corre tranquilamente, com perguntas tranquilas sobre família, e eventualmente uma coisa ou outra de negócios. Nós já estavamos nitidamente no fim do almoço, logo após a sobremesa, quando De Lucca fala:

— Ferraro, poderia me acompanhar até meu escritório?

Fiorela olha para o tio e depois para mim, e ela sabe o que isso significa: "conversa de homem para homem". Ela claramente foi pega de surpresa com essa atitude do tio. Eu não! Para falar a verdade, me assustaria se ele não fizesse isso.

— Claro, vamos! — respondo prontamente.

— Eu também vou! — começa a falar Fiorela enquanto se levanta da mesa.

— Não Fiorela. — diz De Lucca secamente — Isso é entre eu e Ferraro.

— Mas tio... — diz Fiorela querendo fazer seu tio mudar de ideia.

Eu encaro seus olhos verdes preocupados e digo tentando tranquiliza-la, respondo:

— Está tudo bem meu amor, vamos apenas conversar, de homem para homem.

Ela revira os olhos, contrariada por entender que dessa vez não poderia ser do jeito dela, mas entendendo que não tinha nada que ela pudesee fazer, resolve acatar. Logo sua tia inventa alguma coisa para tirá-la da sala, me deixando a sós com De Lucca.

O homem mais velho solicita que eu o acompanhe, e eu faço exatamente como ele pede. Então eu acompanho De Lucca através dos corredores até o cômodo onde fica o escritório dele. Logo quando entramos, enquanto ele se posiciona em uma grande poltrona, ele diz, sem meias palavras:

— Quais são suas intenções com Fiorela, Ferraro?

Como o esperado de Marcus De Lucca, direto ao ponto.

— A melhor que possa existir. Estamos namorando a pouco tempo, mas tenho
certeza, que no que depender de mim dentro de poucos meses, se Fiorela me aceitar, desejo torná-la minha esposa. Mas não posso, e não vou te garantir nada, porque isso não depende só de mim. — respondo com total sinceridade.

— Você sabe que ela não é uma mulher comum, não sabe? — indaga De Lucca — Você sabe que ela nunca poderá ser como minha esposa, ou sua mãe, ou até mesmo Natalie. A esposa que você conseguirá manter cercada de seguranças e longe da ação, não sabe?! Sabe que ela irá querer se meter nos seus negócios, e estar de frente nas coisas com seus homens e com
vocês, não sabe? Sabe que ela é cabeça dura, e que não desiste de nada que ela ponha na cabeça, não sabe?

— Sim, tenho plena ciência disso! E com todo respeito, não espero e não quero que ela seja igual a ninguém, eu amo cada detalhe de Fiorela, principalmente esses que são parte de quem ela é. — respondo um pouco puto pela comparação feita, como se Fiorela fosse menos perfeita por ser menos "submissa" — Além do mais, eu acredito ser um homem seguro o suficiente, e que a ama o suficiente, para deixa-la livre para voar, sendo plenamente feliz com ela, enquanto ela quiser voar ao meu lado. E quanto estar na frente dos negócios, isso nunca seria um problema, tudo que eu tenho e que sou é dela para ela fazer o que quiser.

Talvez minhas palavras tenham chocado um pouco o De Lucca, pois ele apenas me encara por alguns minutos sem dizer nenhuma palavra. Eu sustento seu olhar, seguro de minhas palavras, até porque por mais que eu estivesse ali na posição de namorado da sobrinha dele, nós dois sabemos que ambos somos capos e em termos de nível hierárquico na máfia eu tenho o mesmo poder que ele, se fosse sincero, até mais.

Parecendo finalmente digerir minhas palavras e aceita-las, ele respiria fundo e diz:

— Não esperaria menos que isso, Magnum. Apenas uma última coisa: preciso te dizer que por mais que Fiorela seja forte, em vários sentidos, mais que a maioria das mulheres que conhecemos, ela ainda assim é uma mulher delicada. E que eu considero como uma filha! Saiba que entre negócios e família, a família vem primeiro. Mas, no mais, você é um homem bom Magnum, e eu fico feliz que Fiorela tenha escolhido você. — responde o homem.

— Eu não esperaria menos. — respondo dessa vez parafraseando o mesmo e sendo brindado por um sorriso do De Lucca — Obrigado pelo apoio, eu prometo cuidar dela com minha vida.

— Pelo seu próprio bem, espero que sim.

De Lucca sorri novamente, e eu sei que esse sorriso foi a aprovação que eu precisava. Não que se ele não tivesse deixado, alguma coisa iria mudar, por que eu iria até o inferno se fosse necessário para estar junto de Fiorela, mas eu sei que é importante para Fiorela a aprovação de sua família, e se é importante para ela, é importante para mim.

Eu me levanto, me despedindo do De Lucca. Feliz por ter encerrado mais essa etapa, e ansioso por ir pra casa com Fiorela para aproveitar mais tempo com ela, por que ainda não deu tempo de matar toda a saudade. Mas, coincidentemente, antes que eu alcansasse a porta, ouço baterem na mesma e a voz suave, e familiar, de Fiorela se faz ouvir:

— Tio? Posso entrar?

Mia Bella, MafiosaOnde histórias criam vida. Descubra agora