S01E06

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O dia da coletiva de imprensa chegou. Ela acontecia na otakucon, uma convenção voltada ao público que gostava de animes e mangás. Cameron ainda era novo naquele mundo e se sentia cada vez mais intimidado. Algumas pessoas usavam cosplays, inclusive dos personagens da série que o elenco estava gravando. Cameron tinha medo que não o achassem parecido com o protagonista, ou que acabasse falando besteira quando fizessem perguntas.

No palco estavam, em ordem da esquerda para a direita: o diretor, Emily, Steffan, Cameron e uma drag queen chamada GigaVerse que faria o papel de Grell. Eles estavam sentados atrás de uma mesa comprida, com microfones montados em cima, além de uma garrafa d'água para cada um, de frente para o público. Deveria ter mais de 200 pessoas naquela sala de convenções. Cameron se impressionava ao saber que era uma parte separada do evento, ou seja, aquelas pessoas pagaram a mais além da entrada para estarem lá.

-Pode parecer besteira, mas a ideia veio depois que minha filha me contou sobre o mangá. Eu sempre me interessei por histórias como essa, eu mesmo escrevi um episódio para UK Horror baseado no conto de Goethe, O Fausto. Ocultismo sempre me fascinou, e a forma como essa história se desenvolve, misturando ocultismo, mistério, ação... eu fiquei muito impressionado e queria colocar minhas mãos nesse pote de ouro. Depois de muito conversar com a G Fantasy e a Square Enix, conseguimos essa oportunidade de adaptar a história para as telas. -O diretor terminava de responder uma pergunta.

-A adaptação vai ser baseada no mangá ou no anime? -Alguém perguntou.

-Nos dois, na verdade. Queremos manter o melhor dos dois mundos, mas sem fugir do que o mangá propõe. Eu acho que será bem bacana poder usar algumas das cenas que os fãs adoram tanto, mas que estão apenas na animação. Sobre os personagens de Alois e Claude, ainda estamos conversando sobre essa possibilidade. De qualquer forma, eles não entrariam agora na primeira temporada, mas algumas ideias vêm à mente, como mudar o propósito de ambos, apenas para não comprometermos a continuação da história.

O diretor realmente tinha se apaixonado por esse projeto, e confiava que o resultado seria bom o suficiente para se estender por quantas temporadas fossem possíveis.

Cameron estava surpreso que o diretor soubesse tanto do material. Ele achou que também deveria ter estudado muito mais, principalmente por estar tratando com os fãs. E não era apenas isso, ele nunca tinha feito uma coletiva dessa forma, com tantas pessoas e câmeras apontadas para ele.

-A minha pergunta é para o Steffan. -Outra pessoa se levantou para perguntar. -Como é trabalhar com uma equipe de atores novos e inexperientes? Além disso, como é fazer o papel de mordomo de um ator menos conhecido?

Cameron se sentiu um pouco ofendido, achando que o fã não precisava ter falado daquele jeito. Era verdade que ele não era tão experiente, mas esse não era o primeiro papel da sua vida.

Steffan vestiu seu melhor sorriso falso e resposta pronta:

-É bom trabalhar com todos os tipos de pessoas, eu sempre aprendo muito. Ninguém tem todas as respostas, ainda mais quando o assunto é atuar, que é uma arte subjetiva. Sobre ser mordomo, atores devem estar preparados para todo tipo de papel. -Steffan respondeu, apesar de se sentir um pouco incomodado em ter que chamar um homem tão desconhecido de "Jovem Mestre", achava que eram ossos do ofício, e apenas tentava se desconectar do seu "eu" que atuava. Ele sabia que jamais iria se reduzir como um mordomo na vida real. Mas era o mesmo com filmes românticos: ele sabia que nunca iria se arrastar por alguém.

Cameron estava impressionado, pensando que Steffan devia mesmo ser um bom ator se conseguia mentir com tanta naturalidade. Era claro que ele mesmo tinha sido enganado por anos, e só descobriu a verdade quando o conheceu pessoalmente.

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