S03E05

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Cameron desceu do táxi na frente de Steffan, olhando para os lados. Ele imaginou que Steffan teria o levado para algum lugar famoso como a Torre Eiffel, Arco do Triunfo ou até o Louvre. Claro que Cameron já tinha visto aqueles lugares, inclusive com amigos da escola, mas seria diferente com Steffan.

-Onde estamos? Que rio é esse? -Cameron apontou para o outro lado da rua.

-Rio Sena. -Steffan respondeu com deboche.

-O mesmo rio Sena da Torre Eiffel?

-Sim, mas a Torre Eiffel está para aquele lado. Não dá pra ver por causa dos prédios. -O ator se virou depois de responder, subindo a escadaria que cercava a rua.

-Para onde estamos indo? É um lugar bem "underground"?

-Não exatamente.

Cameron estava curioso, mas entendeu que não ia conseguir tirar mais nenhuma informação de Steffan antes de chegarem ao local de fato.

Assim que terminou de subir a escadaria, o ator francês começou a caminhar por uma passarela para pedestres, cruzando o rio e parando bem na metade.

-É aqui? -Cameron perguntou, tendo imaginado algo completamente diferente.

-É aqui.

-É uma ponte? -O inglês olhou para baixo, tentando notar se era alguma piada.

-Uma passarela. Passerelle Simone de Beauvoir.

-Já ouvi falar dela. Não achei que você fosse feminista. Quer dizer, não tão feminista assim.

-Não é por causa do nome. -Steffan riu do namorado. -Eu sempre vinha aqui quando dava um jeito de fugir de casa por algumas horas. Ficava olhando para o Sena, vendo os barcos passando com os turistas, olhava para o céu e apenas... ficava sozinho com os meus pensamentos.

-Entendi. É um lugar especial pra você. -Cameron se sentiu um idiota por ter imaginado uma tarde luxuosa, enquanto seu namorado estava abrindo o coração para ele. -Fazia tempo que não vinha.

-Desde os meus 18 anos. Inauguraram essa passarela quando eu tinha uns 12 ou 13 anos, e comecei a frequentar aqui. -Steffan ficou em silêncio por um longo tempo, olhando para o horizonte. Ele nunca imaginou que voltaria para esse lugar, ainda mais acompanhado. Era como se seu passado fosse um filme, era praticamente impossível se reconhecer naquele personagem de anos atrás. -Eu estava aqui quando me lembrei pela primeira vez.

Cameron pensou um pouco, mas logo ligou os pontos. Ele não queria imaginar Steffan sozinho, questionando se o que estava lembrando era verdade ou se era sua imaginação, sem saber a quem recorrer. Assim, ele segurou a mão do namorado.

-E agora trouxe alguém até aqui pela primeira vez.

O inglês não conseguiu se impedir de sorrir. Era um sonho estar ao lado de seu ídolo e se sentir tão especial ao mesmo tempo.

-Vai se ajoelhar e me pedir em casamento? -Cameron resolveu brincar.

-Não. Pegou o vírus do casamento por causa do Corneille?

-O casamento dele foi tão lindo. Seu sobrinho é um fofo! Pena que eu não entendi nada que ele disse. -Cameron realmente tinha conhecido toda a família de Steffan, então o relacionamento parecia estar andando na direção certa. -Eles devem estar aproveitando a lua-de-mel agora mesmo.

-Está com inveja?

-Não. Gostei de vir aqui com você.

Cameron ficou em silêncio, esperando Steffan dizer alguma coisa, mas ele também ficou quieto observando a paisagem.

Era um momento especial, um lugar especial. Aquela era sua chance:

-Steffan.

-Oui.

Cameron riu um pouco da resposta dele, mas não iria mudar de ideia:

-Eu te amo.

Steffan deu risada, soltando a mão de Cameron.

-Qual a graça?

-Você foi mais rápido. Também estava tomando coragem pra dizer.

-Sério? -Cameron encarou Steffan. Ele achava que seria o único a dizer como se sentia, que o francês iria apenas agradecer e mudar de assunto.

Steffan voltou a olhar para o rio correndo embaixo deles. Por mais que não fosse exatamente o que ele esperava de um relacionamento, já que sempre tinha sido mais fechado e dominante, ele estava grato pelo tempo que passava com Cameron, até pela forma como estava mudando aos poucos.

-Não vai mais falar? Não tem graça. Me trouxe nesse lugar super romântico só para tirar sarro de mim? Eu devia ter adivinhado. -Cameron resmungou, um pouco decepcionado com a situação. -Sabe, quando eu for famoso, não vou ficar vivendo de migalhas assim. -Ele se apoiou na grade em sua frente, olhando para o céu. -Um dia, só seus cartões sem limite não vão ser suficientes para me segurar, e aí-

-Eu te amo.

Cameron se virou rapidamente, devorando os olhos verdes de Steffan com seus olhos, tentando descobrir se tinha sido sua imaginação ou se realmente tinha ouvido aquilo.

-Mais uma vez, eu não ouvi direito. Você falou alguma coisa?

Steffan sorriu, pensando que talvez ele realmente merecesse ser obrigado a falar novamente:

-Limpou bem seus ouvidos?

Cameron colocou as mãos atrás de suas orelhas, mostrando que estava pronto para ouvir com atenção.

-Eu te amo, Cameron.

Cameron sorriu envergonhado, dando um soco de leve no ombro de Steffan:

-Você sabe que eu fico sem graça quando você fala meu nome.

-Gostou mais de ouvir seu nome?

-Não é isso. Acho que nem caiu a ficha. Parece que eu estou sonhando. -Ele se segurou no braço do namorado. -Tudo ainda parece mentira. Ainda é surreal ter você aqui do meu lado. Eu ficava imaginando todas as pequenas coisas, até como deveria ser seu cheiro quando estava sem perfume, e agora eu sei todas essas coisinhas.

-Está perdendo a graça agora? -Steffan estava acostumado que as pessoas perdessem o interesse depois que o conheciam. -Podemos ficar brigando e voltando para ter mais emoção.

Cameron negou rapidamente.

-Não. É diferente do que eu tinha imaginado, isso é verdade. Mas eu só conhecia quem você era nos filmes e nas entrevistas. Então você deu sorte, porque eu me apaixonei por quem você é de verdade. -Cameron suspirou. -E você? Acha que está perdendo a graça?

-Acho que já tive emoção o suficiente para essa vida e a próxima. Estou satisfeito.

-Está mesmo? Posso dar um jeito de te deixar mais satisfeito ainda...

Um Ato de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora