S03E01

12 6 0
                                    

Cameron estava fazendo sua rotina de yoga virtualmente. Ele tinha começado presencialmente, mas era difícil manter dessa forma quando estava sempre viajando para LA ou para Europa. Apesar do local sempre mudar, era bom ter algo que sempre se mantinha em sua rotina.

Se bem que não era só isso: por mais que a agenda de Steffan fosse lotada, os dois sempre iam para cama juntos, conversavam um pouco, às vezes as coisas esquentavam, às vezes não, mas sempre dormiam juntos.

-Sinta a energia do mundo em sua volta. É o momento de exercer a sinergia com o universo-

A professora parou de falar quando ouviu um barulho vindo da chamada de Cameron, que se levantou rapidamente:

-Obrigado por hoje, até quinta-feira! -Ele desligou a chamada, animado em ver Steffan tão cedo. -Achei que só ia chegar de noite. Aconteceu alguma coisa?

-Alguém passou mal ou alguma coisa assim e cancelaram as gravações. -Ele resmungou, pensando que teria que refazer toda sua agenda. De certo lado, era bom que continuasse cheio de trabalhos depois do julgamento, ao contrário do que tinha imaginado. Na verdade, mais parecia que ele tinha ainda mais trabalho que antes.

-Alguma coisa séria?

Steffan respondeu balançando os ombros. Ele não tinha perguntado, nem estava interessado.

Cameron riu, pensando que algumas coisas não iriam mudar mesmo depois de tudo que aconteceu, e a apatia de Steffan com outros atores era uma dessas coisas.

-Então resolveu vir passar um tempo comigo para não ficar entediado? -O inglês brincou.

-Eu só voltei pra casa. -Steffan começou a falar mais baixo. -Pro meu cômodo preferido... e eu não te procurei primeiro no quarto. -Ele mentiu, pegando a mão de Cameron. -Vamos comer?

-Sim.

-Troque de roupa.

-Ah, que saco. Qual seu problema com roupa de ginástica se eu vou comer no sofá?

-Eu estou te chamando pra um encontro. Fora de casa.

Cameron apertou a mão de Steffan, animado com a ideia. Era uma raridade saírem de casa para encontros, até viajavam em voos diferentes em dias diferentes para não começarem a inventar coisas sobre o relacionamento dos dois. Porém, vez ou outra, tinham encontros. Era claro que já tinham sido fotografados algumas vezes, mas sempre acreditavam que os dois eram apenas amigos.

***

Logo, os dois estavam almoçando no Providence, um dos restaurantes mais famosos em LA. Não era a primeira vez que os dois iam lá, mas, da última vez, por terem ido no jantar, Cameron não teve a chance de experimentar o cardápio que queria. Agora, finalmente poderia se deliciar nos frutos do mar.

-E aí ele disse que vai dar a resposta essa semana. -Cameron terminava de contar sobre sua última audição. -Se eu não conseguir esse, pelo menos tem o outro, mesmo que o papel seja bem minúsculo.

-Você está em Los Angeles. Sempre tem um milhão de audições acontecendo. Uma hora tem que dar certo, nem que seja por insistência.

Cameron riu, reconhecendo que essa era a forma de Steffan apoiar sua carreira, mas tinha que admitir que ainda estava extremamente longe de conseguir cumprir sua promessa de ser tão famoso quanto seu namorado.

Ele brincou um pouco com a sua comida, pensando se deveria ou não perguntar, mas tinha evitado a pergunta por duas semanas, era seu máximo:

-Como foi a terapia?

Steffan balançou a cabeça, sem concordar ou discordar. Ele não via sentido ou graça em fazer terapia, mas todos diziam que era o que ele devia fazer depois de tudo o que aconteceu.

-Não sei, não vi nenhum resultado.

-Só faz duas semanas! -Cameron deu uma bronca.

-Eu sei. Vou continuar indo por um tempo, mas não quero ficar dando voltas no mesmo problema. Aconteceu, e não tem como voltar atrás para mudar.

-Você já falou sobre... você-sabe-o-que? -Cameron perguntou rapidamente, tentando fingir que era um assunto leve o suficiente para falarem sobre num restaurante.

-Falei.

-E o que ele disse?

-Ele é um charlatão, disse o que todos já sabiam: é psicológico, vai melhorar com terapia.

Cameron queria que melhorasse logo. Não era questão da vida sexual dos dois ser ruim, mas sua linguagem de amor era atos de serviço, então ele se sentia mal quando Steffan não conseguia se satisfazer.

-Bom, eu sou paciente. -Cameron resolveu que era melhor deixar esse assunto de lado: iria acontecer quando tivesse que acontecer.

-Agora conte outra piada. -Steffan debochou, sabendo que seu namorado não era nem um pouco paciente. Na verdade, Cameron era tão ansioso que Steffan tinha que compartilhar sua agenda com ele para permitir que tudo estivesse planejado com 2 meses de antecedência, incluindo os encontros e datas comemorativas.

-Engraçadinho. Mas se não é algo que te incomoda-

-Incomoda, mas não tem como resolver agora, por mais que eu quisesse. Então, vou continuar visitando o charlatão e dar uma chance a ele.

Cameron deu risada, sabendo que psicólogos eram muito mais importantes do que Steffan estava imaginando, eles mereciam crédito pelo que faziam pela saúde mental dos pacientes.

-Você chama todo mundo de charlatão, até minha instrutora de yoga.

-Exatamente. Logo você vai me indicar acupuntura e remédios fitoterápicos.

O inglês riu um pouco, tentando esconder que já tinha pesquisado sobre o assunto e queria sugerir tratamentos alternativos. Não era como se Steffan fosse perder dinheiro com isso (ele devia ter dinheiro o suficiente para mais 3 gerações nem precisarem trabalhar um dia na vida), então não custava nada tentar.

-Talvez precise trabalhar sua mentalidade. Se começar a acreditar que vai funcionar, então vai funcionar.

-Vai fazer comigo o experimento do Pavlov?

-É, toda vez que eu tocar o sino... -Cameron abriu as mãos, simulando uma explosão. -Leite para todos os lados.

O ator francês não conseguiu segurar sua risada. Quando parou, acabou lembrando do que queria dizer para o namorado desde o começo do dia.

-Eu recebi a proposta para a terceira temporada.

-Jura?! Eu achei que não iriam renovar!

-Eu pensei a mesma coisa. Eu ainda não assinei.

-Mas vai assinar assim que eu receber a minha, né?

Um Ato de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora