Um Ato de Amor

S01E25

Steffan entrou na sala de reuniões onde o dono da agência da qual ele fazia parte estava sentado. Era um homem que já exibia cabelos brancos, mas era visivelmente rico. Mesmo que o relógio e os anéis não o entregassem, o constante bronzeado de seus passeios de iate eram o suficiente.

Steffan sabia que tomaria uma bronca, mas, ao mesmo tempo, que não seria nada absurdo, já que ele basicamente usava os serviços deles apenas para lerem e avaliarem contratos, não como representantes.

Além disso, ele sentia que, depois de 9 anos usando os serviços deles, ele não poderia simplesmente ser desligado por algo assim. A verdade era que, quando completou 18 anos, Steffan tinha fugido de casa, sem nenhum dinheiro dos inúmeros trabalhos que tinha feito até então. Por sorte, tinha conseguido essa agência que fez essa transição ser tranquila.

-Steffan. -O homem começou. -Você nunca foi rebelde, e olha que te conheço desde os 18 anos. Posso saber o que aconteceu? Eu ouvi dizer que estava animado pra festa, mas sumiu junto com o outro ator.

-Eu tive um imprevisto. Ele foi me ajudar.

-Imprevisto? Os entrevistadores não vão aceitar essa resposta, ainda mais se quisermos remarcar.

Steffan suspirou. Ele nem teve tempo para pensar na desculpa que usaria, sua mente demorava algum tempo para funcionar depois que ele acordava. Ele ainda estava se martirizando por ter beijado a testa de Cameron por ter agido sem pensar antes.

-Acho que eu tive uma crise de ansiedade ou algo do tipo, e ele estava lá e ajudou.

-Alguém viu? -O homem estava preocupado com Steffan, mas não poderia mentir que sua maior preocupação era a imagem dele, principalmente depois de tudo que vinha acontecendo nos últimos meses.

-Não. Apenas nos viram saindo juntos.

-Menos mal. Vamos inventar alguma coisa, mas deixe sua sexta-feira livre. Já disseram que querem a entrevista antes que apareçam no The Late Night no sábado.

-Está bem. -Steffan se levantou.

-Espere. Precisa de ajuda para que isso não aconteça novamente?

-Não. -Ele respondeu sem se sentar.

-Sabe que pode me pedir ajuda se precisar, certo? Aliás, pra qualquer funcionário.

-Eu não preciso de ajuda, preciso voltar a trabalhar. -Steffan pediu, por mais que soubesse que aquilo não era verdade. Ele queria voltar a trabalhar, sim, mas encontrar com aquele homem odioso surtiria aquele efeito de qualquer forma.

-Já entendi. Eu vou liberar novos contratos a partir da semana que vem. Já ficou muito tempo de castigo. O que quer fazer? Outra série?

***

Cameron estava num bar com Bert, Charles e mais pessoas do grupo de whatsapp. Ele ia perguntar para Bert se ele queria comemorar o lançamento de sua série com ele, mas acabou mandando para o grupo de atores, e todos aceitaram o convite. Não dava tempo de voltar atrás, apenas comemorar junto. Era estranho, porque com Bert ele comemorava na sua kitnet, assistiam alguns filmes e se empanturravam de doces, então era sua primeira vez comemorando num bar.

Eles tinham escolhido um lugar movimentado no centro, com a decoração em neon toda colorida, e o tema parecia ser mais industrial, com banquinhos de metal.

-Então mais um brinde ao Cameron! -Alguém puxou.

Cameron já nem aguentava beber mais, ele estava com medo de acabar pelado na cama de um desconhecido de novo.

-Deve ser bom finalmente ficar famoso assim, é meu sonho.

-Mas eu nem estou famoso, nunca me pararam na rua. Eu estava com medo dos fotógrafos e entrevistadores me perguntarem meu nome.