17.

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Quando a sua vida estiver calma, estranhe, nem que seja um pouco. 

A madrugada foi turbulenta com notícias ruins. Enquanto dormíamos, Rindou escutou meu celular tocar e logo foi atender para mim. Desesperado ele me balançou pedindo que eu acordasse e colocasse uma roupa. Quando escutei suas palavras o desespero bateu junto com a culpa. O vagão do trem tinha saído totalmente dos trilhos e descarrilhado.

Não deu tempo dele avisar aos demais, apenas coloquei minha roupa de antes e sai desesperada da mansão, passando pelo salão em que tinha um monte de pessoas bêbadas. Ran tentou me segurar vindo atrás de mim sem entender o que acontecia, mas ao olhar meu olhos lacrimejados, a única coisa que fez foi me levar até o destino.

Minhas mãos tremiam ao mesmo tempo que ele dirigia acompanhado de Kakucho, Rindou e Manjiro. Os outros iriam logo depois assim que finalizassem a festa já que o clima tinha acabado.

Agora aqui estou eu esperando a médica sair do quarto já que até o momento só me entregaram papéis em cima de papéis para assinar. Yumi até que tentou conversar comigo, mas é como se tivesse uma bolha ao meu redor impedindo de falarem e eu escutar. Só queria ficar sozinha. É tudo culpa minha, se eu não tivesse deixado ela sozinha conseguiria impedi-la de fazer algo tão estúpido.

Olho de lado e vejo que os rapazes me encaram preocupados. Puxo todo ar para os meus pulmões conforme havia aprendido na terapia, precisava manter o controle. Numa relação sempre temos que manter o equilíbrio, não importa o quanto queremos explodir e incendiar tudo em nossa volta.

Escuto passos em minha direção e por julgar o olhar do médico. As próximas palavras que escutarei farão com que meu mundo desmorone de vez. Meu corpo arrepiava-se junto com o coração que começava a se despedaçar.  

- Sentimos muito... Mas a dosagem de remédio que ela tomou basicamente fez com que ela chegasse morta aqui no hospital. Tentamos reanima-la, porém foi em vão. A causa foi overdose. 

Tudo estava girando e ecoando. Eu queria chorar, mas não conseguia. Parecia que todas as minhas lagrimas haviam secado e apenas o vazio se fazia presente. Manjiro e os demais tentam falar comigo, mas meus ouvidos estão tampados e meu olhar aos poucos está caindo, perdendo vida. É tudo culpa minha... Meu esforço foi em vão... Todos esses anos eu causei estresse e cansaço a ela, se eu tivesse prestado atenção nos sinais...

Rindou tocou meu ombro mas eu me desvencilhei e segui até a sala que esta o corpo dela. Deitada na mesa de cirurgia com os aparelhos apitando enquanto mostrava os batimentos zerados. Então era isso, não havia mais nada dela... Apenas um corpo que logo deixara de existir com o tempo. Me aproximo tocando levemente seus fios de cabelo e vendo que minhas mãos tremiam descontroladamente, uma segunda mão toca a minha por cima me fazendo despertar. Ran.

Foi então que as lagrimas surgiram e invadiram meu rosto. Ele me abraçou, afundando meu rosto em seu peito e deixando que eu soltasse toda aquela dor.

- Estaremos aqui com você, pequena. Pode soltar tudo que esta sentindo.

- É culpa minha, é culpa minha, novamente é culpa minha. Sempre é e continuara sendo.

- Não diga isso - Beijou o topo da minha cabeça enquanto andava me afastando dali - Ela sabia que não poderia te fazer sofrer mais do que já estava, você foi forte durante esses anos.

- Eu tentava me matar sempre, Ran ! Era para ser eu desde o inicio. Ela seria feliz sem uma pessoa para se preocupar constantemente. Havia salvação na vida dela e de todo mundo se eu tivesse sumido - Falei no meio de soluços - E-Eu poderia... Como não me sentir culpada sendo que todos ao meu redor estão morrendo ? Meus pais morreram depois de uma discussão comigo. Minha vó se matou após descobrir essa doença. Eu poderia ter salvado eles todos.

𝐂𝐈𝐓𝐘 𝐎𝐅 𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒 - BONTENOnde histórias criam vida. Descubra agora