20.

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Estou cantando pela casa enquanto organizo as coisas que eram da minha vó tudo numa caixa com maior cuidado possível. Tento não me apegar a tristeza pois acredito que ela não iria querer me ver assim. O famoso clichê que nos agarramos para ficarmos bem.

Olho pela milésima vez para a carta que havia encontrado e abro um pequeno sorriso de contentamento. Então ela sempre esteve olhando por mim.

Pego seus amuletos e velas que ficavam na estante, vovó costumava gostar de realizar previsões quando nova. As pessoas acreditavam que ela era uma bruxa por estar envolvida em coisas desse tipo, mas era apenas um hobby que levava com gratificação... Bom, é assim que eu chamo.

Olhando com calma as velas e as cartas de tarot, me sento no sofá pensando "porque não tentar?". Talvez eu tenha uma luz de como seguir minha vida ou das duvidas que me cercam.

Respiro fundo embaralhando as cartas e logo após acendo uma das velas. Coloco cada carta virada na mesa enquanto penso numa pergunta... Qual primeiro passo a ser dado ?

Então, pego uma carta totalmente conhecida por mim já que as vezes vovó me ensinava sobre cada uma e as interpretações.

Ás de Ouros - É chegada a hora de resgatar sua autoestima ao máximo, de se dar o devido valor. Se você não encarar a si como seu próprio especial investimento, quem o fará? Dê valor a quem você é e o que já tem e trabalhe para o que quer ser e ter.

Solto todo o ar que tinha em meus pulmões pensando nessa interpretação. É isso... estou fazendo a coisa certa. Coloco as cartas na caixa que estava e guardo em cima da estante, mas ao depositar no lugar que estava, sinto uma dor forte na cabeça fazendo com que caísse da minha mão. Diversas mulheres passaram diante dos meus olhos me assustando. Quem eram elas ? Eu nunca as vi antes... Passo a mão no rosto tentando me desvencilhar daquilo até soltar um grito assustado pela campainha tocando.

Vejo minhas mãos trêmula enquanto caminho em direção a porta, ao abri-la dou de cara com Haruchiyo parado brincando com um gato em seu colo.

- O que esta fazendo aqui ?

- Que bela forma de recepcionar as pessoas - Foi entrando com o felino. Haru usava sua mascara como de costume enquanto os fios rosados cheiravam a tutti-frutti. - Trouxe um presente - Esticou o gato em minha frente.

- Você ao menos me perguntou se eu gosto de gatos ?

- Quem não gosta ? - Arqueou as sobrancelhas - Até quem não gosta aprende a gostar.

- Isso é um bom argumento - Peguei o filhote de suas mãos. Ele era totalmente de pelagem preta e os olhos verdes. Haru me observava com um olhar calmo - Já escolheu o nome dele ?

- Ah claro, Sanzu.

- O seu nome no gato ? - O encarei com um sorriso nos labios

- Seria bom tê-la me chamando a todo instante pela casa.

- Idiota - Observei o gato se deitar no meu colo confortavelmente e adormecer - Chamarei ele de Haru, melhor ?

- Como irei saber que esta me chamando e não ele ? - Sentou-se ao meu lado para acariciar o pelo do gato.

- Não se faça de besta.

Não é como se eu não tivesse gostado do presente. Na verdade, sempre quis um animal de estimação para que me fizesse companhia, mas não sei bem se era uma boa hora para adotar. Sanzu estava ao meu lado tão entretido com o felino que eu não conseguia deixar de encara-lo.

𝐂𝐈𝐓𝐘 𝐎𝐅 𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒 - BONTENOnde histórias criam vida. Descubra agora