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O trajeto até o hospital já era conhecido pelos rapazes. Eles corriam desesperados atrás da ambulância na esperança de obterem informações o quanto antes.

Manjiro se corroía por dentro num sentimento de novamente estar perdendo alguém que prometeu a si mesmo proteger. Ele acelerava cada vez mais a moto fazendo com que os demais o seguissem preocupados com sua segurança. Até porque, todos queriam chegar vivos até o local.

Assim que as portas da ambulância se abriram, perceberam que a garota estava num respirador tomando soro na veia. Ran teve a mesma sensação de quando Rindou estava no seu lugar, involuntariamente abraçou o irmão se certificando que ele permanecia bem.

Caminharam até a recepção onde preencheram os papéis como responsáveis pela garota já que a mesma não tinha mais ninguém próximo e eles não sabiam sobre seus outros familiares. Ran se apresentou como namorado mesmo contra sua vontade, precisavam disfarçar a situação para que a culpa não caísse sobre eles.

(...)

Meus olhos se fecharam durante o caminho, me sentia fraca e minha cabeça doía cada vez mais. Diante dos meus olhos eu só conseguia lembrar deles, principalmente da solidão que o Mikey transmitia ao me ver sendo levada.

Nesse tempo em que estive desacordada foi como tentar enxergar no escuro, pois eu esbarrava em tudo sem saber o que era. Estava um completo breu. Me agachei abraçando minhas pernas numa tentativa falha de acordar, tudo esta me causando medo, só quero ir embora o quanto antes. Mas se for para morrer, apenas me levem logo.

- Você já foi mais corajosa que isso, S/n- Me viro para trás ao ouvir uma voz serena, vejo a figura da minha vó com um sorriso no rosto.

- Vovó? - Limpei as lágrimas escorridas até as bochechas dando uma leve fungada.

- Minha querida - Sentou-se ao meu lado e tocou o topo da minha cabeça com um carinho - O que você está fazendo com a sua vida ?

- Eu não sei - Olhei para frente mesmo que só enxergasse a escuridão - Me sinto perdida, sem saber o que fazer... Talvez eu devesse ir junto com a senhora para o lugar que está. 

- O que tanto te aflige ? - Tocou meu ombro me fazendo arrepiar

- Quem sou eu, vovó ? - Observo seu rosto iluminado que era o único brilho naquele ambiente - O que está acontecendo comigo ? Eu só consigo enxergar um borrão em mim.

- Minha flor...Isso é uma longa história...

- Pois comece do início - Falei como uma súplica - Eu me sinto da mesma forma que esse lugar, no escuro, perdida. Quem são aquelas mulheres que apareceram para mim? Porque elas se parecem comigo? Porque eu canalizo energias ruins? Porque tudo isso esta acontecendo comigo? Me diga, por favor...

- Ah... - Desviou o olhar de mim - Não sei nem por onde começar, mas acho que te devo uma explicação por tudo que te fiz passar - Suspirou pesado - Sabe, assim como diversos caminhos que podemos escolher ao longo da vida. Existem diversas linhas temporais que são desconhecidas por nós. Essas linhas temporais são modificadas conforme ações nossas e somente uma pessoa tinha a capacidade de atravessa-las, tudo começou com um certo rapaz chamado Shinichiro - Meus olhos se arregalaram - Mas logo depois ele conseguiu passar esse poder para outra pessoa antes da sua morte.

- Tudo bem, onde você quer chegar com isso? O que eu tenho a ver com isso?

- Calma, se não eu ficarei perdida - assenti - Tem tantas coisas que não sabemos sobre esse poder, mas digamos que algo no meio do percurso fez com que você fosse uma dessas únicas pessoas que conseguem mudar o destino dos outros. A visão que você teve, foi uma dessas linhas temporais que coincidiu - Vovó pausou por um instante tentando se recompor - Sei que parece confuso e estou tentando o máximo te explicar, mas tem alguém brincando com as linhas... Ou tentando mudar algo durante o percurso. 

𝐂𝐈𝐓𝐘 𝐎𝐅 𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒 - BONTENOnde histórias criam vida. Descubra agora