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O tempo foi passando e como esperado, Mikey não conseguia se decidir. A todo instante ele olhava para mim e tenho certeza de quem ele está se lembrando, Kakucho era a mesma coisa. Em pensar que eu achava que iria ser apenas uma noite tranquila de sono.

Em um momento de total desatenção, consigo levar minhas mãos até a cintura e pegar o revólver que tinha escondido. Kisaki e Hanma olhavam para os rapazes enquanto somente a arma dele estava virada para mim, respiro fundo levantando a mira até o loiro de óculos que sorria confiante e dizia coisas sobre domínio e derrota. Percebi o olhar surpresa de Rindou, Ran e Sanzu, era a primeira vez que eu estava fazendo algo desse tipo.

Não valia a pena ser o tempo todo protegida por eles enquanto as suas vidas ficam expostas. Eles estão dispostos a receberem o tiro por mim, assim como eu por eles, então, que no final dessa noite... Sejamos nós os últimos a permanecerem de pé. Destravando a arma, tenho total controle da situação e o olhar daquele que matou Baji, meus pais e os irmãos do Mikey.

— Que tocante — Debochou — O que espera fazer com isso? Acho que vai precisa ter um pouco de coragem caso queira me matar, algo que eu sei que você não tem, sempre foi uma covarde.

— Pode apostar que eu tenho — Retruquei seria.

— Será mesmo? Está disposta a sujar suas mãos de sangue por eles? — Arqueou a sobrancelhas — Sendo que nem ao menos fez isso pelos seus pais e o ex namoradinho. Parece que...

Um som de tiro imediatamente ecoou pelo local acertando o ombro dele. Eu havia disparado sem pensar duas vezes, ele não iria me manipular. O olhar de Kisaki foi diretamente no local atingido e o vi perder o controle naquele instante, dei mais dois disparos que novamente o acertaram e antes de finalizar... Foi a vez de Hanma que, até então estava em choque, atingir em cheio em minha barriga antes dos garotos mobilizarem e o matarem.

Caio no chão com a mão no abdômen, sinto uma tontura enquanto minha roupa fica úmida. Mais sete disparos são feitos e logo os rapazes correm até mim, Sanzu era o mais desesperado junto de Kokonoi, Ran e Rindou, ele falava palavras ameaçadoras ao mesmo tempo que de sofrimento. Pedia para que eu me mantivesse de olhos abertos ou se não ele me faria sentir remorso até depois de morta. Os irmãos Haitani discavam o número da emergência e Kokonoi enrolava um tecido ao redor do tiro na tentativa de estancar o sangramento. Não adianta, eu consigo sentir aquela escuridão me abraçando novamente.

Minha respiração fraca e os olhos semiabertos, procuro pelo rosto dele mas não o encontro. Onde está o Mikey? Porque ele não está aqui? Chamo o seu nome mas eles não conseguem me compreender, quando finalmente ele se pôs ao meu lado, não deixo de sorrir.

— Porque você fez isso, S/n? Porque se arriscou?

— Porque vocês... estavam fazendo isso por mim... o tempo todo... e eu não queria perdê-los... eu já não aguento perder mais ninguém...

— Isso não é desculpa! Você não pode nos deixar dessa forma como se tivesse cumprido alguma missão na Terra e está sendo levada de volta.

— Mikey... Não se descontrole... Por favor...

— Se você nos deixar eu juro que se Deus existe, ele verá essa cidade cair em ruínas. Eu jamais irei perdoa-lo.

— Você parece um bebe chorando — Dou uma risada fraca tentando alcançar suas lágrimas

Eu não consigo dizer mais nada, minha garganta ressecou enquanto meus olhos adormeceram e somente o grito do Sano fui capaz de ouvir como uma ferida que foi aberta.

𝐂𝐈𝐓𝐘 𝐎𝐅 𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒 - BONTENOnde histórias criam vida. Descubra agora