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Desde que me encontrei com uma das minhas versões eu me sinto uma pessoa sem identidade, alguém com sérios problemas de compreender o que é verdade ou não na minha vida. Apesar de passar grande parte do meu tempo tentando não me importar com isso, é quase impossivel. 

Passaram-se dias desde aquilo e nada mudou, os Haitani junto com Haru parecem meus namorados pois os três não me largam um segundo. Manjiro e Kakucho me acompanham sempre quando preciso sair para algum lugar, Takeomi viajou de repente acompanhado de Wakasa e Kokonoi vive em seu escritório.

Eles não conseguiram encontrar os culpados que me machucaram e isso me da a sensação de estar sempre sendo vigiada. Balanço a cabeça me desvencilhando dos pensamentos e olhando o céu como de costume. Eu estava na pequena varanda do meu quarto, tranquei a porta para que pudessem me deixar um pouco em paz já que as vezes eles me sufocavam.

Me apoio um pouco na sacada vendo o pôr do Sol que era completamente belo daqui.

- Talvez era por isso que os meus pais não gostavam de mim - Sinto um sorriso fraco se formar - Se eles soubessem de tudo que acontecia, eles começariam a gostar de mim ? Ou ficariam com medo?

Minhas lembranças sempre estão frescas em minha memória e o pior disso tudo, é que eu desejava que o acidente me fizesse esquece-las. Fecho os olhos respirando fundo e de repente um cheiro familiar me acordou, faziam anos que eu não sentia esse aroma.

*Flashback on

- Ei, esquisita - Ele me sacudia enquanto eu estava no balanço pela milésima vez naquela semana pensando em todas as palavras da centésima discussão com os meus pais - Porque você sempre está aqui ? Tem algum problema ?

- Você está falando comigo ?

Não era como se tivesse outra pessoa ao nosso redor, então o mesmo me encarou como se a minha pergunta fosse a mais idiota do mundo. Dou um suspiro pesado dando de ombro, nunca vieram falar comigo a não ser que fosse para zoar ou me xingar.

- Não vai me responder ? - Suas mãos estavam escondidas no bolso da sua calça e aquela camisa vermelha com listras pretas ficava ridiculamente bonita nele.

- Pra que você quer saber ?

- Saber se você é digna da minha companhia ou não - Abriu um sorriso e por um segundo fiquei encarando seu rosto sem saber bem o que dizer. Eu queria a companhia de um estranho ?

- Eu apenas... Me sinto bem longe de todos.

- Então quer ficar sozinha ?

- Acho que ninguém quer realmente ficar sozinho.

- Isso é um sim ? - Ok, essas perguntas não vão nos levar a lugar nenhum.

- Porque você não simplesmente senta como uma criança normal e curte seu momento ?

- Eu tenho quatorze anos.

- Ah, desculpa, velhote. - Ele revirou os olhos e se sentou no balanço ao meu lado.

- Como se chama ?

- S/n... - A ficha parecia aos poucos finalmente estar caindo, alguém finalmente veio falar comigo... Alguém que procurou saber o meu nome... Meu rosto esta ficando vermelho. O que isso significa ?

- É um nome bonito - Ele usou seu corpo para começar a pegar impulso e se balançar, eu o olhei e vi seus fios de cabelo se movimentarem conforme o vento. Apesar da diferença de um ano, ele tinha uma aparência mais jovem que a minha, ou será que todo o estresse e dias sem dormir está me prejudicando ? talvez eu precise mudar minha rotina. - Alias, S/n?

𝐂𝐈𝐓𝐘 𝐎𝐅 𝐀𝐍𝐆𝐄𝐋𝐒 - BONTENOnde histórias criam vida. Descubra agora