Eric

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Acordei me sentindo um pouco fraco. A princípio achei que fosse consequência da ansiedade pelo parecer do juizado sobre a adoção de Olivia. Mas logo a garganta começou a raspar dando um sinal de que estou ficando resfriado. O que é uma droga para qualquer um, mas é muito pior para mim. Tentei não demonstrar fraqueza em frente aos meus pais e manter a naturalidade na escola mesmo tendo os meus amigos me perguntando como estava me sentindo a cada segundo.

Mas tenho que admitir que treinar hoje foi uma péssima ideia. Além de não render muito comecei a me sentir pior enquanto esperava por mim no corredor próximo a saída da frente que ficava praticamente deserta a essas horas já que metade dos alunos já foram embora e a outra metade usava a saída de trás.

O som aterrorizante dos meus pulmões ressoavam alto em meu ouvido enquanto procurava pelo meu inalador no bolso da calça. Tento usar, mas está vazio e me desespero ainda mais. Escoro na parede e tento fazer o ar entrar e encher os meus pulmões, mas o trabalho é inútil. O suor frio molha minha testa. Aos poucos perco as forças nas pernas e escorrego até está sentado no chão.

_ Eric! – Ouço a voz de Mia gritando meu nome e então ela surge ao meu lado. – O que você tem? – Pergunta apavorada.

_ Ajuda. – É tudo o que consigo dizer.

_ Socorro! – Seu grito ecoa pelo corredor. – Alguém ajuda aqui! – Pede olhando de um lado para o outro em busca de alguém, mas ninguém aparece e as coisas começam a ficar mais difíceis. Seguro sua mão em desespero. – Fica calmo. Só respira. – Me pede o que parece ser impossível no momento. – Socorro!

Pelo canto do olho vejo dois vultos correndo em nossa direção e em questão de segundos eles me erguem e me carregam até um carro. Mia vai comigo no banco de trás me pedindo para aguentar firme. O barulho em meu peito aumenta assustando a todos e faz o motorista acelerar ainda mais. Quando chegamos ao hospital me colocam em uma maca e me levam para a sala de primeiros socorros.

Logo a equipe está toda sobre mim. Ele me aplicam uma injeção que faz o ar entra quase que de forma imediata em meus pulmões trazendo a sensação de alívio. Para me oferecer um conforto maior me deixam no oxigênio enquanto o soro pinga lentamente na fina mangueira ligada ao meu braço que encaro com desânimo.

_ Como você está sentindo? – A voz trêmula de Mia me faz desviar a atenção do lento gotejar.

_ Agora estou melhor. – Falo forçando um sorriso. – Só estou sentindo um pouco de sono, mas é por causa do remédio que me deram.

_ O médico disse que você teve uma crise severa de asma. – Comenta se aproximando da maca. – Ele disse que por pouco você não... – Deixa as palavras no ar.

_ Fazia tempo que não tinha uma dessas. – Comento olhando para as minhas mãos. – Avisou aos meus pais? – Pergunto me sentindo horrível. Tudo o que eu não queria era ter eles preocupados comigo.

_ O diretor estava falando com eles. Acho que daqui a pouco estão todos aqui. – Afirmo acomodando a cabeça no travesseiro sentindo os olhos pesados. – Melhor te deixar dormir. – Diz fazendo menção de sair.

_ Fica. – Peço segurando sua mão notando que a mesma está fria. – Suas mãos estão frias.

_ É que hospitais não são os meus lugares favoritos.

_ Nem os meus. – Brinco. – Mas pode ficar aqui comigo e esperar a trupe chegar. – Peço fazendo o meu melhor olhar de gatinho abandonado.

_ Eu fico. – Diz puxando o banquinho ao lado da maca e sentando no mesmo.

_ Se importa se eu dormir um pouco? – Pergunto já fechando os olhos.

_ Vá em frente. – Ainda a ouço dizer antes de apagar.

Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora