Mia

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Meu coração ainda está disparado por causa do principio de crise de asma que Eric teve a pouco. Por sorte o pai dele foi rápido e o ajudou. A troca de presentes continua, mas percebo que Lina olha para ele a cada cinco segundo para se certificar de que o filho está bem. Imagino que ela deve estar angustiada mesmo tendo um sorriso estampado nos lábios ao me entregar o meu presente.

_ Agora é a nossa vez de entregar presentes. – Chloe fala quando a amiga recebe o seu presente do marido depois de tê-lo presenteado. – Vamos começar pelos pequenos.

O primeiro embrulho é entregue para Olivia que fica muito feliz por ter ganhado uma nova boneca para a sua coleção e a batiza de Tiana, Andy ganha o jogo que estava a meses pedindo e Eric ganha uma camiseta autografada dos Bulls que o faz vibrar empolgado, mas dessa vez não precisa usar o inalador.

_ E esse é para você, filha. – Meu pai fala estendendo uma caixinha de veludo delicada. Quando a abro me deparo com uma correntinha de ouro delicada com um pingente de chuteira pendendo da mesma.

_ É linda. – Digo a tirando da caixa para que os outros possam ver.

_ Pensei em você assim que a vi na vitrine da joalheria. – Fala com a voz um pouco embargada. – Você gostou? – Questiona enfiando as mãos nos bolsos da calça e apenas afirmo com um movimento de cabeça. – Posso colocar em você? – Se oferece e novamente a minha resposta é um movimento de cabeça em afirmação.

Entrego a correntinha para ele e viro de costas afastando o cabelo para ele conseguir prender o pequeno fecho.

_ Pronto. – Diz se afastando.

Com uma mão toco o pingente antes de me virar para poder ficar de frente para ele. Vejo que ele está emocionado e não estou tão diferente dele. As lágrimas que inundam meus olhos nublam minha visão.

_ Obrigada. – Falo sentindo a garganta doer por estar tentando conter o choro. – Eu adorei o presente. Mas não precisa dele porque já ganhei o melhor presente que poderia ter ganhado. – Pisco e uma lágrima escorre por meu rosto abrindo caminho para as outras. – Ganhei você de volta, pai.

_ Como você me chamou? – Questiona com um sorriso entre as lágrimas.

_ De pai. – Repito me aproximando mais dele. – Porque é isso que o senhor é. O meu pai. – Respiro fundo tentando controlar toda a emoção que me toma. – Ter você por perto era o meu pedido de todos os natais e hoje ele se realizou. Você está aqui comigo.

_ E nunca mais vou embora. – Diz antes de acabando com o resto da distância que existia entre nós e me abraça forte. – Eu te amo, Cerejinha.

Eu já o chamava de pai na minha cabeça e em conversar com Eric para me referir a ele, mas o chamar assim na frente de todos parece tirar um peso dos meus ombros e me liberta da prisão de mágoas que construir. Eu tenho um pai que me ama e não o chamar assim é injustos para ele, que vem lutando a cada dia para reparar o tempo em que esteve longe, e para mim, que passei os últimos dez anos sonhando com o momento que teria o meu pai por perto.

Quando nos afastamos estamos os dois chorando. Ele segura meu rosto em suas mãos e acaricia minhas bochechas com os polegares.

_ Não sabe o quanto sonhei com esse dia. – Diz com a voz embargada. – Com o dia em que me perdoaria por completo e me aceitaria como o seu pai.

Tornamos a nos abraçar e fecho os olhos aproveitando a sensação de proteção que estar em seus braços me proporciona. Quando nos afastamos novamente meus olhos se encontram com os olhos de Eric e pelo seu sorriso sei que está feliz com este novo passo que acabei de dar em minha relação com o meu pai.

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