Mia

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O Natal está chegando e pela primeira vez em anos estou ansiosa para a festa. Já começamos a enfeitar a casa. Cheguei a me sentir dentro de um desses filmes de Natal enquanto ajudava o resto da família a confecciona e pendurar enfeites.

Família. É assim que os vejo agora. As pessoas que eram completos desconhecidos quando me acolheram em um momento delicado da minha vida e que lutaram para me fazer sentir acolhida e amada. E mesmo que ainda não consiga dizer em voz alta. Eu os amo.

Já se passaram cinco meses desde o acontecimento que mudou a minha vida. E nunca imaginei que algo tão doloroso me trouxesse tantas coisas boas. Ainda sinto falta da minha mãe todos os dias. Os pesadelos são quase uma lenda e passo noites sem que eles me assombrem. Ganhei uma família. E quem diria que algum dia estaria namorando algum garoto.

Faz uma semana desde que assumimos o namoro para os nossos pais e Olivia voltou a falar. Se antes, quando a garotinha vivia em completo silêncio, Eric era encantado por ela. Agora a menina é o seu mundo e ele está sempre fazendo todas as suas vontades. A prova disso é que estamos brincando de fazer anjos na neve e construindo um boneco de neve porque a garotinha implorou.

_ Acho que os olhos dele estão meio tortos. – Comento quando me afasto para olhar melhor a nossa obra prima.

_ Ele lindo, Mia. – Oli diz ao parar ao meu lado com um arzinho doce que me dá vontade de mordê-la.

_ Tem razão. – Eric diz se juntando a nós com Andy o seguindo. – Mas ainda falta uma coisa para o boneco de vocês ficar perfeito.

_ O quê? – A pequena pergunta empolgada.

_ O gorro e o cachecol. – Andy diz balançando os objetos que tem nas mãos.

_ Isso mesmo. – Ela assente empolgada. – Me ajuda a colocar, Andy. – Pede e os dois correm para perto do boneco para terminar de enfeitarem.

_ Tem planos para essa tarde? – Eric pergunta me abraçando por trás apoiando o queixo em meu ombro.

_ Não. – Falo virando um pouco a cabeça para o lado para poder olhar melhor para ele. – Tem alguma sugestão?

_ Tenho uma lista de presentes e uma difícil missão. – Comenta em tom brincalhão e o peito estofado. – Preciso encontrar todos os itens antes que não sobre mais nada nas lojas.

_ É realmente uma missão difícil. – Devolvo no mesmo tom.

_ Então. Topa me ajudar? – Se afasta um pouco e me faz virar para ficar completamente de frente para ele.

_ Topo tentar ajudar. – Digo deixando os braços envolverem seu pescoço sem me importar se as crianças vão nos ver. Não tenho vergonha de demonstrar carinho na frente delas. Diferente de quando algo assim acontece na frente dos adultos. – Não tenho a menor prática para comprar presentes de Natal.

_ Só de você ir comigo já ajuda bastante. Assim me concentro na lista e não fico pensando tanto na saudade que sinto de você quando estamos longe. – Diz chegando mais perto.

Pensei que ele fosse me beijar, mas ele para a poucos centímetros da minha boca e espera que eu tome a iniciativa. Na maioria das vezes é ele a começar os nossos beijos. Mas tem momentos, como o de agora, que ele espera que eu vença a pequena barreira que ainda existe na minha cabeça e crie coragem para demonstrar em público os meus sentimentos. E não espero mais tempo.

Quero o beijo. Ignoro a vozinha na minha cabeça que diz que fazer isso é errado e que vai me trazer consequências ruins. Me concentro apenas naquilo que estou sentindo. Naquilo que quero fazer. Fico na ponta dos pés e encosto os nossos lábios ao mesmo tempo que fecho os olhos.

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