Eric

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Os dias que podemos passar um tempo com Olivia no orfanato são sempre os mais esperados por todos. Mas a hora da despedida parte nossos corações. Em duas semanas Olivia já está apegada a mamãe, que sempre lhe arrumar os cabelos antes de dormir, está sempre rindo de alguma brincadeira do papai e sempre me espera com um caderno e um lápis para desenharmos. Ainda não disse uma palavra, mas papai e mamãe estão certos de que ela vai falar quando estiver em casa conosco.

_ Quanto tempo mais vai durar isso? – Mamãe pergunta quando estamos no carro a caminho do restaurante onde meus tios, Andy e Mia nos esperam. – Não aguento mais ter que despedir. Ela sempre fica com olhinhos de choro quando temos que ir embora. – Diz com a voz embargada.

_ Calma, meu bem. – Papai fala pegando a sua mão e trazendo até os lábios depositando um beijo delicado. – O advogado disse que ainda essa semana vamos receber a visita do assistente social para fazer a entrevista e avaliar se a casa é segura para a nossa Olivia e não demora a teremos junto conosco. – Ele me olha pelo retrovisor me pedindo apoio.

_ É, mãe. – Digo colocando uma mão em seu ombro. – Vai ver que logo recebemos uma ligação do advogado avisando que ganhamos a guarda provisória da Liv e que podemos tirar ela daquele orfanato.

_ Vocês tem razão. – Vejo pelo retrovisor quando abre um meio sorriso. – Obrigada pela força, meninos.

_ Família é para isso. – Papai diz aproveitando o sinal vermelho para trocar um beijo rápido com mamãe.

_ Não sei o que faria sem vocês. – Ela fala esticando o braço para tocar meu joelho em um rápido carinho.

Quando o sinal volta a ficar verde papai nos coloca novamente em movimento. O trânsito está um pouco intenso e demoramos um pouco mais que o esperado para chegar ao restaurante. Tio Logan nos acena de uma mesa um pouco mais afastada da multidão assim que entramos no estabelecimento. Depois da pequena sessão de cumprimentos e pedidos de desculpas nos acomodamos em torno da mesa. Acabo me sentando ao lado de Mia, que não parece estar feliz ou a vontade com a situação.

Pedimos a comida e enquanto esperamos conversamos sobre assuntos leves. Como de costume Mia só fala quando é questionada o que é bem estranho considerando que esse jantar se trata de uma comemoração a sua conquista. Ela deveria ser a mais falante da mesa, mas passa a maior parte do tempo olhando para as mãos e depois quando nossos pedidos chegam sua atenção é completamente voltada para a comida.

_ Gostaria de fazer um brinde a Mia. – Tio Logan fala erguendo o seu copo com suco. – Pelo esforço em se recuperar e pela conquista de poder jogar na equipe de futebol do colégio. – Diz cheio de orgulho e tocamos nossos copos.

_ Mas depois do show que ela deu em campo a treinadora não tinha outra opção a não ser a aceitar no time. – Digo pousando meu copo novamente na mesa.

_ Você assistiu, filho? – Mamãe pergunta com o cenho franzido. – Pensei que tinha treino na hora do teste.

_ O treinador liberou os reservas para treinar apenas com a equipe titular. Aí aproveitei para assistir a Jane e a Mia jogando. – Minto para evitar uma avalanche de perguntas. – E ainda bem que fiz isso. A Mia joga muito e com certeza vai arrasar no estadual.

_ Não exagera. – Ela pede claramente incomodada com os elogios.

_ Só estou falando a verdade e eles vão poder comprovar quando forem te ver jogar. – Falo dando de ombros.

O jantar segue por mais uma hora até que pedimos a conta e voltamos para casa. Depois de um banho visto uma roupa confortável para dormir e me jogo na cama apagando quase que instantaneamente. Acordo com o som gritante do despertados em meu ouvido. Me arrasto para fora da cama e repito o meu ritual matinal antes de descer para encontrar com meus pais na mesa do café da manhã. Depois do dejejum vou chamar Mia em sua casa, vamos para a escola e seguimos nossa rotina.

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