Capítulo 16

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      A primeira coisa de que sinto falta, ao abrir os olhos, é da claridade da luz do sol na janela

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      A primeira coisa de que sinto falta, ao abrir os olhos, é da claridade da luz do sol na janela. A segunda: a falta de outra cama abaixo da minha. Só quando me sento no colchão é que me dou conta, depois de olhar à minha volta, que não estou no quarto da república, mas no quarto do Yuri.

      Meus sentidos voltam aos poucos, trazendo junto um estranho sentimento de culpa por eu ter dormido no quarto de um garoto que não é o meu namorado. E também medo por imaginar o que este faria com meu partner se soubesse disso.

      Não. Ele não pode saber. Na verdade, nem precisa saber. O que aconteceu aqui, tem que ficar aqui. Se bem que não fiz nada errado.

      Me pergunto se fiz bem ou não em contar para Luna que passei a noite com o Yuri, já que discrição não é um de seus atributos, e além disso, Tiffany e Roberta com certeza estavam com ela. 

      Só de pensar no interrogatório que elas farão assim que eu abrir a porta da república e entrar, me dá vontade de ficar aqui e ir direto para a aula. Mas isso é impossível, já que preciso de um conjunto de uniforme limpo.

      Danielle tem de ir para a cova das leonas, penso.

      Ponho as pernas no chão, me mantendo sentada, apoiando as mãos ao lado das pernas. A cama onde Yuri dorme está arrumada e a luz do banheiro, apagada, o que quer dizer que ele saiu e me deixou sozinha.

      Que falta de atenção com uma hóspede, digo a mim mesma com ironia. Tiro o iPhone da tomada a fim de ver que horas são. 

      Não pode ser. São só quatro e vinte e cinco! Pensei que já era hora de eu me levantar e ir embora a fim de tomar café e tomar banho, para então voltar para cá, mas pelo visto, eu podia dormir por mais uma hora. Talvez uma hora e meia ou mais.

      Se eu continuar dormindo pouco, logo vou ficar parecendo uma vampira da terra dos meus avós, a Romênia, mesmo eu tendo deixado de ser translúcida. O pior é que depois de acordar, não consigo mais dormir.

      Me levanto e faço uma pose de yoga de saudação ao sol, alongando os músculos das coxas. Sinto na hora um incômodo nessa parte, o que é normal. Alongamento dói. Faz bem ao corpo. Porém, dói.

      De repente, escuto bem baixinho o som de uma música clássica. Ela vem de lá de fora, do fim do corredor. A canção é linda e seus acordes tocam minha alma, como se me arrebatassem. 

      Pressiono o botão metálico da porta, destravando a fechadura eletrônica, e seguindo um instinto mais forte, saio no corredor. A música fica mais alta à medida que caminho. As luzes se acendem uma à uma sobre minha cabeça, até que chego à uma grande parede de vidro onde, do outro lado, um rapaz ruivo traça, com seus braços e pernas, um poema em forma de dança.

      Yuri só está usando um collant regata preto, igual ao que nós, garotas, usamos – porém de um modelo masculino. Suas pernas estão cobertas por polainas, que envolvem uma parte de suas sapatilhas pretas. Mesmo com o fio dental de dança por baixo de sua malha, sem querer consigo ver sua anatomia saliente.

Princesa de CristalWhere stories live. Discover now