Assim que entro na sala de dança, meu coração acelera. A atmosfera está cheia de expectativa, mas o que mais me chama a atenção são os garotos.
E como poderia ser diferente? Eles são simplesmente os garotos mais gatos que já vi, capazes de fazer qualquer garota ficar de calcinha molhada. Altos, musculosos, exalando um ar de orgulho e vaidade. Como na turma de garotas, a maior parte deles é de negros e pardos, com uns poucos louros e ruivos.
Eles estão dispersos no fundo da sala, todos usando calças pretas justas que destacam cada contorno de seus corpos e modelam suas bundas bem feitas. Há tanta confiança neles que é como se nós, bailarinas, fossemos apenas meninas. As camisetas baby look pretas se ajustavam perfeitamente, revelando ombros largos e braços musculosos, e completando seu uniforme, meias e sapatilhas brancas.
Eu me sinto como uma estranha no paraíso, encantada. Meus olhos correm de um a outro, admirando a leveza com que se movem. Eles trocam sorrisos e piadas, criando uma atmosfera descontraída. Está na cara que para eles é só mais um dia como qualquer outro.
Yuri, o mais gato deles – e também o único que não move um único músculo do rosto – me lança um olhar desafiador e cheio de acusação logo que dou um passo ao lado de Luna. Minha amiga percebeu na hora que existe uma tensão entre nós, e encosta a boca ao meu ouvido.
— Ele está olhando as suas tatuagens — sussurrou baixinho.
Meus lábios semiabrem em surpresa, e meu olhar se divide entre as três rosas tatuadas no meu braço direito e o rosto pálido e sério do bailarino russo, que apesar de me encarar, continua se alongando na barra, esticando as pernas alternadamente em detiré.
— Ele não gosta de garotas com tatuagens? — pergunto à minha amiga.
Luna dá de ombros.
— Acho que ele não gosta de garotas, na verdade. Nenhum desses bailarinos gosta, são todos gays. Mas com você, deve haver algo mais.
Dou de ombros, imitando o movimento da bailarina morena.
— Eu não fiz nada pra ele. Quer saber? Tomara que a Olga não o escolha pra ser meu parceiro.
Luna solta uma risada ruidosa e eu a olho com curiosidade.
— Não precisa se preocupar, gata. Ele é partner da Dominique.
A informação da morena faz com que um sorriso irônico se desenhe em meu rosto. Os dois fazem um bonito par.
Assim que dou dois passos em direção ao centro da sala, avisto lá ao fundo um grupo de garotos rindo e gesticulando, e um deles entorta o corpo para o lado, levantando o braço ao me ver.
— Danny! — Guilherme deixa o grupo e vem andando graciosamente para me dar um abraço.
— Pronta pra sua primeira aula de pas de deux, gata? — o bailarino negro dá dois beijos no meu rosto e me olha sorrindo enquanto segura minhas mãos.
— Sempre — retribuo ao seu sorriso.
— Amiga! — ele junta as mãos em prece diante dos lábios, faz uma expressão de assombro. — Que vídeo é aquele que você postou no Insta? Tu é muito ousada, tá gata demais usando aquele body cavadíssimo e a meia-calça arrastão, mostrando esse bumbum lindo. — ele toma minha mão direita, e erguendo-a para o alto, me faz girar uma volta.
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Princesa de Cristal
Ficção AdolescenteA dança expressa o que o coração sente. Danielle sempre sonhou ser bailarina, e aos quinze anos de idade, é considerada um prodígio. Como filha da lendária Françoise Shushunova, Danny atrai para si os holofotes quando dança e irradia um...